segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Barbeiro-Cirurgião (microconto)


Tinha malabarismo com as mãos para deixar os cavanhaques da aristocracia francesa bem apurado. Ambrósio aprendeu o ofício com o pai, por isso não era um reles barbeiro - todos sabiam. Quando foi convocado para guerra apresentou-se armado de navalha, óleo fervente, gema de ovo e terebentina. Não apareceu cavanhaque. Danou-se a ser cirurgião.

13 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Depois da aristocracia francesa?

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Ano de 1537, rompendo o período medieval.

Marise Rocha Morbach disse...

Tá legal!

Erika Morhy disse...

Felicitações pelo valente barbeiro! Fecilitações pelo cirurgião do possível. E uma efusiva salva de palmas às letras que escorrem da navalha de ambos.

Pedro do Fusca disse...

Quer dizer que isto de se passar como médico vem de muito tempo é
por isto que certamente o nosso "oftalmologista" Duciomar Costa resolveu ter um diploma fajuto e ganhar dinheiro enganando o povo.

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Erica e Marise, enviei o microconto para alguns cirurgiões daqui e de alhures. Alguns se manifestaram positivamente a essa maneira lúdica, até anedótica, diria, de recontar a história da ciência, da medicina. Uma delas é a desse francês, Ambroise Parè (aqui é Ambrósio), considerado o pai da Cirurgia Moderna. Antes de tudo, era um habilidoso barbeiro cortejado no seu meio, que ao perceber que poderia ajudar ao próximo (demasiadamente humano) lançou mão dessas ferramentas durante uma batalha.

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Não, Pedro. Não. Não foi isso. Estou contando de forma lúdica a história da "pré-coisa". Como tudo começou na França a partir de 1537. Com efeito, em 1552, Ambroise Parè ficou tão famoso que se tornou cirurgião do rei Henrique II e a partir de então teve a seus cuidados os monarcas Francisco II, Carlos IX e Henrique III. Antes disso, meu caro Pedro, A cirurgia não exisitia como ciência (ocidental). O que o Duciomar fez foi um insulto à história da Medicina e à profissão em si.

Marise Rocha Morbach disse...

Ótima ideia Roger: ficou muito bom.

Scylla Lage Neto disse...

Roger, o cirurgião-barbeiro foi convocado em Gaza. E deve levar sua navalha e o óleo fervente,,,
Lindo e inspirador o seu texto!

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Scylla, Lá não há tempo para atuação do nosso Ambrósio; já chegam só para serem empilhados nos IMLs. Ademais, pergunto, será que lá tem GAZE para comprimir os ferimentos dos que sobraram? Pois não bastará terebentina e gema de ovo. Se não tiver gaze, então só resta passar a FAIXA, imobilizar e mandar para um centro especializado, se der tempo.

Marise Rocha Morbach disse...

Scylla, só agora percebi o seu "savoir-faire", rsrsrsrs; muito bem neurologista, rsrsrs... Eu indo com as frutas e você vindo com a salada: legal;rsrsrs....

Scylla Lage Neto disse...

Savoir-faire, Marise!?
Que expressão bonita!
É de alguma língua morta?
Rss.

Pedro do Fusca disse...

Geraldo Roger Normando, muito bom o seu esclarecimento como sempre sobre o inicio da Medicina.