domingo, 13 de abril de 2008

Filho! O pai te ama!

Logo quando chegou a mídia o terrível caso da menina Isabella Nardoni, fiquei duplamente assustado. Primeiro, pelas supostas (e até o momento não provadas) circunstâncias que levaram ao desfecho fatal da pobre menina. Segundo, pela leitura que meus filhos fariam do caso, muito embora nunca tenha dado nenhum motivo para que eles nutrissem qualquer sentimento de temor a figura do pai.

Felizmente, ao menos na aparência, até o momento não percebi neles qualquer questionamento ou mesmo apreensão transferidos de forma automática a minha humilde figura. Mas devo também admitir que eles vêem pouco o noticiário televisivo, assoberbados em estudos, atividades físicas e lúdicas diárias. Ao menos por enquanto.

E agora a Folha Online publica matéria (infelizmente, só para assinantes) informando que, segundo os psicólogos, o caso de Isabella estaria abalando as crianças. A ser confirmado este fenômeno, depreende-se outro: a mídia, muito embora o caso esteja em pleno processo de apuração, conseguiu de alguma maneira "colar" a figura do pai ao autor do pérfido assassinato. E a conclusão, mesmo que ainda não finalizada sua apuração competente, parece já ter sido elaborada por parte da sociedade.

Venho mantendo um contínuo acompanhamento do assunto, evitando qualquer manifestação neste blog, numa atitude cautelosa, à espera de uma tese concreta, embasada em evidências irrefutáveis sobre o crime e seu autor. Mas não posso, como pai, deixar de manifestar preocupação, quando leio na própria mídia que nossas crianças já estariam manifestando reações, advindas de conclusões precipitadas.
Eis que aí, surgem outras preocupações. Estaríamos acompanhando adequadamente nossos filhos, orientando-lhes adequadamente sobre os acontecimentos do cotidiano?
Definitivamente, acho que o momento, apesar de bizarro, cruel e recheado de impropriedades e simplificações daqueles que se julgam adultos, é perfeito para que os pais façam um belo exercício de auto-crítica.
Os psicólogos na matéria em foco, recomendam textualmente que os pais "filtrem as informações das crianças e desacreditem a tese de que os parentes tenham responsabilidade no crime". Trata-se obviamente de uma estratégia que se pauta em uma espécie de "modo de sobrevivência". Ou seja, para evitar danos maiores, aceitemos um comportamento que seria algo questionável sobre outras luzes. Repito, "outras luzes". E a única luz que me norteia neste assunto, é a direção defensiva dos filhos.
Afinal, tudo que aí está, seja na TV, na internet, no mundo real, deve ser passível de óbvia e necessária orientação dos pais para a correta interpretação das crianças. Largá-las à própria sorte no mundo, na frente de uma televisão ou de um computador, com toda a certeza, não é a mais recomendada das condutas. E o caso da pobre Isabella, deve servir para reforçar essa firme atitude dos pais no acompanhamento de seus filhos.
E sem querer de forma alguma desmerecer ou desqualificar a preocupação dos psicólogos,
alguém aí perguntou se só as crianças estariam abaladas com a questão?

11 comentários:

Anônimo disse...

Eu concordo com quase tudo que foi colocado no seu post, mas sou obrigado a discordar dessa tal sugestão dos psicólogos. Isso me parece um excesso e cheira a super-proteção.

Sinceramente em um lar cheio de amor, onde a relação entre pais e filhos está pautada no já referido amor e na confiança mútua, eu não acho necessário e contra-indicado mentir para eles.

É claro que deve-se levar em conta a idade das crianças ao abordar ou não certos assuntos. Talvez o melhor mesmo seja nos dedicarmos mais, dedicarmos todo o tempo possível a nossos filhos e nos ocuparmos da programação de suas atividades e objetos de seus interesses para que possamos influenciá-los positivamente.

Filtra sim, mentir não.

Yúdice Andrade disse...

Meu caro, somos levados a pensar tanto nesse caso e, mesmo assim, não tinha pensado nele ainda sob essa perspectiva. Preocupante, com certeza. Como ainda sou um "pai grávido", não tenho a mesma dimensão que tu, mas já me boto no lugar e me pergunto sobre como lidar com isso.
Concordo, porém, com o Antônio Fonseca. Não vejo utilidade nenhuma em mentir, porque um suposto benefício obtido sob falsas premissas não traz verdadeiras vantagens. Basta derrubar a premissa e se perde toda a segurança. Pior é se a criança perceber que escutou uma mentira intencional, o que no caso não é nada difícil, pois a qualquer momento as crianças podem tomar conhecimento da conclusão do inquérito que ora se alardeia.
A confiança é um sentimento que não surge do nada, nem mesmo da simples relação de parentesco. Ela é construída. Se tiver bases sólidas, as dúvidas e medos da criança podem ser sanados. Afinal, os pais têm que estar associados à proteção.
Mais um osso para roermos.

Carlos Barretto  disse...

Devo admitir que esta proposição dos psicólogos me incomodou bastante também. Deixei-a propositadamente aberta ao debate, muito embora agora confesse os pruridos quanto ao uso da mentira no intuito de protegê-los.
Preferi desviar-me pelos caminhos do que realmente interessa que é e sempre foi o acompanhamento corpo-a-corpo daquilo que nossas crianças são expostas, às vezes involuntariamente em sua trajetória rumo ao futuro incerto.
Melhor fazê-lo algo mais previsível com orientações na hora certa.

Abs

Anônimo disse...

Acho que nossas crian�as d�o conta sim desse drama que � o caso da menina Isabela. Meus filhos de 17 e 12 anos, conversam sobre o fato com menos horror do que eu e minha mulher. Creio que crian�as menores tenham outra percep�o, mas nem assim concordo com esses psic�logos.
Beto Carepa

Carlos Barretto  disse...

Fala Beto.
Que bom te ver por aqui. Concordo com vc. E o que tem aumentado minha apreensão, é que o meu de 12 anos, resolveu agora me atualizar diariamente sobre o caso...
Sempre que ouve alguma novidade, vem correndo com "cara de paisagem", me contar. E me cobra algum comentário a respeito.
Ou seja, a cara não é tanto assim "de paisagem".
Rsss...

Anônimo disse...

Por falar em atualizacão, tu viste o comentário dos vizinhos do casal? Eles estavam ligados nos palavrões da madrasta e até no silêncio do pai, durante a discussão.
Beto Carepa

Carlos Barretto  disse...

Pois é! Vi sim. As coisas parecem se encaminhar para uma conclusão chocante. Contudo, até o momento, o que vejo são provas circunstanciais. Muito embora sejam aos nossos olhos leigos, indutoras de conclusões, podem não ter valor legal.
Vejamos o que acontece a seguir.
Abs

Anônimo disse...

Por falar em crianças, o que vcs acham dessa medida da prefeitura de impedir menores de 18 anos de ficarem nos bares, após às 22 h? O judiciário está TENTANDO "abrir excessão" para os que estiverem acompanhados dos pais. Acho isso uma intromissão inadmissível do poder público na educação de nossos filhos, além de ser inconstitucional.
Beto Carepa

Carlos Barretto  disse...

Isso é uma bobagem completa! Podem até encontrar supostas razões para tanto. Mas com certeza, estão legislando de maneira demagógica, até prova em contrário.

Anônimo disse...

Mas escrever exceção com dois esses ( excessão ), como eu fiz, é outra bobagem imperdoável.
Beto Carepa

Carlos Barretto  disse...

Fala sério!
Nem queira saber de meus erros.
Relaxe e aproveite.
Abs