Ciência diz por que músicas como "Someone Like You" de Adele fazem chorar
Do UOL, em São Paulo
A ganhadora de seis Grammy’s Adele é famosa por sucessos que fazem todo mundo chorar, como "Someone Like You" e "Rolling in the Deep". E a ciência tem uma explicação para o fenômeno. É o que conta Michaeleen Doucleff, em sua coluna no The Wall Street Journal.
Apesar de a experiência pessoal e a cultura pesarem, pesquisadores descobriram que certas características musicais mexem com as emoções. A melodia correta, combinada com letras de rompimento amoroso e a voz potente de Adele enviam ao cérebro sinais de recompensa.
Há 20 anos, o psicólogo britânico John Sloboda conduziu um experimento que identificou a “appoggiatura”, um tipo de nota musical constante em músicas que emocionam. Esta nota se choca com a melodia e cria um som dissonante, isto cria tensão ao ouvinte, contou Martin Guhn, psicólogo da Universidade de Columbia, que co-escreveu um estudo em 2007 sobre o assunto. "Quando as notas retornam à melodia anterior, a tensão é resolvida, e é bom".
"Someone Like You" está cheia de ornamentos semelhantes às "appoggiaturas". Além disso, no refrão, Adele ligeiramente modula seu tom no final de notas longas, momentos antes de o acompanhamento ir para uma nova harmonia, criando uma mini-montanha-russa de tensão e resolução, diz Guhn.
Em seu estudo, o psicólogo descobriu que as músicas que fazem chorar compartilham pelo menos quatro características: elas começam suavemente e depois se tornam altas; incluem a entrada abrupta de uma nova “voz”, seja um instrumento ou harmonia; elas expandem a frequência tocada e têm desvios inesperados na melodia e harmonia.
“A música começa com um padrão suave e repetitivo”, diz Guhn sobre "Someone Like You". Quando começa o refrão, a voz de Adele salta uma oitava, e ela canta as notas em um volume crescente. A harmonia muda enquanto a letra se torna mais e mais melancólica.
Doucleff diz no texto que quando a música de repente quebra seu padrão esperado, nosso sistema nervoso simpático entra em alerta máximo, nosso coração acelera e começamos a suar. Dependendo do contexto, interpretamos este estado de excitação como positivo ou negativo, feliz ou triste.
Um estudo no ano passado de Robert Zatorre e sua equipe de neurocientistas da Universidade McGill relatou que musicas emocionalmente intensas liberam dopamina nos centros de prazer e recompensa do cérebro, semelhante aos efeitos da comida, sexo e drogas. Isso nos faz sentir bem e nos motiva a repetir o comportamento.
Para medir as respostas dos ouvintes, a equipe descobriu que o número de arrepios estava correlacionado com a quantidade de dopamina liberada, mesmo quando a música era muito triste.
Há 20 anos, o psicólogo britânico John Sloboda conduziu um experimento que identificou a “appoggiatura”, um tipo de nota musical constante em músicas que emocionam. Esta nota se choca com a melodia e cria um som dissonante, isto cria tensão ao ouvinte, contou Martin Guhn, psicólogo da Universidade de Columbia, que co-escreveu um estudo em 2007 sobre o assunto. "Quando as notas retornam à melodia anterior, a tensão é resolvida, e é bom".
"Someone Like You" está cheia de ornamentos semelhantes às "appoggiaturas". Além disso, no refrão, Adele ligeiramente modula seu tom no final de notas longas, momentos antes de o acompanhamento ir para uma nova harmonia, criando uma mini-montanha-russa de tensão e resolução, diz Guhn.
Em seu estudo, o psicólogo descobriu que as músicas que fazem chorar compartilham pelo menos quatro características: elas começam suavemente e depois se tornam altas; incluem a entrada abrupta de uma nova “voz”, seja um instrumento ou harmonia; elas expandem a frequência tocada e têm desvios inesperados na melodia e harmonia.
“A música começa com um padrão suave e repetitivo”, diz Guhn sobre "Someone Like You". Quando começa o refrão, a voz de Adele salta uma oitava, e ela canta as notas em um volume crescente. A harmonia muda enquanto a letra se torna mais e mais melancólica.
Doucleff diz no texto que quando a música de repente quebra seu padrão esperado, nosso sistema nervoso simpático entra em alerta máximo, nosso coração acelera e começamos a suar. Dependendo do contexto, interpretamos este estado de excitação como positivo ou negativo, feliz ou triste.
Um estudo no ano passado de Robert Zatorre e sua equipe de neurocientistas da Universidade McGill relatou que musicas emocionalmente intensas liberam dopamina nos centros de prazer e recompensa do cérebro, semelhante aos efeitos da comida, sexo e drogas. Isso nos faz sentir bem e nos motiva a repetir o comportamento.
Para medir as respostas dos ouvintes, a equipe descobriu que o número de arrepios estava correlacionado com a quantidade de dopamina liberada, mesmo quando a música era muito triste.
Gosto de música, gosto de Adele e gosto de neurociências, território de nosso confrade Scylla. Então me interessei pela matéria acima e quis compartilhá-la.
Que música emociona os nossos caríssimos leitores? Eu poderia citar muitas, claro, sempre relacionadas a uma situação particular ou à lembrança de pessoas queridas. São muito curiosos os caminhos da nossa emoção. Veja-se o meu caso, em relação à canção "Deborah", de Jon Anderson e Vangelis. Sempre a achei belíssima, mas depois que minha filha nasceu, ela começou a me por lágrimas nos olhos. A letra é uma declaração de amor de alguém por uma criança, que deduzo ser sua filha. Algo semelhante acontece com a canção "Ao que vai chegar", de Toquinho, que eu cantava para Júlia quando ainda estava na barriga da mãe.
Alguém aí tem uma intimidade musical que deseje nos contar?
3 comentários:
Eu tenho. Gosto de jazz desde muito jovem, passei um tempo prá sacar a minha afinidade com o jazz. Me lembro que meu avô, Augusto Morbach, ficava pintando - era pintor de quadros - e reclamando daquela música que ele considerava "briga de gatos". Me pedia prá tirar e colocava músicos que ele adorava: Bach, Mozart, etc. Anos depois, saquei que de tanto ouvir música clássica eu me senti livre a primeira vez que ouvi o jazz porque ele destoava completamente da sonoridade das músicas de "meu Avô". E sempre que tenho saudades dele volto para aquele cenário do começo dos anos 1970 e tenho a deliciosa sensação de me libertar daquela sonoridade e de tê-lo de novo por perto. Abs.
Yúdice e Marise, a música evoca muitas áreas corticais, acionando um sem número de conexões cerebrais.
Mesmo que o mecanismo completo fuja do nosso entendimento pleno, viver uma "emoção musical" é um fenômeno a ser arquivado para sempre na nossa memória afetiva.
Ao ouvir as bandas da minha juventude, me sinto uns dois punhados de anos mais novo. Parece que os sonhos são despertados, umedecendo a realidade por vezes dura do estado de vigília.
Abraços.
Agradeço a intimidade, Marise. E tinha certeza que haveria uma referência científica para nós, Scylla.
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