Assisti no último sábado o filme israelense "Andando Sobre as Águas" (Walk On The Water), dirigido por Eytan Fox. Trata da missão de um agente do Mossad para descobrir o paradeiro de um criminoso de guerra da Alemanha Nazista, a partir da aproximação com o neto do foragido que viajara até Israel para visitar a irmã rebelde que decidira viver num kibutz. Nesse contexto problemas e valores morais são discutidos com sobriedade: a impossibilidade do diálogo pelo preconceito, os relacionamentos amorosos e os vazios existenciais e as dimensões do presente sitiado pelo passado.
O nome do filme deriva do desejo do jovem alemão em conhecer o Mar da Galiléia, onde Jesus caminhou sobre as águas. Num diálogo emblemático que sublinha a sensibilidade do personagem, igual prodígio apenas seria possível se os homens conseguissem chegar até o lugar com a mente livre de seus tormentos, purificados. Não devemos contudo imaginar que tratamos de uma obra piegas.
O filme substancia a alegoria da morte da política numa sociedade exausta de desencontros com a História, que prefere seguir em frente sem olhar para trás e para os lados, repetindo os mesmos erros quando pretende libertar-se deles. No final assiste-se o encontro entre gerações; de uma Alemanha que prefere matar o passado a enfrentá-lo, com um Israel vencido pela exaustão de uma guerra sem fim.
Ainda que o diretor tenha prolongado o filme por cerca de três minutos, decerto por exigência dos produtores para que não pairassem dúvidas sobre a relação de amizade entre o jovem alemão e o agente israelense, mesmo assim é um filme em que a qualidade da direção e a originalidade com que foram explorados temas tão complexos fazem dele uma boa indicação.
2 comentários:
Otimo filme, mesmo pra ver em DVD. Aliás, o cinema de Israel está dando um grande show, nos ultimos cinco anos.
É verdade, Raul. Por aqui sempre aparece algum representante em DVD.
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