Quando acontecem estes acidentes aéreos catastófricos, (como o do Gol 1907 e agora, o da Air France 447) eu e minha esposa, sempre paramos para refletir um pouco sobre o fato. Motivo: somos viajantes contumazes. E para tanto, como não dispomos de verbas públicas e nem de folga no orcamento pessoal, planejamos nossas aventuras meticulosamente. Neste sentido, priorizando esta atividade, gastamos o mínimo possível com ostentações que de maneira nenhuma refletem nossa real situação financeira, mantendo o foco no objetivo a ser alcançado. Portanto, não temos carros que não sejam populares, nem TVs LCD de último tipo, muito menos aquela casa em Salinas, muitas vezes melhor do que o apertado apartamento que alguns moram em Belém. Tudo o que temos, ou foi herdado de nossos pais ou é fruto de nossa profissão. Além disso, as viagens são quase que espartanas, comparadas aquelas feitas pelos "descolados". Hotéis baratos mas dignos, passeios em pacotes econômicos (usamos muitos aqueles "City Pass" disponíveis nas grandes metrópoles do mundo, por exemplo), andamos muito de ônibus, metrô e, é claro, usamos nossas pernas que ainda funcionam razoavelmente bem.
Explicada a opção desta singela família, assistimos quase que religiosamente uma série do National Geographic conhecida como Mayday: Desastres Aéreos. A princípio, pode parecer uma preferência mórbida mas, fazendo isso, adquirimos algumas informações importantes que desmistificam não só o medo de voar, bem como de alguma maneira, nos preparam para quando as coisas não derem certo. Por exemplo, lá aprendemos a contar o número de fileiras de poltronas que nos separam das saídas de emergência, manter sempre os cintos de segurança afivelados durante o vôo, e não inflar os coletes salva-vidas antes de sair do avião. Aprendemos também que o lugar que se escolhe para sentar é absolutamente irrelevante no contexto da sobrevivência. Em outras palavras, sentar nas últimas fileiras do avião, de maneira nenhuma vai lhe dar maiores chances de sobrevivência. As estatísticas feitas pelos órgãos de segurança de vôo, mostram que há sobreviventes em todos os lugares das aeronaves, incusive na parte dianteira, ao contrário do que uma certa lógica simplista poderia apontar.
Na última viagem que fizemos até Havana, o trecho Manaus/Panamá corta quase que na diagonal a floresta amazônica, levando-nos ao Oceano Pacífico, (onde se localiza a Cidade do Panamá). Como a floresta respira, é claro que muita nebulosidade ocorre durante quase que 80% do percurso. Sendo assim, turbulência foi quase que rotina em todo o trajeto. Para piorar, enfrentamos chuvas, trovoadas e raios. Víamos aqueles Cumulus-Nimbus quase negros pela janela e percebíamos o piloto fazendo pequenas alterações de curso, como se tentasse descobrir o caminho mais seguro em meio a tempestade. Imagino que ele procurava buracos de tranquilidade em meio a nuvens carregadas. Tudo isso, dentro de um EMBRAER E 190 da Copa Airlines. Em algum momento, me senti em meio a um filme daqueles onde os pilotos levam o avião movido a hélice no braço. Mas confesso que apesar do medo (quem não tem numa situação destas), ao menos aparentávamos estar bem mais tranquilos do que a maioria dos passageiros naquela pequena aeronave. Note-se que havia, uma nova variável, que serviu para desviar a atenção de alguns: a influenza H1N1. Todos os comissários, além de alguns espantados passageiros, utilizavam máscaras cirúrgicas. Na tripulação era até certo ponto compreensível. Mas nos passageiros, víamos o pânico estampado em seus olhos, à ponto de esquecerem-se do mais óbvio: o avião poderia cair.
Felizmente, em meio a este clima pouco confortável, fomos e voltamos sãos e salvos. À ponto de, durante o retorno, ainda nos darmos ao direito de um momento de bom humor. Na chegada à Manaus, momento onde a a aduana brasileira costuma dar um baculejo especialmente rigoroso em nossas abarrotadas bagagens, minha esposa apresentou uma salva de espirros. E na mesma pisada declarou meio que rindo, meio que atônita:
- Pronto! Resolvi espirrar logo agora!
O fato é que fomos liberados para o desembarque com nossas malas intocadas.
Ressalte-se que nada havia nelas que suplantasse o limite estabelecido pela Receita Federal. Mas bem que poderia haver. Afinal, na curtíssima escala do Panamá, há um dos maiores e mais variados Duty Free Shoppings da América Latina, segundo dizem.
Enfim, cada qual sabe onde encontrar seu ponto de equilíbrio para estes momentos. E quando estas calamidades tem que acontecer, levando em conta a sucessão de fatores que costumam contribuir para o desfecho final inarredável, nada resta às potenciais vítimas além de seguir o destino traçado pelas leis da física, ou de Deus, como preferirem. Aos passageiros do Air France 447, só nos resta torcer para que tudo tenha ocorrido da forma mais rápida possível, de preferência com uma providencial perda da consciência, muitos segundos antes do impacto final. E aos que ficam, familiares, amigos e afins, força para enfrentar o implacável. E informação para vencer o medo.
Explicada a opção desta singela família, assistimos quase que religiosamente uma série do National Geographic conhecida como Mayday: Desastres Aéreos. A princípio, pode parecer uma preferência mórbida mas, fazendo isso, adquirimos algumas informações importantes que desmistificam não só o medo de voar, bem como de alguma maneira, nos preparam para quando as coisas não derem certo. Por exemplo, lá aprendemos a contar o número de fileiras de poltronas que nos separam das saídas de emergência, manter sempre os cintos de segurança afivelados durante o vôo, e não inflar os coletes salva-vidas antes de sair do avião. Aprendemos também que o lugar que se escolhe para sentar é absolutamente irrelevante no contexto da sobrevivência. Em outras palavras, sentar nas últimas fileiras do avião, de maneira nenhuma vai lhe dar maiores chances de sobrevivência. As estatísticas feitas pelos órgãos de segurança de vôo, mostram que há sobreviventes em todos os lugares das aeronaves, incusive na parte dianteira, ao contrário do que uma certa lógica simplista poderia apontar.
Na última viagem que fizemos até Havana, o trecho Manaus/Panamá corta quase que na diagonal a floresta amazônica, levando-nos ao Oceano Pacífico, (onde se localiza a Cidade do Panamá). Como a floresta respira, é claro que muita nebulosidade ocorre durante quase que 80% do percurso. Sendo assim, turbulência foi quase que rotina em todo o trajeto. Para piorar, enfrentamos chuvas, trovoadas e raios. Víamos aqueles Cumulus-Nimbus quase negros pela janela e percebíamos o piloto fazendo pequenas alterações de curso, como se tentasse descobrir o caminho mais seguro em meio a tempestade. Imagino que ele procurava buracos de tranquilidade em meio a nuvens carregadas. Tudo isso, dentro de um EMBRAER E 190 da Copa Airlines. Em algum momento, me senti em meio a um filme daqueles onde os pilotos levam o avião movido a hélice no braço. Mas confesso que apesar do medo (quem não tem numa situação destas), ao menos aparentávamos estar bem mais tranquilos do que a maioria dos passageiros naquela pequena aeronave. Note-se que havia, uma nova variável, que serviu para desviar a atenção de alguns: a influenza H1N1. Todos os comissários, além de alguns espantados passageiros, utilizavam máscaras cirúrgicas. Na tripulação era até certo ponto compreensível. Mas nos passageiros, víamos o pânico estampado em seus olhos, à ponto de esquecerem-se do mais óbvio: o avião poderia cair.
Felizmente, em meio a este clima pouco confortável, fomos e voltamos sãos e salvos. À ponto de, durante o retorno, ainda nos darmos ao direito de um momento de bom humor. Na chegada à Manaus, momento onde a a aduana brasileira costuma dar um baculejo especialmente rigoroso em nossas abarrotadas bagagens, minha esposa apresentou uma salva de espirros. E na mesma pisada declarou meio que rindo, meio que atônita:
- Pronto! Resolvi espirrar logo agora!
O fato é que fomos liberados para o desembarque com nossas malas intocadas.
Ressalte-se que nada havia nelas que suplantasse o limite estabelecido pela Receita Federal. Mas bem que poderia haver. Afinal, na curtíssima escala do Panamá, há um dos maiores e mais variados Duty Free Shoppings da América Latina, segundo dizem.
Enfim, cada qual sabe onde encontrar seu ponto de equilíbrio para estes momentos. E quando estas calamidades tem que acontecer, levando em conta a sucessão de fatores que costumam contribuir para o desfecho final inarredável, nada resta às potenciais vítimas além de seguir o destino traçado pelas leis da física, ou de Deus, como preferirem. Aos passageiros do Air France 447, só nos resta torcer para que tudo tenha ocorrido da forma mais rápida possível, de preferência com uma providencial perda da consciência, muitos segundos antes do impacto final. E aos que ficam, familiares, amigos e afins, força para enfrentar o implacável. E informação para vencer o medo.
Um comentário:
Por conta do meu trabalho estou a toda hora num avião e apesar de muitas horas de vôo até hoje na aterris(z)agem e na decolagem pego uma revista ou qq coisa que me distraia para não ver o que vai acontecer.Nos embarques normalmente vou "calibrado" afinal todo bebum é rico e VALENTE.
A verdade é que se voar fosse para os homens a gente nascia com asas.
Abraços
Tadeu
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