quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Goela abaixo


Imagem: Museu Muettert

Será normal um médico preservar e colecionar mais de dois mil objetos retirados de dentro dos seus pacientes?
Obsessão, fetiche ou ciência?
Pois o médico laringologista americano Chevalier Jackson criou um enorme acervo de parafusos, pregos, alfinetes, medalhas, chaves e até binóculos em miniatura que ele mesmo retirou de pacientes adultos e crianças, no final do século 19 e no começo do século 20.
Graças a uma matéria que li na The New Press resolvi encomendar o livro Swallow, de Mary Capello, sobre Jackson e sua bizarra coleção.
Para os mais curiosos, em 18 de fevereiro próximo será aberta exposição dos objetos de Jackson, no Museu Muettert, da Faculdade de Medicina da Filadélfia.
Não pude deixar de lembrar de alguns slides que meu pai, proctologista, usava em suas aulas sobre “corpos estranhos no reto e no cólon”.
Como cantava Jim Morrison, “People are strange...”

9 comentários:

Val-André Mutran  disse...

Ficarei com meus carros, selos e discos. Rsss.

Scylla Lage Neto disse...

Cada um coleciona o que tem, o que pode, e o que o seu cérebro manda, Val.
Rsss.

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Scylla,
Chevalier Jackson teve brilhantes contribuições para a Medicina e, logicamente para a humanidade, como você bem sabe. Eu te confesso que tenho alguns destes guardados comigo, agentes estranho empalados no tórax de diversos pacientes que tratei no PSM da 14 e no Metropolitano, só que sob forma de fotografia, guardada no meu computador. Não estou querendo entender este desbravador da endoscopia "per os", mas acho que o fascínio pelo próprio trabalho criou nele uma forma diferente de montar seu próprio banco de dados em cuja época, certamente não havia outra forma. Imagino isso por ele ter escrito 20 livros e mais de 400 artigos sobre endoscopia (digestiva e respiratória) e cirurgia torácica. Eu assim justifico que tenha sido unica e exclusivamente por CIENCIA.

Scylla Lage Neto disse...

Roger, fico feliz pela sua manifestação de defesa e concordo com o lado científico de Jackson, o qual relata até 95% de sobrevivência em procedimentos que poucos ousariam fazer naquela época.
A controvérsia reside no fato de que a sua obsessão pelo resgate dos objetos é que teria sido o verdadeiro combustível para que o mesmo salvasse vidas.
Seria a loucura de Jackson “boa” para os pacientes?
Acho que aqui reside o lado poético destas histórias hoje pouco lembradas pela moderna medicina.
Um abraço.

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Scylla. Talvez a manifestação psicodélica de Jackson tenha se manifestado desta forma. Psicodelismo, este, que habita cada um de nós. Nele, coincidiu com as suas proezas pela humanidade que a nós, mero mortais, entendemos de forma estupefaciente. Outro abraço.

Paulo Santos  disse...

O raio X parece coisa de artista.

Scylla Lage Neto disse...

Paulo, o homem e a natureza juntos fazem arte até na medicina.
Abs.

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Scylla, o Paulo precisa conhecer a primeira radiografia da história. Aquela realizada por Wilhelm Conrad Röntgen (Lennep, 27 de março de 1845 — Munique, 10 de fevereiro de 1923) o descobridor dos Raios X. Ele radiografou (pode ser fotografou, na ótica do artista) a mão da própria esposa, que usava a alinça de casamento. Perpetuou através do tempo, o valor do casamento e da sua imagem... Isso vai além da arte, meu caro Scylla.

Scylla Lage Neto disse...

É verdade, Roger.
E o que vem além da arte?
A alma? O etéreo? O amor?