sábado, 16 de julho de 2011

O último austro-húngaro

Os olhares europeus, mesmo dos que não simpatizam com as velhas monarquias do Velho Mundo, estão voltados, hoje, para Viena, capital austríaca. É onde Franz Joseph Otto Robert Maria Anton Karl Max Heinrich Sixtus Xaver Felix Renatus Ludwig Gaetan Pius Ignatius von Österreich, ou simplesmente Otto Habsburg será sepultado. Ele era filho do último imperador austro-húngaro. Na foto ao lado, Otto aparece no enterro do tio-avô, o imperador Francisco José I, acompanhando os pais Carlos de Habsburg e Zita Bourbon-Parma. Otto Habsburg era mesmo um nobre no sentido mais puro da palavra. E um europeu acima de tudo: ele tinha quatro nacionalidades: era austríaco, húngaro, alemão e croata. Foi um dos incentivadores da União Européia, membro do Parlamento Europeu e presidente da União Internacional Pan-Européia. Foi opositor do nazismo (que anexou a Áustria) e do comunismo da cortina de ferro (que massacrou seus súditos húngaros) e lutou pela unidade da Europa, tirando lições dos horrores de duas grandes guerras. Otto morou em Portugal, mais precisamente na Ilha da Madeira, onde a família Habsburg chegou depois de ser salva ao ganhar um visto do governo português para escapar da fúria nazista na invasão da França, na Segunda Guerra. Ele morou ainda na Bélgica, onde estudou Ciência Política na mesma faculdade da Universidade de Leuven onde eu fiz meu mestrado (olha, tenho mais um motivo para simpatizar com ele). Nas últimas décadas da vida, Otto morou na Alemanha, onde foi eleito deputado europeu pela Baveira.


Em 1989, Otto ajudou a organizar o "Piquenique Pan-Europeu" na fronteira austro-húngara (foto ao lado). O evento promoveu uma abertura rápida da Cortina de Ferro que separava o Ocidente capitalista do leste europeu comunista, fomentando ainda mais o movimento que levaria à queda do Muro de Berlim. Nada mal para um descendente da imperatriz Maria Teresa Habsburg, chamada mãe da Europa, cujos filhos e filhas casaram com os herdeiros das casas reais de todo o continente: desde a Suécia até Portugal e ainda, além-mar: a nossa imperatriz do Brasil, Leopoldina, afinal era uma Habsburg, filha de Maria Teresa.

O site da cidade de Viena conta mais sobre o funeral e a vida de Otto Habsburg.




Um comentário:

Val-André Mutran  disse...

Uma personalidade influente por demais.
Interessante post Edvan.
Um abraço.