terça-feira, 8 de junho de 2010
A Telemedicina e a Educação à Distância
Imagem: Worldpress
Se o governo dos E.U.A. reconhece que um quinto dos americanos vive em lugares remotos, sem acesso a médicos sequer para um atendimento primário, é de se pensar que a prática da medicina à distância deverá aumentar de maneira exponencial nos próximos anos naquele país.
Projetando os percentuais acima para o cenário brasileiro, talvez possamos chegar à conclusão que uns bons dois quintos dos brasileiros não têm medicina básica disponível. Se ainda traçarmos um rápido e superficial paralelo com a educação, o cenário não deverá ser tão distinto do da saúde, creio eu.
Com o avanço tecnológico brutal e a queda nos custos de equipamentos médicos e de transferência de dados, assim como de videoconferências, o Brasil, que começa a viver um momento de tímida expansão de cursos educacionais à distância , seja a nível superior, de pós-graduação ou mesmo de mestrado/doutorado, apresenta-se como um forte candidato a ser um país interativo por excelência.
Tudo conspira a favor no que diz respeito à saúde e também à educação: somos um país continental, um grande mosaico de contrastes; temos a melhor e a pior medicina e a melhor e a pior educação do mundo, convivendo dentro das nossas fronteiras; somos enfim “pobres” e “ricos”.
O brasileiro mediano é ávido pela aquisição de informações que possa levá-lo a mais educação e a mais saúde, se possível a baixo custo (é lógico!) e consequentemente a ter sucesso na vida.
Os problemas existem e existirão sempre nesta prática “impessoal”, como a falta de contato físico entre médico e paciente e a ausência de uma real atmosfera universitária nos cursos virtuais. Sem falar no terreno fértil para o charlatanismo.
Competirá aos ministérios e aos conselhos, de saúde e de educação, exercer a fiscalização da prática respectiva.
Mas penso que cada diagnóstico feito e cada vida salva, da Amazônia ao Sertão, do Pantanal aos Pampas, terá valido a pena. Da mesma maneira, cada vida transformada pela Educação à Distância poderá multiplicar o conhecimento.
Seja por simples webcam ou por sofisticado sistema de vídeo de alta definição, a Telemedicina e a Educação à Distância poderão caminhar de mãos dadas em breve no território brasileiro, compartilhando o mesmo projeto e o mesmo equipamento.
Por que não?
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5 comentários:
Scylla,
No Brasil a tecnologia não é em si novidade. Falta contudo dar a ela um projeto que contemple tuas considerações, que são minhas também. A USP manteve um projeto nesse sentido em Rondonia e no Ministério da Saúde, a Secretaria de Gestão do Trabalho e formação profissional desenvolve um projeto no foco de formação de RH.
Quem tem a melhor experiência na área de telemedicina são os canadenses. Lá as províncias são autônomas e aquela com população majoritariamente indígena tem o seu sistema de saúde todo fundamentado na telemedicina.
Se eu tivesse continuado coordenador nacional de urgência no MS, um dos caminhos que eu seguiria seria este. Cheguei a adiantar em entrevistas o assunto. Mas aí um desses fdp que circulam pelo mundo para se apenas se darem bem, passou-me uma rasteira e então eu saí com minha dignidade para outra área, porque seria demais eu me engalfinhar instucionalmente com um tipo daqueles.
Itajaí, você considera viável no futuro a criação de um sistema de transmissão de dados em comum para a saúde e para a educação? O custo não seria mais acessível com o aproveitamento do sistema por 2 ou mais ministérios?
Sem dúvida que temos tecnologia para isso, mas como te digo falta ainda um momento que afine esse projeto, que é custo-efetiva tanto para a área da saúde quanto para a educação. É necessário, portanto, tirá-lo do papel ou dos chamados projetos pilotos. Não há outra solução para garantir cuidados especializados em regiões como Centro-Oeste, Norte, Nordeste, região do semi-árido brasileiro e o chamado Vale do Ribeira no Sudeste. Mas com um detalhe: com remuneração do profissional que ficar dedicado às centrais. Mas aí estamos entrando no que hoje, ao lado da irresponsabilidade dos gestores municipais e dos estaduais, constitui um dos nós górdios do SUS. É muito pano pra manga.
Itajaí, percebo pelas suas palavras que existe uma distância abissal entre uma boa idéia e a viabilização política da mesma.
Este cenário poderá mudar para melhor no próximo mandato presidencial, caso o PT vença, pelo menos no que diz respeito à saúde?
PS: desculpe "explorá-lo" neste tema, mas a minha intenção é adquirir informações do mundo "real", do qual às vezes penso não fazer parte.
Oxalá, mude. Temos de lutar para evoluírmos. Mas, se você de fora acha que não pertence ao mundo real, imagine o que acontece comigo, "insider" no bucho da baleia. Estou exausto.
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