Posteriormente, Lima teve que explicar que o anúncio não era oficial, porque nem confirmada havia sido a descoberta. Entretanto, o estrago já estava feito: na Bolsa de Valores de São Paulo, as ações da companhia, que estavam em queda na oportunidade, deram um salto de valorização de 4% em um único pregão.
A desastrosa (ou esplendorosa, dependendo do ponto de vista) declaração de Lima não passou
A lembrança me veio a propósito da nota Mercado, do Repórter 70 de O Liberal de hoje. Em lance que se assemelha a um recado, traça a coluna o seguinte diagnóstico:
O mercado imobiliário está de olho na valorização dos bairros de Val-de-Cães, Marambaia e Bengui, às proximidades do Mangueirão, onde serão executadas obras de corredores de transportes visando ao Fórum Mundial, em 2009, e à Copa de 2014. Com a criação de novas avenidas, essas áreas terão valorização imediata e quem largar na frente leva vantagem. Os preços de terrenos nessas áreas já começam a ganhar corpo.
O anúncio sobre os corredores de tráfego ainda não foram divulgados pela prefeitura ou pelo governo estadual. Tudo o que existe ainda é especulação. Evidentemente, existem estudos em estado avançado sobre as novas vias de transporte a serem oferecidas à cidade; a busca por recursos, inclusive, já começou há algum tempo. Porém, vários outros elementos da equação ainda estão em aberto, não permitindo confirmação sobre a realização de obras.
Por isso, a nota tem o desenho de um anúncio especulativo, tendente a privilegiar certos atores desta cena. A área em volta do estádio Mangueirão tem contornos ambientais que precisam ser considerados: há grande área de mata nativa e o igarapé São Jorge a divide; mas boa parte dos terrenos, da Rodovia Augusto Montenegro à Avenida Júlio César, tem proprietários conhecidos – na maioria, grandes construtoras que ali edificaram, na última década, condomínios horizontais de luxo.
A região, ainda, é profusa de invasões. Este cenário é o alimento típico da sanha especulativa que precede grandes obras de infra-estrutura ou, até mesmo, o boom imobiliário de determinados bairros, empurrando seus habitantes originais para a periferia das grandes cidades. Em nossa capital, como exemplo, basta lembrar de como era o antes aprazível bairro do Umarizal, uns quinze anos atrás.
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