segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Vende-se

A nota em destaque nos jornais europeus deste final de semana foi o leilão virtual de manuscritos do poeta português Fernando Pessoa. Dois terços dos 70 lotes postos à venda foram arrematados por cerca de 350 mil euros.

O leilão vem causando polêmica, pois as instituições culturais portuguesas temem que os originais saiam do país e venham a compor coleções estrangeiras. Várias personalidades da cultura lusa têm se empenhado em reclamar do governo a proteção às obras. Houve, inclusive, uma tentativa de impedir judicialmente a venda, que não obteve êxito, porém.

O governo português, de acordo com a legislação local, pode exercer direito de preferência à arrematação das peças. Aguarda-se a manifestação do Ministério da Cultura e da Câmara Municipal de Lisboa para os próximos dias.

14 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia, Francisco:

só há duas circuntâncias na minha vida em que lamento não ter dinheiro: quando não posso comprar livros e discos.

Eu iria a Lisboa arrematar os manuscritos e ficaria o resto dos meus dias tentando captar (no sentido de apropriar-me mesmo), através da letra miúda do poeta, um pouco da sua aura.

Abração.

Anônimo disse...

Amigos,
O que mais lamento é quase não ler a respeito de Cultura em nossos melhores blogs. Este Flanar é uma exceção. Mesmo assim, gostaria de ler a respeito de quem assistiu tal filme, leu tal livro, assistiu a tal peça, exposição, tudo local. A Cultura, além de confundida com lazer, nos dias de hoje, ficou esquecida. Estamos sempre discutindo política local, que é, há longos anos, o mais pobre e imundo assunto. Abraços do leitor diário
Edyr

Francisco Rocha Junior disse...

Bia,

Se você comprasse, tenho certeza que me emprestaria. Afinal, generosidade é uma característica sua.

Pois é um pouco além da falta de generosidade o que preocupa as instâncias lusas. Afinal, a obra de um poeta da dimensão de Fernando Pessoa é universal, e assim tem que continuar sendo - inclusive para que todos tenhamos acesso a ela.

Abração.

Francisco Rocha Junior disse...

Edyr,

Você está coberto de razão. É algo de que me ressinto, não acompanhar a produção cultural local como o fazia há alguns anos.
Vou procurar corrigir esta falha, provocado por seu comentário.
Que bom que somos leitura diária para você. É, sinceramente, uma honra.
Abraço.

Anônimo disse...

Olá,
Realmente muito triste esses golpes do mercado na cultura. Parece que nada pode escapar, sô!
Mas, como nem tudo é só tristeza, posto aqui um link maneiríssimo que pode ajudar nas horas lentas em que todos torcemos para que o destino das obras do FP não seja tão funesto!
Renato Motha e Patricia Lobato. Dois em Pessoa (link do Multiply deles):
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=311076069
Abs, Rz

Anônimo disse...

Singanei-me... O link é do MySpace da dupla!
Tem também referêcias pro CD saído do forno em homenagem ao véio João!

Francisco Rocha Junior disse...

Rz, valeu a dica. Vou correndo conhecer o trabalho da dupla.
Abração.

Itajaí disse...

Então leiloaram os baús do Pessoa. Sim, porque nosso grande escritor legou a posteridade baús de inéditos.
Se levarem a leilão os colecionadores cairão como vorazes leões sobre essas presas preciosas. Mas tenho esperança que o governo português de alguma forma regule esse negócio.
Em termos brazucas a coisa rola solta. Vende quem tem, ou que não tem e compra realmente os que podem, não necessariamente os que devem. Nesse processo há coisas boas e ruins. Entre as primeiras resultou a Biblioteca Ruben Borba de Moraes/José Mindlin, hoje em processo de cessão a USP. Lá existem verdadeiras preciosidades manuscritas.
Outro exemplo é o Museu Chácara do Céu organizado com o acervo particular do industrial Castro Maya (dono das Sardinhas Coqueiro).
Então mais que dinheiro, vale a atitude pública de quem o tem.
A propósito, lembro que o principal doador para a coleção de máscaras africanas do Museu de Arte Negra do complexo Smithssonian em Washington-DC foi, quem diria, Walt Disney. Em que pese o sujeito ter sido um macartista inveterado, a coleção que reuniu e hoje está disponível para o público - livre de ingressos - é notável. Mas há quem leia nisso tudo um dianóstico de exploração de colonizados por capitalistas. Paciência.

Carlos Barretto  disse...

Mas que ótima sugestão do RZ, não é FRJ?
Adorei a dupla!
Vale a visita ao link
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=311076069

Recomendadíssimo!

Anônimo disse...

Caros articulistas do Flanar,
Nessa nossa Belém tão desprovida de boas lojas de vendas de Cd, livros e outros quitutes culturais, topei com o Cd duplo desse casal mineiro "Dois em Pessoa") e... me encantei!
Imediatamente escolhi um dos sambinhas e tasquei para um grande número de amigos nos 4 cantos do planeta, alguns inclusive, especialistas na obra de FP.
Creiam que nenhum adivinhou qual era o autor das palavras do singelo "samba"! E ficaram de queixo caído quando eu revelei que a letra era um poema do grande poeta português!
Agora Renato Motha e Patricia Lobato lançaram um outro Cd muito lindo, em homengem ao Bruxo Rosa! O "Rosas para João" é também de deixar-nos sem ar!
Um abraço cordial, Rz

Francisco Rocha Junior disse...

Caro Itajaí,

Muito bom teu comentário. Principalmente a frase final.
Efetivamente, há coisas que são (ou que devem ser) universais, e quanto mais fácil for seu acesso ao maior número de pessoas, melhor. Não concordo também com essa leitura de que a permanência de obras de arte ou objetos históricos de países periféricos em museus europeus, para ficar em um exemplo, seja a prova da exploração dos colonizados por capitalistas, como tu bem dizes.

Francisco Rocha Junior disse...

Carlinhos, o Rz deu uma dica e tanto. Aliás, passeando pelo MySpace, é possível encontrar coisas de finíssimo trato.

Anônimo disse...

Kakakakaaka! A (vejam aqui um itálico, para destacar bem!) Rz!

Francisco Rocha Junior disse...

Desculpa, Rz. Foi mal.