A dengue é uma doença que deveria estar erradicada, em vez de figurar nos noticiários e, muito menos, ser uma epidemia e fazer vítimas fatais. Dengue, disenteria, cólera e outras, moléstias que ainda perduram largamente no mundo, face ao total descompasso entre a riqueza de países como o nosso e a miséria de suas populações. Sem falar nos países que são essencialmente miseráveis.
Não é o caso do Brasil, claro, subindo no grid das economias mais fortes do mundo. Mesmo assim, o Rio de Janeiro continua dominado pelo tráf... (desculpe, força do hábito) pela dengue.
Os ingredientes da epidemia são os mesmos de sempre. Falta de saneamento básico, falta de educação da população, coleta irregular de lixo, falta de colaboração dos proprietários em abrir suas casas aos agentes de saúde, medo dos proprietários de ser vítimas de criminosos ao fazê-lo, insuficiência de investimentos na rede pública de saúde, politicagem, jogo de empurra e cinismo, muito cinismo.
O cinismo a que me refiro é dos setores que privilegiam o lucro sobre qualquer outro interesse. Hoje, refiro-me às empresas de turismo. Enquanto os turistas se queixam de não terem recebido quaisquer informações sobre a doença, a associação das agências de viagem afirma que emitir um alerta, agora, seria "precipitado". E justifica: os turistas vão para o Leblon, Copacabana, Zona Sul...
A mensagem é subliminar, mas clara. Não queremos alertar os turistas para não comprometer o afluxo de turistas, diminuindo as nossas receitas. Basta que eles se mantenham nas regiões mais ricas da cidade, porque eu não tô nem aí se está morrendo criancinha na periferia. Isso é problema do governo.
Os governos, por sua vez, apenas brigam sobre quem tem culpa.
E enquanto isso, o Aedes aegypti prossegue livre, bem nutrido e democrático, atacando em todas as regiões da cidade, levando ao desperdício vidas que não poderiam ser perdidas para uma doença de prevenção tão banal.
E ano que vem será a mesma coisa.
2 comentários:
Vi o Bom dia Brasil hoje e também fiquei indignado.
Engana-se quem pensa que o mosquito só atinge os deserdados que não habitam a zona sul.
Pena que a lição que deverão aprender, será com o custo de vidas humanas.
Já são mais de 40, Bar. E a contagem continua subindo.
Postar um comentário