Há uma tendência de se generalizar o termo pedofilia para descrever crimes sexuais contra menores. Entretanto, a definição do termo é complexo na medicina forense. Alguns autores consideram que um pedófilo primário, aquele que tem orientação sexual voltada para crianças e adolescentes, deve ser distinguido do agressor sexual de ocasião ou circunstancial para fins de abordagem terapêutica e judiciária.
Para mim está claro que os limites são tênues e antes não desobrigam o rigor na punição de ambos, ainda que para os pedófilos primários, necessariamente, a penalidade deve se acompanhar de supervisão clínica especializada por toda a vida, posto que não é assunto para ser resolvido ou controlado apenas com o afastamento penal do indivíduo da sociedade. Ao modo dos serial killers, uma vez livres os pedófilos primários voltarão a delinquir.
Roman Polanski, por exemplo, parece-me um caso de agressor de adolescentes sem necessariamente incluir-se na categoria de pedofilia primária. Cometeu sim um crime sexual contra uma menor de 13 anos, modelo e aspirante à atriz, na casa de Jack Nicholson (ele não estava presente), quando estaria alcoolizado ou drogado. Os pais da pequena deram queixa na polícia e o caso foi levado aos tribunais, mantendo-se o processo em aberto por fuga do acusado, que em audiência inicial reconheceu ter mantido relações sexuais consideradas ilegais no estado norte-americano da Califórnia.
Pelo que é público, aos 75 anos de idade, decorridos mais de 30 anos do crime, nenhum outro incidente de igual natureza tisnou a biografia de Roman Polanski. Logo, por mais vergonhoso que o assunto seja, mesmo que seja outra de suas terríveis tragédias pessoais que o atormentam desde o Gueto de Varsóvia, nada mais pode lhe ser recomendado senão encarar o assunto com dignidade. Senão por ele-pessoa, por justiça à vítima que hoje está com seus 45 anos e pelo grande realizador de cinema que ele sem dúvida representa.
Para mim está claro que os limites são tênues e antes não desobrigam o rigor na punição de ambos, ainda que para os pedófilos primários, necessariamente, a penalidade deve se acompanhar de supervisão clínica especializada por toda a vida, posto que não é assunto para ser resolvido ou controlado apenas com o afastamento penal do indivíduo da sociedade. Ao modo dos serial killers, uma vez livres os pedófilos primários voltarão a delinquir.
Roman Polanski, por exemplo, parece-me um caso de agressor de adolescentes sem necessariamente incluir-se na categoria de pedofilia primária. Cometeu sim um crime sexual contra uma menor de 13 anos, modelo e aspirante à atriz, na casa de Jack Nicholson (ele não estava presente), quando estaria alcoolizado ou drogado. Os pais da pequena deram queixa na polícia e o caso foi levado aos tribunais, mantendo-se o processo em aberto por fuga do acusado, que em audiência inicial reconheceu ter mantido relações sexuais consideradas ilegais no estado norte-americano da Califórnia.
Pelo que é público, aos 75 anos de idade, decorridos mais de 30 anos do crime, nenhum outro incidente de igual natureza tisnou a biografia de Roman Polanski. Logo, por mais vergonhoso que o assunto seja, mesmo que seja outra de suas terríveis tragédias pessoais que o atormentam desde o Gueto de Varsóvia, nada mais pode lhe ser recomendado senão encarar o assunto com dignidade. Senão por ele-pessoa, por justiça à vítima que hoje está com seus 45 anos e pelo grande realizador de cinema que ele sem dúvida representa.
4 comentários:
Itajaí, muito boa a sua argumentação sobre a pedofilia e a relação com os fatos que envolveram o cineasta em questão.Mas, veja como ele tinha tanta certeza que iria "pagar pelo ato" que deu no pé.
Penso que o Polansky não é um pedófilo,e que é um homem sensível e um grande artísta, mas verifico o quão importante são as instituições à manutenção dos limites, principalmente os que envolvem sexualidade e crianças.
Grande abraço.
Marise, obrigado por teu comentário a este caso nebuloso.
Por exemplo, ele respondeu um processo cívil pelo mesmo crime e condenado endenizou a vítima em cerca de 230 mil dólares na época. A fuga está relacionada ao processo penal, em que o juiz estaria interessado em sentenciá-lo à prisão perpétua. Certamente seus advogados na época recomendaram que assim procedesse.
Recentemente, antes da atual prisão, foi lançado um documentário Polanski - Wanted and Desired (Polanski - Procurado e Desejado), no qual um promotor da época depõe que teria influenciado negativamente o ânimo do juiz sem ter bases concretas que justificassem.
Contudo, o tal promotor, já aposentado, hoje desmente o que disse, justificando que o fez porque não imaginava que o filme fosse passar nos cinemas dos EUA.
É um imbróglio típico de ricos e famosos. No meio, é claro, está a vítima que prefere que o caso já estivesse encerrado, pela exposição que ela e a família sofrem toda vez que o assunto é retomado na imprensa. Hoje ela é uma senhora casada com filhos e, anos atrás, à ocasião da premiação de Polanski no Oscar, deu um depoimento público em que afirmava que a relação não fora de modo algum consensual, mas perdoava o diretor franco-polonês e pedia que encerrassem o processo. Queria apenas esquecer e viver em paz.
Eu não acho que esta é a melhor maneira de esquecer. Penso que Polanski deve, mesmo depois de 30 anos, uma satisfação à sociedade. Certamente não é a prisão perpétua, mas desculpas públicas e um período de pena social bem lhe fariam à consciência e à imagem.
Este caso - mesmo abstraindo a sofisticação do protagonista - é emblemático de como precisamos enfrentar as questões penais desapaixonadamente. Ele mostra porque os crimes prescrevem (embora nos casos de fuga, nos EUA, não), como você mesmo disse: tantos se passaram e ele não voltou a cometer crime algum. Mostra, também, a relevância da posição da vítima, que voltou a declarar publicamente sua objeção ao processo, que chamou de "piada cruel".
Portanto, com ou sem glamour, qual o sentido de condenar Polanski, a esta altura do campeonato? Marcar posição? Argumentos de autoridade?
O problema é que o processo está em aberto e funciona como uma "piada cruel" que segue punindo sem completar sua institucionalidade. Polanski precisa acertar as contas com sua consciência e a sociedade, porém sem que um tribunal se transforme numa arena onde o juiz deverá elevar ou baixar o polegar, por influência dos apupos da turba.
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