sábado, 29 de janeiro de 2011

België versus Belgique: o impasse



Já vamos para 8 meses sem governo na Bélgica. Na verdade, a gente diz sem governo, mas há um provisório no controle do país, desde junho do ano passado. Trata-se do período mais longo em que o país fica sem um governo real , desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Os políticos tentam formar um gabinete, a partir do resultados das urnas em junho de 2010. Em Flandres, o vencedor dessa eleição foi Bart De Wever, do partido nacionalista N-VA. Na Valônia, o vencedor foi o socialista Elio Di Rupo. São diferenças históricas, mentalidades diferentes, visões de mundo opostas. Os flamengos, que falam neerlandês, são maioria no número de cidadãos e também no peso econômico. Os valões, que falam francês, são 2 milhões a menos que os flamengos e são os que mais pesam no orçamento federal quando se trata de seguro-desemprego e financiamento das dívidas públicas. E assim, o país, exemplo da conciliação entre os espíritos germânico e latino, continua num impasse. A sociedade se mobiliza, mas sem resultados concretos. Uma multidão de mais de 30 mil pessoas saiu às ruas de Bruxelas, há uma semana, num protesto chamado de Shame. O ator Benoit Poelvoorde, um dos mais conhecidos da Bélgica, fez um apelo aos seus concidadãos: que deixem a barba crescer até que um novo governo seja formado no país. Acho que ele vai virar um Matusalém.
Para entender um pouco mais esse angu de caroço, mostro a vocês este pequeno vídeo do cineasta francês Jérome de Gerlache, com roteiro de Marcel Sel, blogueiro e autor do livro Walen Buiten- Révélations sur la Flandre flamingante. É um curta de 4 minutos que brinca com clichês, mas que toca no surrealismo da construção institucional do meu querido segundo país.
Ah, e mesmo sem governo, tudo funciona na Bélgica. Isso é que é mais surreal.

4 comentários:

Scylla Lage Neto disse...

Edvan, essa idéia poderia ser aproveitada no Brasil. Talvez com 8 meses sem governo o país funcionasse um pouco.
Abraços.

Yúdice Andrade disse...

Acho que não, Scylla. Aqui em Belém estamos sem governo há mais de seis anos e não funciona quase nada.

Scylla Lage Neto disse...

Yúdice, por "sem governo" eu quis dizer sem nenhuma ação do executivo. Nenhuma mesmo. Nem em proveito próprio...
Abs.

Andrea filha do Pedro do Fusca disse...

Apos quase dois anos sem Primeiro Ministro, o socialista Elio Di Rupo foi enfim aceito. Vitoria do povo Valao, mas so Deus sabe ate quando...