Os três anos que ali passei corresponderam a uma verdadeira pós-graduação. Aprendi, na lide da advocacia, o que pretendia para minha carreira: ser advogado. Nem juiz, nem promotor – carreiras que alçam tão rapidamente jovens egressos da universidade em uma elite bem paga do direito –; tão somente advogado, com todas as dificuldades que o caminho destes profissionais lhes impõe.
A grande responsabilidade por esta decisão era, certamente, dos sócios do escritório: todos grandes advogados, alguns deles professores universitários, Reynaldo, Jorge Alex, Juarez, Ricardo, Gilberto e Pedro glamourizavam a profissão, tanto quanto cinco deles glamourizavam a carreira de procurador do Estado. E lá fui eu interessar-me pelo único concurso público que até hoje me atraiu: o de advogado do Estado.
Neste tempo, tive a oportunidade de conhecer e conviver com Gilberto Guimarães. Novo, Gilberto já dava mostras de enorme talento: criativo como poucos advogados conseguem sê-lo, ético como todos deveriam ser. A desordem de sua sala não rendia homenagem à clareza de sua inteligência: Gilberto não precisava de muito para encontrar soluções para os problemas que lhe eram apresentados. Era um advogado de soluções, tão simples quanto surpreendentes.
Quando fui aprovado no concurso, Gilberto deixou de ser um de meus chefes e passou a ser meu colega de profissão. Então se me revelou outra faceta de sua personalidade: ex-procurador geral (o mais novo da história de nossa PGE e o primeiro saído da carreira dos procuradores), era de uma generosidade ímpar. Esta qualidade se somava à gentileza e à simpatia que eu já conhecia, e que todos os que com ele conviveram são testemunhas.
Depois, ao Silveira, Athias incorporou-se o escritório do tributarista Fernando Scaff. Crescia a firma, que passava a ser a maior do norte-nordeste. A história de sucesso, acompanhei à distância, sem negar uma ponta de orgulho de ter, um dia, feito parte daquela equipe. Posteriormente, Gilberto somou à sua fama de notável advogado o de bom administrador: assumiu a responsabilidade de ser presidente de um grande clube social de Belém, com orçamento maior que o de muitas cidades paraenses. Em mais esta empreitada, obteve sucesso.No auge da vida, novo, bem sucedido, com três filhos e recentemente casado pela segunda vez, eis que Gilberto foi, dizem, surpreendido pela emoção. A classificação de seu time do coração, o Paysandu Sport Clube, à Série C deste ano, teria sido demais para sua saúde. Gilberto sofreu um aneurisma cerebral e faleceu, aos 44 anos, em sua casa, no sábado à noite.
Ausente da cidade, só soube da morte de Gilberto no domingo à tarde, quando já haviam ocorrido suas exéquias. Não pude prestar-lhe a última homenagem, que faço agora, por meio deste post. À sua família e aos seus sócios, solidarizo-me na dor, no intento de que, dividida, ela lhes seja menos pesarosa.
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