sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Cartão daqui, cartão de lá

A guerra dos cartões poderia ser o nome deste filme: agora surgiu, em um passe de mágica, a denúncia do uso irregular de cartões corporativos pelo governo de São Paulo, que é do PSDB.

O pedido de abertura da CPI dos cartões, feito pelo governo federal, pediu a averiguação do pagamento de despesas por cartões corporativos e por cheques da Administração desde 1998, início do segundo governo Fernando Henrique.

As acusações assacadas de lado a lado demonstram, em suma, que PT e PSDB sabem bem onde aperta o calo um do outro. Não há revelações nesta história; há, em verdade, uma guerra de informações, bem guardadas como cartas nas mangas, e que são sacadas no momento propício. É evidente que quem realmente nunca sabe de nada é a população.

Foi como postei outro dia: há anos, está em curso uma disputa provinciana de matriz paulista pelo poder nacional, entre o Partido dos Trabalhadores e o Partido da Social Democracia Brasileira, travestida de discussão sobre grandes questões nacionais. Nós, brasileiros, nada ganhamos com isso. Precisamos de opções, infelizmente ainda não geridas, para dar um pé na bunda destes dois ajuntamentos políticos.

3 comentários:

Itajaí disse...

O pé na bunda, meu caro, significa acabar de vez com a política oligárquica do café com leite e seus ramos, que infelizmente ainda perdura até hoje na federação, sem que para isso estimulemos os gaúchos a amarrarem de novo os cavalos no obelisco da Cinelândia, ou os sonhos de secessão.
Enquanto isso, como bem assinalas, teremos que suportar escaramuças ridículas como esta do cartão corporativo, uma porcaria que seria resolvida com a punição dos faltosos e a transparência no gasto, se não tivessemos uma oposição/situação no congresso em que a direita e a esquerda, de conluio e de carona, comportam-se como heróis de uma republiqueta de bananas na urdidura de crises epidérmicas.
Por outro lado, penso que reclamas injustamente, ao dizer que o brasileiro - essa vasta e múltiplice categoria de naturais - assiste a tudo bestializado. Discordo da generalização. Para os com poder de formar opiniões, a manutenção do atual "status quo" é mais que providencial, é quase um direito natural para a garantia de vantagens que transcendem gerações e até mesmo os séculos, apesar dos lentos avanços na consolidação dos direitos sociais, dotados de substância prática a partir da Constituição Cidadã de 1988.
Como vês, se temos o diagnóstico acertado, falta-nos não o remédio e propriamente dito, mas quem tenha liderança para nos fazer avançar celeremente na construção de um estado democrático de direito e de fato.

Anônimo disse...

Voce esta corretissimo Oliver!

Infelizmente nao vejo com muito otimismo essa possibilidade no cenario politico atual, um cenario de comprometimento e fisiologismo institucionalizados.

Respeitando a historia recente cabe creditar a autoria da obra tanto petistas quanto a tucanos.

Itajaí disse...

De fato não há clima de otimismo, nem gente disposta a rediscutir a questão do federalismo para além do exercício intelectual. De todo modo, ao menos não podemos deixar o assunto cair no esquecimento.