Meses atrás, no hotel de uma cidade onde passava férias, conheci a mulher, a filhinha e a cunhada de Gonçalo Amaral, o inspetor da polícia portuguesa que primeiramente presidiu a investigação do sumiço da garotinha inglesa Madeleine McCann, que ficou tristemente conhecida como Maddie, após ter sumido ano passado de um resort em que passava férias com seus pais no Algarve, região sul de Portugal.
Travamos conversa, eu, minha sogra e as mulheres, no lobby do hotel, a respeito do caso. Àquela altura, a mulher de Gonçalo (cujo nome não recordo) disse-nos que seu marido estava escrevendo um livro sobre seu período à frente do inquérito, do qual fora afastado, segundo ela própria, por interesse do governo inglês.
O Algarve é uma região pobre de Portugal, cujas maiores divisas advêm do turismo. O afluxo de ingleses às cidades litorâneas representa a receita mais importante de suas pequenas cidades, tais como a Vila da Luz, onde fica o hotel de onde Maddie sumiu.
Gonçalo alegou ter sido afastado do caso porque sua linha de investigação tendia a seguir pela incriminação dos pais da menina, algo que as autoridades britânicas teriam tentado evitar desde o início. Para isso, ainda segundo ele, teriam atrapalhado o máximo possível as investigações conduzidas pelas autoridades portuguesas, a ponto de gerar um incidente diplomático que poderia trazer proporções catastróficas para a economia do Algarve.
Segundo nos contou sua mulher, as próprias autoridades lusas, temendo o caminho que Gonçalo trilhava, alijaram-no do posto. Com isso, mantiveram abertas as portas para os endinheirados ingleses continuarem a deixar seus pounds nos resorts da região.
Gonçalo Amaral teria sido, durante o inquérito, vítima de perseguição da mídia inglesa. Responsável pelas maiores apreensões de drogas até então feitas pela polícia portuguesa, passou a ser acusado pela imprensa britânica de contribuir com o tráfico, de ter sido flagrado com outra mulher e de ter transformado a investigação em um assunto pessoal, fustigando o casal McCann. De acordo com sua esposa, as acusações foram tentativas de desqualificá-lo para comprometer as conclusões a que havia chegado.
Eis que agora, Gonçalo Amaral concluiu seu relato e lançou seu livro. Acusa os pais de Maddie de simular o seqüestro da menina e de ter ocultado seu cadáver. O relato, “Maddie – A Verdade da Mentira”, foi lançado na Europa nesta 4ª feira, logo depois do anúncio de arquivamento do caso pela polícia portuguesa. Certamente será bestseller, vendendo como tudo o que se relaciona com a tristemente famosa história da criança inglesa.
Um comentário:
A evolução do caso sempre demonstrou que o casal de médicos ingleses tinha mais a esclarecer sobre esse crime hediondo. Entretanto, avalio que para o sumiço do corpo houve certamente ajuda externa. Vamos aguardar o desenrolar do assunto em novo patamar, com a publicação do livro do delegado.
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