segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Pinças que salvam
Pinça Hemostática
Aconteceu agora há pouco.
O cenário, um posto do BB no hospital em que trabalho.
Fui até o caixa eletrônico fazer uma retirada de 100 reais. Após cumprir aquela sequência de telas e digitar as senhas, começo a ouvir aquele ruído típico, da máquina contando as cédulas para executar a entrega. Cessado o ruído, leio no monitor:
PROBLEMAS NA ENTREGA DO DINHEIRO!
Em seguida:
SAQUE REALIZADO
Mas quando tento retirá-lo, nada do dinheiro!
Olho em volta e, talvez, para minha sorte, até então ninguém acompanhava o terror que começava a me acometer. De imediato, entrei novamente nas telas, para consultar meu extrato, no intuito de entender o que o banco havia registrado quanto aquela operação flagrantemente mal sucedida. Para meu desespero, consultando o extrato, o banco acusava que eu havia sacado 100 reais! Com a greve bancária se extendendo desde o último fim-de-semana, nenhum funcionário do banco estava lá para me ajudar. Resolvi então imprimir o saldo comprovando o saque, para me resguardar de qualquer problema.
Decidi logo em seguida, realizar um novo saque. Até porque de fato necessitava do dinheiro.
Ressabiado, optei por sacar apenas 20 reais.
Volto a ouvir os mesmos ruídos e eis que então, a máquina me entrega normalmente um cédula de 20 reais. Mas para meu terror, noto então a cena macabra. Através da fenda, logo embaixo da cédula de 20 reais que consegui retirar, repousa algo esmigalhada, a cédula de 100 reais que deveria ter sido liberada no saque anterior. Tentei então puxá-la com a ponta dos dedos. Contudo, a pequena parte que se exteriorizava da reluzente nota de 100 reais, era insuficiente para que eu pudesse extraí-la com sucesso, apenas com os dedos. Aos poucos, uma fila de 2 pessoas se fez atrás de mim. Pensei então: melhor não alardear exatamente o que está acontecendo para não atrair o oportunismo de terceiros.
Fiz então mais 2 tentativas de saque de valores menores, tentando numa destas oportunidades, extrair a malfadada cédula de 100 reais. Todas infrutíferas.
Respirei fundo e saí do caixa eletrônico disfarçando alguma tranquilidade. Afinal, as pessoas que estavam na fila, eram funcionários do hospital bem conhecidos.
Após andar calmamente por cerca de 30 metros até a porta do hospital, iniciei desabalada carreira até o CTI do hospital. Lá chegando espavorido, pedi com urgência uma pinça hemostática cirúrgica, daquelas que os cirurgiões utilizam para estancar hemorragias. Sem entender muito, após alguns segundos, a funcionária entregou-me a pinça. Expliquei-lhe que a devolveria logo, com as devidas explicações.
Desci as escadas o mais rapidamente possível em direção ao caixa eletrônico.
Lá chegando, ainda pude ver o último integrante da fila que finalizava sua operação de retirada normalmente.
Com a pinça enfiada em meu bolso, entrei atrás dele e cantarolei tranquilamente até que saísse do posto.
Em seguida, mais uma vez sozinho, faço nova retirada de 20 reais. Para minha supresa, a esmigalhada cédula de 100 reais ainda reinava sozinha, deixando ver apenas aquela pequena parte de cerca de 1/2 centímetro exteriorizado. Sem perda de tempo, num rápido movimento, agarro a nota de cem com a ponta da pinça hemostática e retiro-a triunfalmente.
Agora me pergunto: como o cidadão comum, na solidão de um caixa eletrônico, poderia ter resolvido este problema, sem uma pinça? Não seria um golpe que alguém furtivamente estaria aplicando, colocando algum produto na fenda de maneira a produzir exatamente este efeito?
Por quê então, as notas de 20 eram liberadas normalmente? Alguém depois de mim, em algum momento, não iria dar um jeito de retirar a nota de alguma maneira?
Não sei. Por enquanto, comemoro não ter perdido os 100 reais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
11 comentários:
Boa noite, Carlos,
como sua odisséia terminou bem, permito-me..rsrsrs...foi impagável imaginar essa performance!
Abração.
Rapaz, visualizando a cena - um homem de comportamento estranho saindo de um caixa eletrônico e retornando logo em seguida com uma arma branca escondida -, só consigo pensar que isso podia ter virado uma confusão dos diabos. Felizmente, virou apenas uma história para contar. Abraços.
Pois é, amigos. Era só o que faltava agora, termos que andar com pinças hemostáticas para "arrancar" nossos tostões dos bancos.
Rsss
Não há golpe, apenas alguma cédula que amarrota e inviabiliza a entrega. Comigo não houve débito e sim bloqueio imediato do saque. A propósito, sua performance certamente foi filmada pelas câmaras de segurança do Banco do Brasil.
Engracadinho.
Sei disso, Oliver. Pensando neste detalhe, tenho guardado o extrato, provando que nada fiz além de obter o que e legalmente meu. Com ou sem performance.
Literalmente você também foi capaz de usar a pinça para estancar a sangria em sua conta corrente!
Esse relato me serviu de estímulo para escrever logo a segunda parte da minha jornada (ainda não concluída) em direção ao 3G da Claro.
cara tú es um mão de vaca.
Rsss...
Sem a menor dúvida, Antonio.
Êba! Vais atualizar aquela novela?
Vou correndo para lá dar uma olhada.
Aconselho os demais leitores a fazê-lo também.
Rsss..
Anônimo das 12:28.
Vc estava onde na fila?
Meu Deus, depois de muito tempo sem passear aqui pelo flanar, leio uma coisa dessas, kkkkkkk, história tragicômica. É o tipo de historia que a gente ri só pq sabe que teve um final feliz, do contrario estaria muito indignado.
Olá, querida.
Pois vc conseguiu resumir precisamente meu sentimento em relação ao fato. Só não me indignei mais por que ao cabo e ao fim, consegui reaver meu dinheiro.
Mas o que faria, caso estivesse por exemplo, em um caixa eletrônico fora de meu hospital, ou mesmo de minha cidade, em situação de necessidade?
Esta é precisamente a pergunta do post.
Abs e obrigado pela visita.
Postar um comentário