Caetano Veloso sempre foi chegado num manifesto. Eu organizo o movimento, eu oriento o carnaval, eu inauguro o monumento no Planalto Central do país... E produziu, claro, obras de inegável e rara beleza no cancioneiro da chamada MPB. Entretanto, de uns tempos para cá a inspiração minguou e o que temos ultimamente são algumas músicas de qualidade duvidosa.
Hoje, em entrevista de página inteira da Folha de São Paulo, o baiano faz uma leitura suis generis do racismo brasileiro, afirmando por qual razão assinou o manifesto contra a política de cotas raciais:
Acho muito complexo, discutível, mas neste momento assinei contra para dar força. (...) A sentimentalização das relações desiguais que se dá na sociedade influi no modo como se encara a questão racial brasileira (...). Já deveríamos ter negros em posições mais visíveis. Pessoas visivelmente negras.
Adiante, quando o repórter indagou-lhe se vivíamos uma espécie de racismo cordial*, Caetano, que um dia foi considerado persona non grata no governo militar, saiu-se com essa bossa: É. Acho que é bacana, um jeito de resolver com suas complexidades... Não venham para cá importar racialismo americano...
E aí, meus amigos e amigas, os astros pararam, desluziu neblina e o papel azul e a maçã enrugaram de passados. Com o jornal fechado, lembrei de Mário de Andrade mandando Oswald de Andrade a puta, a reputa, a triputa que o pariu, em resposta a comentário maldoso do autor de O Rei da Vela sobre sua sexualidade. Por fim, desisti de mandar Caetano ao mesmo endereço. Por decidido respeito a Dona Canô, que não merece uma indignidade de troco pelas boçalidades que o famoso filho exercita. Melhor dizer a ele: você fez boas músicas e apareceu; agora, cresça. Ainda que aos 60 anos.
*se ouvisse tal maluquice Sérgio Buarque de Holanda ficaria doido no além.
Hoje, em entrevista de página inteira da Folha de São Paulo, o baiano faz uma leitura suis generis do racismo brasileiro, afirmando por qual razão assinou o manifesto contra a política de cotas raciais:
Acho muito complexo, discutível, mas neste momento assinei contra para dar força. (...) A sentimentalização das relações desiguais que se dá na sociedade influi no modo como se encara a questão racial brasileira (...). Já deveríamos ter negros em posições mais visíveis. Pessoas visivelmente negras.
Adiante, quando o repórter indagou-lhe se vivíamos uma espécie de racismo cordial*, Caetano, que um dia foi considerado persona non grata no governo militar, saiu-se com essa bossa: É. Acho que é bacana, um jeito de resolver com suas complexidades... Não venham para cá importar racialismo americano...
E aí, meus amigos e amigas, os astros pararam, desluziu neblina e o papel azul e a maçã enrugaram de passados. Com o jornal fechado, lembrei de Mário de Andrade mandando Oswald de Andrade a puta, a reputa, a triputa que o pariu, em resposta a comentário maldoso do autor de O Rei da Vela sobre sua sexualidade. Por fim, desisti de mandar Caetano ao mesmo endereço. Por decidido respeito a Dona Canô, que não merece uma indignidade de troco pelas boçalidades que o famoso filho exercita. Melhor dizer a ele: você fez boas músicas e apareceu; agora, cresça. Ainda que aos 60 anos.
*se ouvisse tal maluquice Sérgio Buarque de Holanda ficaria doido no além.
Um comentário:
Creio que isso possa ter alguma ligação com o fato de que alguém - sabe-se lá quem foi o maldito! - um dia inventou que os artistas brasileiros eram intelectuais. Alguns acreditaram. Quantas vezes pediram a Caetano, a Gil e outros análises sobre os rumos do país? Deu nisso.
De minha parte, prefiro que Caetano continue cantando. As suas canções antigas.
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