Colagem by Val-André
As corporações de comunicação de massa, invariavelmente agem com o suporte de outras mídias como rádio e selos próprios, fechando o cerco sobre o consumidor; ditando modismos, alguns exóticos, e completamente fora da realidade da cultura nacional, influenciado-nos de modo danoso.
Não se trata aqui, evidentemente, da positiva influência da Música Popular produzida em outros países e cujo matiz, identifica-se com a nossa multifacetada composição racial.
Refiro-me exclusivamente ao modo torpe de se impor um gosto nacional. Um gosto hegemônico num país como este Brasil, riquíssimo como o caleidoscópio. Suas diversificadas manifestações musicais em sua área continental, fazem-nos uma dos povos mais admirados e ouvidos em todo o planeta azul.
A manipulação dessas redes sob o gosto popular é arrasadora e isso há muito sempre me incomodou.
Temos exemplos neste especial que ora publico.
Em primeiro lugar a forma.
Pagamos preços indecentes por um produto ridículo.
As CKD´s de Manaus empurram para o mercado nacional CD´s e DVD´s de qualidade duvidosa e depois queixam-se da implacável pirataria de seus produtos caros e com baixa fidelidade.
A fiscalização da qualidade de fabricação do produto é piada de mau gosto nesse país.
Experimente você mesmo comprar um CD importado e outro nacional.
Quando a fabricação dos trabalhos era em acetato – o antigo vinil – a coisa tornava-se caso de polícia.
A outra questão é sobre o conteúdo dessas deliberadas manipulações.
Uma sambista como a cantora Eliana Pittman, competente em sua área, gravou um deboche de nosso Carimbó, num arranjo medonho e que distorce as raízes do ritmo genuinamente paraense.
Letras sofríveis, mas, que encomendadas para um público de baixo nível cultural, fazem as registradoras dos manipuladores comerciais ganharem rios de dinheiro ao contar as agruras das prostitutas e das trabalhadoras informais, como se pode conferir nas faixas: 4 e 5.
Outro caça-níquel é a exploração das versões de sucessos internacionais.
A cobiça pelo dinheiro fácil na exploração desse filão contou com nomes hoje insuspeitos e outros que simplesmente desapareceram do mapa.
Cito como exemplo alguns intérpretes e até compositores brasileiros que cantavam em inglês na década de 70, fazendo cover de grandes hit´s ou gravando as próprias músicas. Muitas delas foram temas de novelas. Alguns fazem sucesso atualmente com o próprio nome.
Mark Davis e Uncle Jack - Fábio Jr.
Mea Cat - Maria Amélia (Harmony Cats)
Tony Stevens - Jessé
Don Elliot - Ralph (da dupla sertaneja Chrystian & Ralph)
Dave MacLean - comparecendo nesse especial com a faixa "We Said Goodbye", de 1974.
Destaco, ainda, um fenômeno sem precedentes no mercado fonográfico mundial. Trata-se do cidadão brasileiro Maurício Alberto, cujo nome de batismo foi literalmente traduzido para o inglês tornando-o famoso como Morris Albert.
A história desse músico é algo surpreendente. Uma música de sua autoria e interpretação, "Feelings", gravada em 1975, é uma das músicas mais executadas em todo o mundo. Maurício Alberto ficou milionário com os lucros de direitos autorais dessa música. Hoje está radicado no Canadá, onde, de seu mega stúdio, envia ao lucrativo mercado norte-americano músicos sob contrato de seu selo.
Quem foi adolescente na década de 70 dançou, namorou, paquerou ao som dessas músicas.
É o senhor Mercado ditando regras graças ao interminável apetite financeiro das grandes corporações de mass media do país.
No caminho contrário, atravessando o Atlântico em sentido oposto ao de Pedro Álvares Cabral, o português Roberto Leal enriqueceu no Brasil cantando as modinhas da Luzitânia. É um bregão, digamos, d´além Mar.
Há coisas engraçadas como o carioca Piu Piu de Marapendi - impagável – na faixa “Hoje eu vou me dar bem”. Uma gozação com o pessoal da Blitz, que fazia um estrondoso sucesso à época.
Há, ainda, os especializados em dor de cotovelo e corneamento explícito.
Em minha opinião, a campeã nacional da breguice é a cantora Gretchen, agora rebaixada ao posto de estrela pornô.
Essa história terá outros capítulos, se assim a audiência do blog sugerir.
Fico por aqui meus amigos e até a próxima.
Seleção por DJ VAMP.
Lista
01 - Manuela - Raphael - 1975
02 - Minha Ilha - Roberto Leal - 1975
03 - Mistura de Carimbó-Sinhá pureza-Carimbó do Mato - Eliana Pittman - 1975
04 - Secretária da Beira do Cais - Cesar Sampaio - 1975
05 - Funcionária da Calçada - Breno Silva - 1982
06 - Bate o Pé - Roberto Leal - 1977
07 - Não se Vá - Jane & Herondy - 1977
08 - Fuscão Preto - João Alves - 1982
09 - Eu Hoje Vou Me Dar Bem - Piu-Piu de Marapendi - 1982
10 - Vou Parar de Beber - Piu-Piu de Marapendi - 1982
11 - Vem fazer Glu Glu - Sergio Mallandro – 1982
12 - Melô do Piripipi (Jes Sui la Femme) - Gretchen - Festa com Gretchen & os 3 Patinhos - 1982
13 - 1,2,3 (One-two-three) - Gretchen - 1979
14 - Freak Le Boom Boom - Gretchen – 1979
15 - Creedancin´ - Harmony Cats - 1978
16 - Vou de Táxi (Joe le taxi) - Angélica - 1987
19 - Conga,conga, conga - Gretchen - Festa com Gretchen & os 3 Patinhos - 1982
18 - O Amor e o Poder - Rosana - 1987
Brasileiros que só cantavam em inglês:
01 - Aria for the Lovers - Mark Davis (Fábio Jr.) - 1975
02 - Feelings - Morris Albert - 1975
03 - We Said Goodbye - Dave MacLean - 1974
Até a próxima se Deus quiser.
16 comentários:
Val, salvo engano estrondoso, a Gretchen agora é... evangélica!!!
Abs.
Tomara que ela não banque a puritana agora como uma e outras fizeram.
Abraços e boas risadas com essas "pérolas".
INACREDITÁVEL! Sensacional.
"Não se váááááááááááááá!
Eu não posso suportar mais esta vida de amargura!"
Maravilha! Até hoje, essa canção é mote de brincadeias quando algum amigo está de partida. Já me diverti muito com ela.
Parabenizo o Val pelo ótimo texto. A seleção também está uma graça. Eu me lembro do "Eu hoje vou me dar bem".
Realmente, um tema inusitado e divertido.
Companheiros, é puro divertimento.
Enquanto isso, vamos aos outros volumes da Era Disco.
Abraços a todos.
Val, faltaram os gênios Fernando Mendes e Odair José. Faltou o "pare de tomar a pílula... por que você não deixa o nosso filho nascer??" (quem lembra?). Que tal um volume II pra suprir estas ausências?
Outra coisa: a inesquecível "Fuscão Preto", clássico das tardes de sábado da antiga TVS, não é do Almir Rogério?
Abraços e parabéns pelo post.
Não acredito que só o mercado é que imponha suas vontades. Existe muito aceitação também. O receptor tem o poder, sim, de decidir o que quer escutar. Mas é claro que a oferta é sempre a mesma e por falta de conhecimento e ignorância, em alguns casos, se limitam a esse universo. Sei disso porque muitos rejeitam mesmo qualquer outro tipo de canção que não esteja inserida nesses modimos.
Muito bom!
Edyr
Val-Xará,
"Tu é o cara!"
Isso é papo pra mais de metro. No boteco, é claro.
Estou te esperando por aqui.
Se demoras, eu vou aí.
Abração,
andre costa nunes
Francisco, concordo que o Val precisa incluir o Odair José no volume 2.
E o Waldick Soriano? I'm not dog no!!!!!!!!!!!!!
Val, please, give us some more!
Abs.
No volume sua ordem será atendida amado mestre Scylla. Tenho tudo isso aqui e mais um baú cheínho desse gênero. É música para vários anos. Rsss.
Abs.
Valeu Edyr.
Abs.
Meu mestre-xará, não me encabule.
Estou te esperando aqui para a festança dos 50 anos de Brasília.
Vem passar conosco e trás o Lafa.
Cai dia 21 de abril.
Paul Macartney está confirmado.
Se não fizer a reserva agora não terá vôo.
Confirmem se vem.
Só sobrou um quarto pra vocês.
Abs.
Francisco.
Atenderei seu pedido.
A versão que tenho de Fuscão Preto, infelizmente não era com o 'pai da criança'.
Abraços e já está saindo do forno o vol. 2.
Exatamente, anônimo das 10:17.
Val, se o teu repertório nesse campo brega é assim tão vasto, então inclui na próxima o Agnaldo Timóteo e o seu "Peguei o meu telefone/ Não tive coragem de telefonar pra você!"
Eu e meus amigos morríamos de rir cantando esses pout-pourris bregas, onde sempre havia Amado Batista ("No hospital, na sala de cirurgia/ Pela vidraça eu via você sofrendo a sorrir") e outros. Se eu me lembrar quais, venho pedir.
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