Em foto de Thiago Araújo (publicada no Diário do Pará de hoje), vemos mais um casarão da antiga Belém em ruínas, sem possibilidade de reparação. O imóvel fica no Comércio, na Aristides Lobo com Padre Eutíquio.
Pessoalmente, eu me entristeço muito vendo algo assim. Nossa Belém, que há muito tempo anda perdida de si mesma, perde progressivamente a sua identidade física. Mais um pouco e não se poderá reconhecer nela os traços elegantes da Belle Époque, senão em edificações tão exíguas e especiais que, por isso mesmo, entram na conta dos pontos turísticos. Mas eu não queria que ficássemos limitados a pontos turísticos. Queria, isto sim, que possuíssemos bairros inteiros caracterizados por uma arquitetura de época, charmosa e única, e que os moradores sentissem orgulho disso. Mas está difícil alguém por estas bandas sentir orgulho do que temos visto.
Esse desabamento espelha o que Belém é hoje: quando o prédio estava de pé, abandonado na prática, era ponto de encontro de viciados; quando cai, leva parte de nossa história e ameaça concretamente a segurança das pessoas. Perde-se de um lado, perde-se de outro.
O que podemos fazer para resgatar esse patrimônio? Ou, pergunta ainda mais difícil, o que podemos fazer para amar mais a nossa cidade?
5 comentários:
Quem aposta comigo que ali, "mas-que-coincidência-danada", surgirá um prédio comercial moderno, todo de blindex e alumínio escovado, ou algo do tipo?
leclogs
Yúdice,
Totalmente solidário às suas considerações.
Das tristezas que tive ao retornar a Bel ano passado foi o completo descaso com o patrimônio arquitetonico de Belém ,exceto alguns exemplos cá e acolá o comércio é hj um aglomerado caótico com o casario desabando conforme o post.Uma pena e um pecado pois tenho pra mim que Belém depois do Rio e de Salvador é o terceiro maior tesouro colonial do Brasil.
Uma das minhas ondas em Bel nos 70 era passear de madrugada pelo centro admirando o que na época já era desleixado mas ainda assim era lindo.
Laffa pago 1/2 pra 1 , rsrsrsrsrs
Abs
Tadeu
Agradeço a concordância e podem apostar que eu não duvido do prognóstico do Lafayette. Aliás, se não um edifício modernoso e de gosto duvidoso, pode vir uma dessas construções a três por quatro, que enfeiará a cidade do mesmo jeito. Infelizmente, o que se perdeu, se perdeu.
A bronca é o seguinte:
O dono do prédio antigo, e por vezes, tombado ou "no entorno" (é um área legal que fica desconfronte - como se diria lá pras bandas de Cametá - à área de influência arquitetônico de uma outro prédio tombado) não quer (ou não pode) mantê-lo, reformá-lo nos padrões legais.
Há até possibilidade de encontro de custos com o IPTU, mas...
...aí vem o "outro lado". O cidadão vai empurrando com a barriga, o IPHAN, DENPHAC (é assim que se escreve?) e os demais, não fiscalizam ou figem que a faz, o cabra finge que finge, e.... keddy?*
*Quando eu falo que estes caracteres de liberação nos dizem algo, vocês não acreditam!!! Isso deve ser inteligência artificial criada pelo google! :) :)
Prezado Yúdice,
Já havíamos conversado sobre isso em minha caixa de comentários.
Ao tomar conhecimento dessa triste ocorrência através de sua postagem-convocação, acabei por acelerar meus projetos.
Amanhã mesmo iniciarei uma campanha pela preservação de nosso patrimônio histórico: "Fotografe, antes que desabe!"
Abraço, Belenâmbulo
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