terça-feira, 23 de dezembro de 2008

GRANDE ROUBO NO MUSEU EMÍLIO GOELDI

Johann Baptist von Spix (foto: Wikipédia)

Foi divulgado ontem pela diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi, pesquisadora Ima Vieira, o desaparecimento de dezenas de obras raras do acervo da biblioteca da instituição.
Dentre os livros roubados, destaca-se uma obra prima da história natural, de autoria do alemão Johann Baptist von Spix.
O referido naturalista protagonizou junto com seu conterrâneo, o médico Carl Friederichsen Philipp von Martius célebre viagem de pesquisa na Amazônia, ainda na primeira metade do século XIX.
Todos os exemplares (de 30 a 40 livros!) roubados apresentam a marca d'água do Museu Goeldi na folha de rosto, assim como na página de número 25.
Esta perda é de capital importância e deve nos despertar um senso de alerta e de máxima atenção quando pretendermos adquirir uma obra rara.
Há não muitos anos, quando de um trabalho fotográfico que fiz abordando 2 das expedições do geógrafo francês Henri Coudreau, tive oportunidade de conviver no universo dos sebos "de luxo", especialmente no Rio de Janeiro e em Paris.
A título de ilustração, uma obra rara de Coudreau do final do século XIX, primeira edição, tinha o preço aproximado de US$ 2,000 no Brasil e de US$ 3,000 na França. Ambos os livros tinham manchas de tinta sobre os carimbos de origem, e eram indubitavelmente roubados. Nem preciso dizer que não os comprei...
Ainda hoje recebo semestralmente o catálogo (belíssimo, por sinal) do sebo parisiense.
O meu lado Sherlock Holmes indica que as obras roubadas, infelizmente, já devem estar do outro lado do Atlântico.

6 comentários:

Itajaí disse...

Tenho esperança que não, Scylla. Ao menos no Sul a polícia tem obtido sucesso na recuperação desse tipo de roubo. Entretanto, ao contrário do caso do MPEG, a divulgação nos meios de comunicação é total. Infelizmente pelo que vi não foi esse o caso, limitado a pequenas linhas no caderno de polícia do Díario do Pará. De todo modo fiz uma nota no Vôo de Galinha.
Uma dica: no circuito das chamadas Livrarias Antiquárias deve-se dar preferência àquelas associadas a International League of Antiquarian Booksellers - ILAB. Nesse terreno todo cuidado é pouco.
Em Belém os sebos são muito reduzidos e nenhum deles tem mercado local para vender esse tipo de obra, e nessa altura a polícia já terá feito contato com todos eles. Se houver repasse nacional acontecerá no eixo São Paulo - Rio.
Outros que devem ser notificados são os chamados decoradores. Adoram estripar esse tipo de livro e emoldurar as gravuras com o objetivo de adornar a parede de seus clientes.

Carlos Barretto  disse...

Seu último parágrafo, Itajaí, denota a absoluta insensibilidade, obtusidade e idiotice dos que assim procedem. Em tempos de "scanners" e excelentes imagens digitais, trata-se de uma violência inominável. De quem pratica o crime e de quem o adquire. Coisas de mentalidadezinha inclassificável.

morenocris disse...

Feliz Natal, meninos flanares.

Beijinhos.

Carlos Barretto  disse...

Ótimo Natal pra vc também, Cris.
Muitos beijinhos.

Itajaí disse...

Boas festas para você Cris, extensivos a sua família. Que 2009 nos permita Flanar numa boa.

Scylla Lage Neto disse...

Como o roubo das obras parece ter sido gradativo, ouso pensar que tratou-se de encomenda.
O último evento semelhante ocorreu em 2004, no Museu Nacional do Rio de Janeiro, e, até onde eu sei, permanece sem resolução.
Feliz Natal!