terça-feira, 21 de abril de 2009

Ingenuidade de Debutante

Foi um equívoco a conduta do Itamaraty e do Ministro Edson Santos (Integração Racial), de não retirarem a delegação brasileira da Conferência das Nações Unidas contra o Racismo à ocasião em que o chefe de estado iraniano discursava. Santos disse que permaneceu em silêncio na sala para não reforçar uma falsa polarização, enquanto toda a comunidade européia se retirava em protesto ao habitual show iraniano. A razão alegada em si é dúbia porque não estabelece exatamente com quem ou com o quê a polaridade seria falsa; se a cautela dizia respeito ao iraniano, significa dar a este razão quanto ao que falou sobre a não existência de Holocausto na II Guerra Mundial.
Errou assim nosso ministro e a assessoria diplomática na avaliação da situação e na conduta desastrosa, deixando o Brasil - assim será entendido - entre os que ficaram na sala, pouco importando se ali permaneceram sem aplaudir ou piscando. Para piorar, ainda fica a suspeita de que a delegação brasileira estava desarticulada com os bastidores do encontro, pois horas antes Ahmadineyad fora advertido duramente pelo presidente da ONU para que moderasse suas palavras, de costume articuladas com uma eloquência tão feroz que faz parecer Adolf Hitler um dente-de-leite em anti-semitismo.
Que os países do Oriente Médio têm cometido abusos e até crimes nesses anos todos de guerra ninguém desconhece, mas não se pode, pelo menos em nome do bom senso, dar platéia a quem discursa sempre na base do não vim para explicar e sim para confundir. De cheio são estes que o inferno está exportando.
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Hoje o Itamaraty emitiu a seguinte nota posicionando o país frente ao incidente promovido pelo Irã:

O Brasil atribui grande importância à Conferência de Revisão de Durban sobre Discriminação Racial, que ocorre em Genebra entre 20 e 24 de abril. Para alcançar os objetivos da Conferência, o engajamento de todos no diálogo internacional é crucial.
O Governo brasileiro tomou conhecimento, com particular preocupação, do discurso do Presidente iraniano que, entre outros aspectos, diminui a importância de acontecimentos trágicos e historicamente comprovados, como o Holocausto. O Governo brasileiro considera que manifestações dessa natureza prejudicam o clima de diálogo e entendimento necessário ao tratamento internacional da questão da discriminação. O Governo brasileiro aproveitará a visita do Presidente Ahmadinejad, prevista para o dia 6 de maio, para reiterar ao Governo iraniano suas opiniões sobre esses temas."

2 comentários:

Anônimo disse...

Tá, o presidente do Irã minimizou o Holocausto nazista contra os Judeus. Isso autoriza o Holocausto israelita contra os palestinos? Quantos judeus foram mortos cruelmente pelos nazistas, quantos palestinos continuam sendo assassinados cruelmente por Israel? a faixa de Gaza é um campo de concentração mais doce que Auschwitz?

Itajaí disse...

Anônimo, ele não minimizou, quem minimiza é você. O presidente iraniano fez pior: negou um fato histórico que levou à morte não só judeus, mas também deficientes físicos, portadores de transtornos mentais, ciganos, testemunhas de jeová, dissidentes católicos, povos eslavos, comunistas, homossexuais e alguns poucos negros, somando um total que oscila entre 15 e 20 milhões de seres humanos.
Se você acha que para defender as vítimas dos governos militaristas de Israel é ético negar outro crime, paciência, é seu livre arbítrio de consciência. Mas não tente fazer valer isto como fato corriqueiro, porque definitivamente não o é - sobretudo é uma imoralidade.
A propósito da palavra, o presidente iraniano não tem moral alguma para apontar defeitos ou crimes ao estado de Israel. Basta que perguntem a minoria curda, cruelmente assassinada e barbarizada pelo regime dos aiatolás.
Essa é a história, o resto como alguém disse em outra discussão, em outro blogue, é uma questão de secos e molhados; de quem vende mentiras como verdades.