sábado, 31 de março de 2012

15 dias nas nuvens



Meu pouco conhecimento da literatura japonesa sempre engatou nos mesmos três autores: os universais Yukio Mishima, um dos maiores escritores do Século XX, e Murasaki Shikibu, fantástica cortesã do Século XI (autora de Histórias de Genji), além do contemporâneo e ocidentalizado Haruki Murakami, citado de vez em quando aqui no blog.
Quando resolvi mergulhar de cabeça no livro 14 Contos, de Kenzaburo Oe (prêmio Nobel de literatura em 1994; Companhia das Letras; 2011), jamais imaginei que encontraria um universo tão silencioso e tão cheio de delicadeza e dignidade.
Os contos, apesar de serem tão diversos em forma, estilo e posicionamento temporal (foram escritos entre 1957 e 1990), conseguem nos trazer a tona um turbilhão de emoções principalmente através do silêncio, do que não é e nem pode ser dito.
O talento do escritor é tão grande que ele consegue nos mostrar sem palavras o que os personagens não conseguem dizer.
O meu planejamento inicial era ler um conto por dia, mas uma estória em particular, Exultação, me obrigou a fazer uma releitura no dia seguinte e ficou por uns três dias na minha mente. Poucos contos eu li tão repletos de amor e sensualidade, quanto este.
Para quem quer atravessar a porta da literatura japonesa e sair um pouco deste nosso mundo mundano, não consigo pensar num livro melhor.

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