Para Zé (Macaco) Simão, o único esculhambador geral
com livre licença para esculhambar o Brasil.
com livre licença para esculhambar o Brasil.
Como explicar a psicologia daqueles escritores que permanentemente assumem a postura do tipo há governo, sou contra? Penso assim ao ler no jornal de hoje um artigo que insiste em criticar a posição do governo Lula frente à epidemia "Itararé" de Febre Amarela, aquela que , apesar das mãozinhas ansiosas da oposição, agora até por cadáveres, não aconteceu.
Fico imaginando o jornalista, grave, sentando-se para escrever aquelas mal traçadas linhas, áridas de fontes, sentindo cada círculo de indignação chegar-lhe em fogachos a epiderme, num feedback de raiva controlada ao ritmo do dedilhamento do teclado.
Vez por outra faz pausa, suspira, faz um polimento ali e adiante, acende um cigarro, bafora e segue na esculhambação que apazigua o tique de mal dizer governos. É um trabalhador como outros, sua a camisa, assalaria-se, mas nunca teme pelo emprego. Aliás nem sequer se desenvolve nele a idéia do porque nunca ficou desempregado, de permanecer sempre em cartaz. Absoluto ele é convicto de que sempre está, esteve e estará certo, e ainda que algum engano cometa dirá que a culpa está em alguma estatística do governo de incompetentes que ele vem denunciando desde sempre.
Outra história é quando a matéria é publicada. Depois da delivrance não a lê mais, pois é trabalho vencido, o bom fel que impregnará pensamentos e línguas alheias por algum tempo e imobilizará como uma borboleta alfinetada o governo à mira. Qual um bom vinho, dá-lhe prazer indescritível as defesas de ministros, deputados, senadores e altos executivos de empresas estatais, abaratinados com às balas de estalo que lhes atira em metralha giratória, que, fosse esporte, garantiria colocá-lo em qualquer pódio de Olimpíada.
Mas enganam-se aqueles que avaliam esses atos como diletantes. Nosso antiherói é de responsa. Incansável, mal despacha por correio eletrônico o petardo em letras, sem esperar o nascer do Sol põe-se de focinho em pé a farejar a próxima crise, que o torne redivivo na crítica aos governos, sejam de gente, de abelhas ou de cupins.
Ocorre a mim que tal comportamento pode representar uma lição midiática, ou um esforço descomunal para superar algum trauma freudiano de aceitação. Afinal, dando pau em qualquer governo que apareça, o esculhambador geral terá ao menos a simpatia do esculhambado de ontem, quem de robe des chambre e pijama, de cuecas ou nú foi apeado do governo. O esculhambador geral é antes de tudo um sádico, um solitário que aprecia cada gota de sangue com que redige terremotos, dilúvios e apocalipses.
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