terça-feira, 20 de abril de 2010

Para não usar o termo correto

Você não acha que essa história da Hidrelétrica de Belo Monte já deu nos nervos? É o habitual estica-encolhe, vai e vem, libera e suspende - o que digo para não usar a expressão que realmente seria adequada para o caso, em nome da boa educação.
Não tiro a razão das partes adversárias. Compreendo que o governo tenha lá seus argumentos no campo energético, que em anos recentes demonstrou a sua vulnerabilidade. E compreendo, por afinidade pessoal ainda maior, os argumentos contrários, seja pela tentativa de adotar um modelo de produção energética considerado ultrapassado (mas altamente rentável para as empreiteiras, para os comissionados, etc.), seja pelos danos ambientais, seja pelos prejuízos às populações locais, seja porque os custos socioambientais são internalizados ao Pará, apesar de os benefícios serem externalizados ao Brasil, etc. Mas uma coisa me parece significativa: essa apurrinhação já dura tantos anos que teria dado tempo de regularizar o licenciamento ambiental, não teria?
Se essa josta pudesse sair do papel, ela poderia já estar sendo construída, com a pacificação do conflito. Por outro lado, se não há meios seguros de construir o mondrongo, também já deveria dado tempo de o governo encontrar uma outra solução.
Enfim, Belo Monte não é um jogo de xadrez, porque não parece ter estratégia alguma. Parece mais um teste de resistência de reality show, no qual os participantes ficam horas a fio em cima de um tronco de árvore, sem comer nem beber, tostando ao sol. Vence o último a desmaiar. Vence a prova, bem entendido. Porque não sabemos se o Brasil ganha mesmo alguma coisa com isso.

2 comentários:

avéiacachimbeira disse...

Perde a floresta, os povos que moram dentro do "distrito de conflito", a ecônomia sangrada pelos ávidos vampiros de sempre, o estado do para fica com a parte podre. Administra, sustentar e conciliar os conflitos e o caos deixado pelos senhores empreiteiros, políticos, juízes, procuradores e outros desse zoo invizível, que habita a floresta de pedra.

Anônimo disse...

O Ambientalista Sérgio Abranches em seu blog descasca o abacaxi deixando claro o que é , pra quem é o projeto .A capacidade de produção energética é mascarada , os custos são mascarados e o projeto dado de mão beijada aos tradicionais abutres via BNDES (financiamento de 80% a juros ridículos) e além disso desmascara e joga na cara-pálida das "otoridades" as alternativas muitas de produção de muito mais energia , mais barata , mais limpa e que ninguém quer saber : Eólica e pequenas usinas aproveitando pequenas bacias perto de onde já se tem redes de transmissão.
É só isso.O resto sabemos o que é.
Abraços Yúdice
Tadeu