sábado, 10 de janeiro de 2009

AMAZÔNIA - ARQUIVO RAW



Ecologistas, economistas, políticos, fazendeiros, agricultores, filósofos, religiosos, juristas, fotógrafos, artistas, ONG's, bloggers, enfim, o mundo todo, fala, escreve e pensa sobre a Amazônia há décadas.

Alguns navegam nos ventos do tempo presente, enquanto outros se equilibram entre as ondas do passado plácido e a vaga tensão virtual do futuro.

Mas o que é a Amazônia crua? Quais os números que são reais e indiscutíveis, imunes à manipulação estatística tecnicista?


Em relação à parte brasileira, a área física é de 5 milhões de quilômetros quadrados, 46 % dos quais protegidos por lei: 1,9 milhões de quilômetros de florestas públicas, 100 mil quilômetros quadrados de reservas indígenas e mais 200 mil de unidades de conservação federal para exploração durável.

Moram 25 milhões de pessoas, das quais 480 mil indígenas, de 220 tribos.

Nos últimos 30 anos desapareceram 17% da vegetação primária (700 mil km2) devido ao desmatamento, sendo que 80% de modo ilegal.

Existem 100 mil quilômetros de pistas de pouso clandestinas.

Existem 100 mil quilômetros de cursos d'água, representando 23 % da água potável do planeta.

Desenvolvimento, soluções, problemas, visão, crise, aquecimento global, negociações, mudanças, resgate monetário, cúpula, energia, sustentabilidade, pobreza, ajuda internacional são apenas algumas palavras-chave deste gigantesco e cru quebra-cabeça, a ser resolvido pelo photoshop de nossos corações e de nossas mentes.

Para que haja a transformação de visão em ação talvez todos nós precisemos tentar admirar melhor o arquivo raw, buscando o equilíbrio entre os interesses do futuro e as necessidades do agora.

3 comentários:

Carlos Barretto  disse...

Ótimo texto.
E "raw" melhor ainda.

Val-André Mutran  disse...

Scylla. A propósito de seu contundente artigo, destaco apenas que, enquanto sua condição estratégica (Amazônia brasileira) não for pautada nacionalmente, inclusive, um amplo debate sobre sua atual conformação geopolítica, ficaremos no terreno da querência, jamais na ação efetiva.
Estaremos eternamente fadados à ações paliativas e sub-dimensionadas nesse continente, por enquanto verde e úmido.

Scylla Lage Neto disse...

Val, não quero ser pessimista, mas só vejo o tempo passar. Será que perderemos o "timing" para debater "sério" todo os aspectos da nossa multifacetada e ainda verde Amazônia? Já perdemos outras oportunidades, não é mesmo?
E Charley, obrigado pelas palavras. Eu sei que você é adepto do raw, nu e cru.
Abraços.