Clara Nunes: inesquecível

 

Foto: Google Imagens

- Filha, lembra da cantora Clara Nunes, aquela que canta: o mar serenou quando ela pisou na areia... ? E também aquela outra que você adora: ô-ô-ô-ôôô..., o canto do trabalhador?

- Sei, sei, mãe, já sei quem é.

- Pois é, se ela não tivesse morrido, ia fazer 70 anos hoje, sabia?

- Ela já era bem velhinha, mãe?

- Não, mas fez uma cirurgia e alguma coisa não foi bem. Por isso, ela morreu.

- A senhora não vai fazer nenhuma cirurgia, né?

Pois é, o diálogo que travei com minha pequena cidadã Helena, ontem (12), quando a belíssima mineira Clara Nunes completaria 70 anos de idade, se estivesse viva, me lembrou também que muito pouco se falou dela por esses dias, tomados por outros “setentões”, que ainda estão vivinhos da silva, como Caetano Veloso e Gilberto Gil. São geniais, sim. Curto muito os dois. Buenos Aires não deixou por menos: meses antes de agosto já publicava matéria sobre o ilustre Caê, garantindo que seria uma festa nacional no Brasil. Ainda virão Milton Nascimento e Paulinho da Viola este ano. Quantos mestres da música brasileira, entre os de repercussão nacional. Mas eu acho que deveria, sim, ter havido maior atenção à Clara Nunes, "filha de Ogum com Yansã". Ela também teve repercussão nacional com seu trabalho, mas, acima de tudo, teve muito talento e a coragem de expressar, em parte de sua carreira, notas das nossas raízes africanas. O único CD que tenho dela também veio na minha enxuta bagagem para a Argentina. Fica meu "mimimi" e meu axé!