terça-feira, 5 de agosto de 2008

De graça

Desde que concorreu pela primeira vez à prefeitura desta combalida cidade, o nacional que ora ocupa a cadeira de prefeito explorou o tema do transporte gratuito. Dando vazão a seu discurso populista - que até hoje faz enorme sucesso nestas plagas, onde qualquer camiseta de malha ordinária vale um voto -, colocou uns ônibus velhos na rua, pintados de branco, com uma legenda em vermelho na lateral: "FUNCOSTA" - o nome da tal fundação assistencialista que, se é que existiu, não foi registrada perante a Promotoria de Justiça de Massas Falidas e Fundações (se não me falha a memória, é esse o nome).
Os veículos rodaram um tempo, mas logo sumiram. Quando o sujeito assumiu a prefeitura, curiosamente, o projeto que ele defendia como economicamente viável não foi adiante. Sequer a companhia municipal de transportes, formalmente criada há anos, saiu do papel. Mas eis que agora, em nova campanha eleitoral, ressurgiram os ônibus para o povão andar de graça. A diferença é que, agora, além da legenda "Passe livre" no vidro dianteiro, na lateral está pintado "Prefeitura de Belém - A serviço da comunidade". Até a logomarca feinha das mãos com uma árvore no meio está lá.



Também é curioso que tais ônibus estivessem escondidos num terreno em Marituba, talvez no aguardo da hora mais propícia para ganhar as ruas.
Se os fatos acima forem falsos, a mentira não é minha. Talvez seja do Diário do Pará de hoje e, talvez, seja invenção dos membros da Comissão de Fiscalização da Propaganda Eleitoral do TRE, de promotores de justiça e policiais federais, que na tarde de ontem apreenderam os seis ônibus seminovos.
Depois que desimpugnarem a candidatura do bonitão ficha suja, ou antes mesmo, espero que voltem a impugná-la, desta vez por abuso do poder político e econômico. Afinal, além da exploração do nome e da marca do governo, que deveria ser impessoal, chama a atenção o fato de que, quando os recursos advinham da tal FUNCOSTA, havia apenas dois ônibus velhos. Agora, são seis seminovos.
Com certeza, não se trata de um mistério de D. Milú - que Deus a tenha e nos proteja.
Realmente, o sujeito é uma graça.

7 comentários:

Anônimo disse...

Acho que as pessoas decentes gostariam mesmo é de ver esse bandido atrás das grades.

Anônimo disse...

Não vejo porque se escandalizar com isso agora. Muitos outros politicos no passado usaram da mesma prática.
Leia o post anterior e relaxe.

Yúdice Andrade disse...

Também acho, das 13h14.

Não me escandalizo, das 14h52. Apenas repercuto a notícia, desejando que mais uma ou duas pessoas tomem conhecimento do fato. Estou relaxado, mas desejoso de ver algo de bom acontecer.

Anônimo disse...

A diferença é que no post anterior você se incomoda apenas com quem noticia. E neste, apenas com o fato.

Yúdice Andrade disse...

Curiosa a sua observação, das 18h47. Eu não pensara nisso. Então façamos assim: some as duas postagens e tenha, como resultado, que eu me incomodo com o fato em si e com a forma de sua exploração pela imprensa. O que é verdade.

Anônimo disse...

Talvez você se incomode com os fatos. Mas na segunda você é a "imprensa". Igualmente tendenciosa.
Veja bem, não acho que a imprensa tenha que ser um juiz imparcial acima dos fatos. É natural que se use os fatos de forma a evidenciar os defeitos do adversario. Como fica evidente neste segundo post.
Faz parte do bom combate.
Agora tentar desqualificar a outra fonte não é proibido. Mas soa como dasqualificação também da inteligencia e capacidade de discernimento do leitor.

Yúdice Andrade disse...

1. A imprensa não é nem tem a menor propensão a ser imparcial, embora habitualmente jure pela fé da mucura que o é.
2. Agradeço a alusão ao "bom combate".
3. Mas depois de ler e reler o debate, confesso que já não estou entendendo quem ou o que, na sua opinião, eu estou tentando desqualificar. A "outra fonte".
4. De uma coisa pode ter certeza: detesto esse senhor que ora conspurca nossa prefeitura. Pelo seu histórico, pela forma como chegou lá e pelo conjunto de sua obra, já no governo. E, sim, sem a menor isenção ou imparcialidade, quero vê-lo pelas costas. Se eu pudesse fazer mais do que evidenciar os seus defeitos e votar contra, sem dúvida o faria.
5. Acredito que, deixando claro o meu objetivo, fique mais fácil entender os meus textos.
6. Pelo meu temperamento, se eu duvidasse da inteligência e do discernimento do leitor, eu sequer teria um blog. Simplesmente não perderia meu tempo. Se estou aqui, é porque acho que os eventuais leitores valem a pena, mesmo quando discordantes.
Meus respeitos.