sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Violência II

Após entrar com o carro em ritmo de pânico na loja Computer Store, respirar, sair da loja e enfim chegar em casa e retomar a "consciência" do risco a que estive submetido, posso agora complementar o post pelo computador.
Na verdade, tratou-se de um reles assalto a mão armada praticado por motociclistas. Destes que se vê todos os dias por aí. E segundo populares que rapidamente se aglomeraram em torno da vítima (que felizmente saiu ilesa), era mais um daqueles "golpes da saidinha".
Um tiro foi disparado na direção do carro da vítima. E como estava no segundo carro imediatamente atrás do veículo da vítima, subitamente, me vi na linha de tiro. Surpreendido, mantive a calma possível, enfiei-me painel abaixo. Senti uma batida leve no pára-choque dianteiro. Nestas circunstâncias de extrema tensão, imaginei que era a bala entrando carro adentro. Aguardava seu impacto em meu corpo. Felizmente não era nada disso. Era o primeiro veículo logo atrás do carro da vítima (à frente do meu), que em pânico, tentava dar a ré de qualquer maneira, de forma a sair da linha de tiro. Como não conseguiu, impedido pelo meu carro, dobrou à esquerda e entrou calçada à dentro, deixando-me lá, de peito aberto para o assaltante e sua vítima.
Um único tiro foi deflagrado, possivelmente para intimidar o motorista alvo do assalto. Estilhaçou-lhe o vidro, mas felizmente não acertou ninguém. Em seguida, um dos assaltantes, de arma em punho, olhando para todos no cenário (principalmente para mim que havia "sobrado" na visualização do crime), subiu na garupa da motocicleta e partiu em disparada.
Como estava próximo a Computer Store, após a fuga dos meliantes, minha primeira reação foi entrar rapidamente na garagem do estabelecimento pondo fim a segundos de angústia e tensão.

Assim aconteceu o assalto, em hora de grande engarrafamento naquela região. E as motocicletas sobressaem como veículo ideal para este tipo de crime nestes cenários. E o que é pior. Os capacetes obrigatórios, que tantas vidas salvam em acidentes, são plenamente utilizados para o mal. Servindo não só como ferramentas para ocultar as identidades dos meliantes, bem como protetor auricular contra o forte ruído originado do disparo de arma de fogo, capaz de deixar temporariamente surdo o autor do disparo. Fica aquele "zunido" persistente que só quem já operou uma arma sem proteção auricular poderá testemunhar. Mas para bandidos, estampidos já não incomodam mais.

Por coincidência, semana passada, testemunhei também na via pública a morte quase que instantânea de uma mulher que ia na garupa de uma motocicleta, atingida por um automóvel num cruzamento perigoso da zona comercial. Não usava capacete. Foi lançada contra a parede de uma casa, onde bateu e caiu ao solo desfalecida. Inteira. Apenas com um severo trauma craniano que a levou quase que de imediato deste mundo. Quando cheguei, ela já estava morta. O motorista da motocicleta, que estava de capacete, sobreviveu mas gritava de dor. Uma fratura exposta do fêmur lhe atormentava. Mas estava vivo. A ambulância do SAMU demorou uma eternidade para atendê-lo.

No mais. Tudo rotina. Escandalosa e estrepitosa rotina. E estou aqui para contar a história.
Sinceramente, espero nunca mais ter que relatar fatos como este. Prefiro ater-me aos temas de sempre. Principalmente exigindo medidas mais efetivas contra a violência. E melhorias efetivas no atendimento pré-hospitalar na cidade. Como cidadãos, vítimas ou testemunhas destes cenários traumáticos, é só o que nos resta fazer. Além de provavelmente não mais sair de casa. A não ser para o estritamente necessário. E torcer para que ao menos ela, ainda represente um ambiente seguro.

4 comentários:

Yúdice Andrade disse...

Caro amigo, a que infortúnios estás submetido nestes últimos dias, não? Só posso comemorar o fato de estares bem, de não estares mais diretamente associado a essas infelicidades que nos obrigam a enfrentar numa simples saída de casa. Ninguém, creio, está interessado em testemunhar tais eventos.

Carla disse...

simplesmente horrivel, li o que vc disse e imaginei a pobre mulher jogada e morta... felizmente nada de grave aconteceu contigo.
Que bom q vc lembrou de mim pra ler o blog da sua sobrinha,passei por lá, vi que temos muito em comum,deixei um coment pra ela. passarei a dar uma olhada nele tb.
Bjs

Carlos Barretto  disse...

Agora estamos mais ou menos quites, Yúdice.
Lembro do lamentável fato que aconteceu contigo, também no Umarizal, este bairro que vem se transformando na seara dos bandidos. E a cada dia que passa, vemos cada vez menos policiamento por lá.
Já estou convencido há muito tempo a sair menos de casa. Para isso, cuidei para que ela tenha diversão suficiente para lá permanecermos em calma e segurança.
Mas os bandidos, ao contrário, parecem ter a cada dia mais motivos para sair de casa.
Abs

Carlos Barretto  disse...

Oi Carla.
Pois é. Por aqui as coisas andam assim. Espero que em Manaus estejam algo diferentes.
Obrigado pela força à minha sobrinha.
Como é absolutamente novata no "metier", tenho dado algumas sugestões associadas a segurança e privacidade.
No mais, penso que ela leva jeito.
Bjs