A pesquisa Datafolha de 27/03 foi realizada com 4.120 eleitores. A anterior do mesmo instituto foi realizada com 2.600 eleitores. Quando consultados por Veja, em 07/2008, sobre qual o número mínimo de entrevistados para uma pesquisa de eleição presidencial, IBOPE e Datafolha afirmaram que “não há um tamanho mínimo ou ideal para uma amostra eleitoral, o mais importante seria o grau de similaridade da pesquisa com o universo pesquisado”. Em termos de amostragem nacional, o Datafolha afirmava que suas pesquisas realizavam entre 2.000 e 2.500 entrevistas, enquanto o IBOPE calculava que entre 2.000 e 3.000 entrevistas era suficiente para realizar uma pesquisa de campo.
O que houve para o Datafolha ampliar o nº de entrevistas em março de 2010? Os custos para a realização com certeza aumentaram, e nem há evidência técnica que a explosão desse número serviria para garantir melhor qualidade técnica da informação. Além do mais, apesar do tamanho da amostra ser o dobro do limite inferior com que o Datafolha habitualmente trabalha, a margem de erro permaneceu igual em comparação à pesquisa de fevereiro passado: 2%. Seria o aumento do número de entrevistados necessário para equilibrar a amostra, face a composição regional de tendências do eleitorado?
Outra curiosidade é que na divulgação da pesquisa de março se deu pouco valor à resposta espontânea. Segundo tem informado o Datafolha, em processos eleitorais o ideal é observar o conjunto dos resultados trazidos do campo, de forma a construir um quadro compreensivo da dinâmica da intenção de voto. As taxas obtidas na intenção de voto espontânea podem, por exemplo, indicar o grau de consolidação do voto em uma candidatura. Por sua vez, também o Ibope considera que os dois tipos de respostas são importantes: a espontânea mostra quem já está "firme com cada candidato" e a estimulada mostra como o eleitor votaria se tivesse de decidir naquele momento entre os nomes dos candidatos apresentados pelo entrevistador.
Seguindo essa linha de raciocínio, se analisarmos os resultados da pesquisa espontânea do Datafolha é digno de nota como o voto em Serra é pouco consolidado entre os entrevistados, em contrário de sua performance na estimulada. Na espontânea divulgada em fev/2010, Serra tinha 7% e agora em março tem 8%. Dilma tinha 10% e agora tem 12%. Os que disseram espontaneamente que votariam no candidato do Lula eram 4% e agora são 3%.
Esses resultados não são dos mais animadores para o candidato tucano à sucessão de Lula e levantam algumas questões que merecem consideração...
Em termos comparativos, na eleição de 2006, observo que na pesquisa Datafolha de março/2006, quando então Geraldo Alckimin anunciava a sua candidatura depois de longo embate com Serra, Alkmin tinha 10% na espontânea e 23% na estimulada, Lula tinha 42% na estimulada e 38% na espontânea. Ainda que não fosse possível hoje e naquela altura afirmar que Alckimin fosse mais conhecido do que é Serra hoje, ou do que Serra foi algum dia, nem um dos candidatos em 2006 apresentava a diferença gritante de 28 pontos (espontânea - estimulada), que Serra registra nas últimas pesquisas divulgadas, o que por originalidade faz dele digno de registro no Guiness Book.
Assim, para lançar mais luz sobre o inusitado, apimentemos o passado e o presente nas perspectivas das seguintes evidências:
- Em 2006, o governo Lula tinha a aprovação de 32% dos brasileiros em comparação com os 76% que tem hoje.
- Por ocasião da disputa no ninho tucano sobre quem era mais popular para disputar o governo paulista - Serra ou Alckimin -, o segundo ganhava de lavagem apesar de toda a exposição do primeiro como o "melhor ministro da saúde" que o Brasil teve.
- Os registros anedóticos da caminhada anônima de Serra em Pernambuco, no carnaval passado, conforme registrado em vídeos no You Tube.
Waaal, assim exclamaria o finado Paulo Francis - e que D'us em sua infinita misericórdia o tenha em lugar politicamente correto!!
Por sua vez, com respeito a Dilma observamos uma distribuição mais coerente dos dados informados. Com base nos resultados da espontânea, observamos uma tendência positiva de consolidação da candidatura petista na medida em que observamos a diferença entre os votos estimulados e espontâneos diminuir em conformidade com um padrão mais verossímil. Uma constatação que denuncia o óbvio exagero publicado hoje na Folha de São Paulo, quanto a Serra se isolar na liderança da sucessão de Lula. Muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte.
2 comentários:
Água de esgoto, diga-se...
Bom domingo, Oliver.
Beijinhos.
Oi, Cris, quanto tempo!
Esgoto mesmo. Imagina que o cidadão cresceu exatamente onde o partido dele está levando a maior peia, na região SUL, casa de D. Yeda Crusius. Podemos daqui por diante entender que essa turma não vai fazer uma eleição com bons modos.
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