Quando adolescente, estudei música no então Conservatório Carlos Gomes. Era época em que a plateia de música erudita de Belém ainda era pequena, elitizada e desacostumada a bons espetáculos.
O Festival de Música de Câmara, embrião do que posteriormente viria a ser o Festival Internacional de Música do Pará, promovido pelo Governo do Estado, ensinou algumas gerações de nossa cidade a ouvir e conhecer compositores eruditos.
Passados 20 anos, reputo esta uma política pública de incentivo e disseminação da cultura das mais eficientes que este Estado já teve. Creio que o permanente interesse da população em eventos deste tipo se deve ao fato de que, apesar da maior ou menor importância a ela dada pelas lideranças administrativas e políticas de plantão, houve certa continuidade em sua realização.
Assim se deu oportunidade à criação e educação de uma razoável plateia, que passou a conhecer e ter vínculos com a música. A criação de espectadores, por outro lado, tornou possível criarem-se atores deste cenário. Os ouvintes passam a ser músicos, cantores, gente interessada na continuidade de um projeto coletivo que vem dando certo.
Por isso, é muito bacana saber que o Coro Carlos Gomes, regido pela maestrina cubana Maria Antonia Jimenez, viajou nesta última segunda-feira para Viena, capital austríaca, para participar do XXVII Concurso Internacional de Coros Franz Schubert, que começou ontem e irá até o próximo dmoingo, 28 de novembro.
Prova ainda maior da qualidade da música erudita que se está produzindo no Pará é o fato de que o Coro foi convidado para, na programação do evento, fazer um concerto de gala na Schubertkirche, igreja onde o compositor Franz Schubert foi batizado. A igreja é considerada como um dos locais mais adequados para se executar suas obras, no mesmo ambiente acústico e fazendo-se uso do mesmo órgão a fole que ele utilizou originalmente.
Parabéns ao Coro. Sucesso sempre.
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