sexta-feira, 15 de abril de 2011

Direto do Vale do Vento


Nausicaä, o mangá


Faz tempo que eu tinha sedimentada em minha mente a idéia de que O Incal, Antes do Incal e A Casta dos Metabarões seriam inquestionavelmente as melhores produções de quadrinhos jamais produzidas. As três obras englobam um complexo universo ficcional criado pelo chileno Alejandro Jodorowski e foram desenhadas respectivamente pelo francês Moebius, pelo sérvio Zoran Janjetov e pelo argentino Juan Giménez. Seu conteúdo metafísico, satírico e filosófico jamais poderia ser igualado ou superado, pensava eu.


Pois há alguns meses, meu filho me pediu para comprar na Ná Figueiredo da Estação das Docas o primeiro volume do mangá Nausicaä do Vale do Vento, de Hayao Miyazaki.


Como sempre tive dificuldade com os nomes orientais, acabei não percebendo que o autor e desenhista da obra era ninguém menos que o comandante do Ghibli, o mais famoso estúdio japonês de filmes de animação, diretor de obras-primas como A Viagem de Chihiro e do extraordinário O Castelo Animado.


Pois bastou dar uma espiadinha no volume 1 de Nausicaä, para encomendar imediatamente o 2, 3, 4 e o 5. Lamentavelmente ainda não achei os volumes 6 e 7 em português.


E tenho imensa dificuldade de expressar o quanto fiquei encantado com a epopéia de Nausicaä, personagem sublime, resultante da mixagem das personalidades de Nausicaä, da Odisséia, de Homero (só para recordar, Nausicaä era a princesa da Feácia que socorreu Ulisses na praia) e da Princesa que Amava Insetos, um conto do folclore japonês que remonta ao século XI.


Na verdade, a fascinação provocada pela carismática menina que busca encontrar a coexistência pacífica entre os homens, e destes com a natureza, tem contagiado muitos leitores mundo afora. Moebius, por exemplo, deu o nome de Nausicaä a uma filha.


Consegui comprar o filme homônimo, de 1984, após um rigoroso trabalho de garimpagem.


Este, no entanto, constitui um capítulo a parte.


Enfim, recomendo com veemência as obras mencionadas aos flâneurs, comentaristas e amigos, reconhecendo que mesmo os velhos corações e as velhas mentes devem manter-se abertos às vibrações de novos ventos – novos amores, como Nausicaä, virão!



2 comentários:

Unknown disse...

Olá!
Nausicaä é um dos meus mangás favoritos. Pode-se até não gostar (mais) daqueles desenhos japoneses meio que enlatados mas é difícil não vibrar no ritmo das peripécias da saga da princesa do Vale dos ventos. Miyasaki-sensei é um senhor mangaka!
Gosto muito também de Jirô Taniguchi.Acho que foi aqui no Flanar que eu li um comentário sobre um dos livros dele o "Gourmet solitário". Gostaria que editassem mais coisas dele aqui no Brasil.
Abs cordial, Rz

Scylla Lage Neto disse...

Rz, eu penso que Miyazaki pôs tanta energia em Nausicaä, que chego a ver cargas de sentimento em cada pequeno detalhe, página a página.
Quanto ao nosso mercado editorial, creio que teremos que esperar muito tempo por outra obra de Tanigushi. Salvo algum milagre.
Abraços.