Na ótima película de Michael Mann, Robert De Niro e Al Pacino são profissionais gabaritados que lutam para vencer um ao outro, em um jogo de gato e rato. O filme coloca na mira policiais e bandidos em lados opostos, como é normal que seja. O Neil McCauley de De Niro não é um bandido qualquer; é um PhD do crime.
Na versão nacional e real de Fogo contra Fogo, bandidos e mocinhos deveriam estar do mesmo lado. A cena do assalto a banco e tiroteio no centro de Los Angeles (uma das mais espetaculares e tensas do cinema norte-americano) transferiu-se da ficção para a realidade das ruas de São Paulo, onde policiais civis e militares se confrontaram ontem, em decorrência da greve dos primeiros. Entre as corporações, a população, aterrorizada.
Em nenhum lugar do país se pode falar em ilhas de segurança. Se há exceções ao caos da segurança pública que há tempos se instaurou no Brasil, desconheço-as. Em São Paulo, especialmente, os governos tucanos esmeraram-se em tornar a cidade o paraíso da violência: PCC, FEBEM, grupos de extermínio e, agora, confronto entre policiais. José Serra, para variar, não admite seus erros; coloca-os na conta dos chamados atos políticos.
Evidentemente, este privilégio não é peessedebista. Por aqui, passamos da sensação tucana para a certeza petista da insegurança. Em que pese, agora, haver visivelmente mais PM's nas ruas da capital, as estatísticas de crimes não parecem diminuir.
Todos clamamos, amedrontados, por poder andar despreocupados pelas vias da cidade. O Estado ainda parece fazer ouvidos moucos. É "o horror, o horror", como diria o General Kurtz.
2 comentários:
O problema da insegurança e da violência não é caso de ciência, nem de polícia, mas de política pública. O problema é que os governos em geral, ao se proporem enfrentar essa questão, terminam por escolher uma miríade de objetivos, tornando o gerenciamento e o impacto pretendido bem difícil de alcançar.
Quando a Itália decidiu enfrentar essa questão, ela definiu uma política nuclear chamada mãos limpas, que tinha por objetivo secar o olho d'água de todas as inseguranças: o crime organizado e seus tentáculos sobre o orgãos de estado. Aqui nos perdemos em ações de proteção a grupos de risco - que inegavelmente são importantes - e enfraquecemos no combate a canalha que faz do crime a principal fonte de riqueza e prestígio social.
Disse bem, amigo.
Abração.
Postar um comentário