domingo, 28 de setembro de 2008

Renovação natural & mercado

especial para o Flanar

Um pouco depois de me afastar do La Cage a casa afundou. Tinha passado num concurso público e assumi a minha vaga em Marabá. Acabou ai a minha vida de DJ.

Enquanto isso, uma após outra as casas citadas abriam e fechavam até o lacre final. Resultado: mais órfãos prá todo lado, a maioria já crescidinho (a).

A senador Lemos é o centro nervoso desses ambientes atualmente em Belém. Outrora, um dos melhores perímetros para se morar, tornou-se num espetáculo triste e que bem mede a temperatura em que se encontra o futuro de nossos jovens e muitos marmanjos, alguns com a idade para serem meu pai.

Várias dessas pessoas reúnem-se para se embriagar, outros cheiram pós no capô dos carros estacionados, e a maconha rola de mão em mão sem a menor restrição. O álcool? Esqueça! Esse tem lugar cativo na mão de quase 99,9% dessa tribo sem futuro.

Não há fiscalização, visto que não há governo. Uma vez que os nobres vereadores de Belém dispusessem-se a rever pontos da Lei Orgânica do Município esse problema que atinge vários bairros residenciais de Belém poderia ser ao menos enfrentado. É mais conveniente, pelo visto, o adiamento da questão ad eternum.

Aqui em Brasília, por exemplo, o rígido controle da destinação das quadras não permite que tal pachorra ocorra, apesar do consumo de drogas na capital federal ser um problema de saúde pública. Incontrolável mesmo.

As boates estão invariavelmente em Shopping Centers, em quadras comerciais ou afastadas do Plano Piloto e mesmo assim, as autoridades exigem do empresário da noite um aparato estrutural no prédio, que devem ter: isolamento acústico, saídas de emergência, extintores de incêndio de fácil acesso e seguranças o tempo todo dentro dos banheiros para coibir o uso de drogas em seu interior.

O mercado mudou, a música mudou, os passos da dança são outros, mas certas pessoas são dignas de um museu.

2 comentários:

Yúdice Andrade disse...

Chegaste arrebentando, hein, meu amigo! Um texto rápido, mas cortante como uma navalha. Muito bom lê-lo, ainda mais por saber que se trata da dura realidade. Trabalhei durante quase quatro anos na Câmara de Belém e sei como as coisas por lá. Estudei essa legislação e vi sob que "critérios" ela era alterada (nem tanto o Código de Posturas, cuja existência as pessoas ignoram solenemente), mas notadamente a legislação edilícia, de interesse da indústria da construção civil - e de alguns vereadores, em particular.
O zoneamento é uma necessidade para que se possa viver com um mínimo de decência numa cidade. Mas em Belém ninguém move uma palha para assegurá-lo. E se tentasse, logo seria sufocado pelos tantos que lucram com a baderna e, pior, com os incontáveis consumidores da baderna.
Continuaremos sonhando com dias melhores?
Abraços de boas vindas.

Val-André Mutran  disse...

É simples assim. Cumpra-se a lei e puna-se os transgressores.
Quem levanta essa bandeira?
Podemos ajudar fazendo o alarido que, provavelmente não será lido, ouvido ou cheirado!