Decerto que não foi o assunto de todas as rodinhas de conversas de ontem, mas posso assegurar que, nos meios acadêmicos, o tema UNAMA palpitou o dia inteiro. Quando entrei na sala dos professores, só se falava disso. Muitas implicações e preocupações; afinal, vários de nossos colegas lecionam também naquela instituição.
Enquanto um blog específico sobre avaliação de empresas - mantido por um professor da UnB e doutor em Contabilidade pela USP - analisava detalhes do negócio, a primeira universidade particular da Região Norte se apressava em colocar, em sua home page, um desmentido - uma nota de esclarecimento ao público informando que não houve venda alguma, apesar de um longo assédio de instituições. Tudo permanece como dantes, exceto pela renúncia à reitoria do Prof. Édson Franco, por motivos de foro íntimo. Acesse agora e verá a nota.
Os blogs, de um modo geral, comentaram a venda, dando-a como certa, já que estampada como matéria principal do Diário do Pará de ontem. O jornal, na edição de hoje, pisa em ovos, para não admitir que errou ou se precipitou. Menciona que os sócios negam que a venda já tenha sido realizada e prossegue falando do único fato consumado, que é a renúncia do reitor.
Nunca tive vínculos com a UNAMA. Não estudei nem lecionei lá. Não conheço, sequer de longe, qualquer um de seus proprietários. Também não entendo nada de mercado. Mas lamento a venda de uma instituição de ensino, caso amanhã a tal notinha de esclarecimento seja retirada e a venda seja confirmada. Porque, enquanto nas mãos das pessoas que a conceberam e construíram, curso a curso, prédio a prédio, projeto a projeto, ela ainda é uma instituição sonhada, desejada e realizada. Mas uma empresa externa não pretende comprar a história da UNAMA e sim, apenas, a sua rentabilidade. É um negócio e nada mais.
Toda instituição privada de ensino enfrenta o desafio diário de provar que é séria, não apenas um caça-níqueis. As pessoas em geral, que adoram tombar os outros mesmo sem saber do que falam, muitas vezes dão pouca credibilidade a elas. Sob o controle de um novo mantenedor, que gastou sabe-se lá quantos milhões pelo negócio, a finalidade de lucro se agigantará. Restará algum espaço para projetos político-pedagógicos? A concepção regional dos cursos será preservada ou terá que se adaptar aos modelos paulistas, sempre tidos como superiores?
Mais especificamente: haverá dispensa de professores e aumento inexorável de cargas horárias, para... como é mesmo que se diz? "Racionalizar as despesas"? O que precisaremos "racionalizar" ao preço do esforço de profissionais abnegados - funcionários incluídos -, além dos objetivos dos alunos?
No aguardo do desfecho dessa história.
Um comentário:
Yúdice,
soube essa semana que o Edson Franco aprontou mais uma com os sócios.
Vc sabe exatamente o que ocorreu ?
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