segunda-feira, 15 de março de 2010

Legítima defesa

A leitura da postagem imediatamente abaixo desta, na qual o nosso confrade Barretto fala sobre a iminente constituição da Associação dos Moradores do Murubira, em Mosqueiro, remeteu-me ao ano de 1995, quando fui estagiário da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente. Àquela altura, 8 em cada 10 reclamações versavam sobre poluição sonora, praga que domina esta cidade.
Certo dia, atendi a uma senhora muito fina, que se queixava de um clube na Alcindo Cacela (Norte Brasileiro, se não estou enganado). Ela não suportava mais não poder descansar, ver televisão, conversar ao telefone dentro de sua própria casa, aos sábados e domingos. Lá pelas tantas, ela me disse:
- Sabe a vontade que eu tenho? Reunir uns vizinhos e colocar umas caixas de som gigantescas voltadas para o clube. E deixá-los o dia inteiro ouvindo música clássica!
Sorri, pois era apenas um desabafo. Hoje, contudo, penso que o abuso dos calhordas é tanto, assim como a omissão das autoridades públicas, que às vezes é preciso mesmo dar uma de doido. Com doido, doido e meio, não é assim?
Chega uma hora em que o cidadão de bem, chefe de família, recolhido em Mosqueiro em busca de paz, deve ser encarado como em legítima defesa caso acione a vizinhança e, p. ex., bloqueie a rua para impedir a passagem dos veículos que trarão os insumos necessários para a realização das malditas festas. Nada de aparelhagem, nada de caminhão de cerveja, nada de carro do proprietário do dançará. Arme-se o maior salseiro. Aposto que, confusão armada, vai aparecer polícia, bombeiro, imprensa... e os que quiserem falar terão a oportunidade. Pode ser a última oportunidade do cidadão oprimido de ser visto pelas autoridades e fazer algo de bom acontecer.
Mas veja bem: eu não estou dando sugestão nenhuma...

6 comentários:

Carlos Barretto  disse...

Rssss.
Obrigado, Yúdice.
Nem se preocupe que por enquanto, não pensamos em barricadas e fuzis AR 15. Por enquanto, de vez em quando, pensamos em ovos.
Rsssss

Abs

Yúdice Andrade disse...

Não acho legal desperdiçar comida, Barretto. Que tal saquinhos com tinta? De preferência, fedida?

Anônimo disse...

Sugestao aceita. Mãos à obra, morubirenses!

Francisco Rocha Junior disse...

Tocar o que essa galera deve chamar de "música de enterro" talvez seja, realmente, a melhor ideia...

Alexandre Sequeira disse...

Carlos, parabéns pela iniciativa de propor a criação da associação. É muito triste ver nossa bucólica ilha transformada num inferninho de profundo mal gosto por uns poucos sem a menor noção do que significa civilidade e respeito pelos outros. Embora engraçada, a proposta de responder com a mesma moeda não me parece a melhor saída... acho que estaríamos incorrendo no mesmo erro. Precisamos lutar, acima de tudo, para que as leis sejam cumpridas, para que todos - moradores e visitantes -, possam desfrutar desse delicioso lugar.

Carlos Barretto  disse...

É verdade, Alex.
Mas não se deixe levar pela fina ironia de nossos comentaristas. O movimento, por ora, é de iniciativa pacífica, utilizando as ferramentas que o estado de direito proporciona aos cidadãos. Insistimos em confiar na justiça e nas leis que as autoridades devem zelar.
Abs