A
criptozoologia é o ramo da Biologia que investiga seres de existência incerta –
literalmente: estudo dos animais ocultos. A julgar pela reação do ornitólogo
David Oren, que conheceu em suas próprias pesquisas o desdém que a
criptozoologia desperta nos cientistas, esta nova ciência, que recentemente (2012) lançou Journal of Cryptozoology, está
fadada aos descrédito. Oren nasceu nos Estados Unidos, mudou-se para o Brasil
em 1977 e trabalhou mais de 25 anos como pesquisador do Museu Emílio
Goeldi, aqui em Belém. Em 1996, tornou-se
brasileiro - costuma dizer que é papa-chibé. É
desde 2009 coordenador de ecossistemas e biodiversidade do
Ministerio da Ciência.
Oren tem uma hipótese para
explicar um dos mais emblemáticos personagens do folclore amazônico: o mapinguari,
descrito em muitos relatos como uma criatura gigante e malcheirosa de pelagem
avermelhada, que solta urros pavorosos e pode passar de 2 metros de altura.
Numa viagem ao Acre nos anos 90, Oren conheceu um bomem que disse ter
visto uma fêmea do Mapinguari com filhotes e descreveu como eram as fezes do do animal,
qual era a sua comida predileta e outros detalhes de sua biologia. “Eu estava
diante de uma pessoa que claramente não estava mentindo”, disse o pesquisador
num português sem sotaque. “A luz acendeu: o que esse homem estava descrevendo
só podia ser uma preguiça gigante.”
Oren
se referia a um grupo de mamíferos que povoou o continente Americano há cerca
de 10 mil anos. Ao contrário das preguiças atuais, que vivem em árvores, eram
animais terrestres,
alguns maiores até que os elefantes de hoje. Se uma espécie desse grupo
tivesse sobrevivido até nossos dias, raciocinou, poderia explicar as aparições
do Mapinguari.
O pesquisador
conseguiu da Fundação O Boticario um valor que ele calcula ser o equivalente a
15 mil reais em dinheiro de hoje para organizar viagens de campo em busca de
vestígios do animal. Fez cerca de dez expedições por vários estados,
investigando as pistas dos relatos que ouviu. Encontrou sete caçadores que
diziam ter matado um mapinguari e compilou mais de oitenta relatos de encontros
com o animal. Coletou amostras de pelo, mais tarde atribuídas a cotias e
tamanduás, e de fezes, que provavelmente eram de anta. Certa vez ouviu, mas não
gravou, um grito assustador que podia ser de um mapinguari. 0 que Oren trouxe
de mais convincente é uma pegada "absolutamente consistente" com a
pata traseira de uma preguiça-gigante. A hipótese e a busca foram relatadas em dois
artigos
publicados em 1993 e 2001.
Oren
disse que foi ridicularizado par mais de um colega por sua hipótese, mas não
teve sua reputação comprometida. Admitiu que seu estudo "nao deixa de ser
criptozoologia, no sentido em que tratou de urn animal nao formalmente revelado
ao mundo". Mas se mostrou reticente quanto à ideia de publicar no Journal
of Cryptozoology. "Tem um monte de doido nessa área",
disse ele. "Você não imagina os e-mails que recebo."
6 comentários:
Super-legal, Roger!
Também gostei muito. No passado, nem tão remoto, escrevi uma pequena fábula sobre o Mapinguari. Não sei se lembram, mas era a relação de descrédito que ele tinha com o seu ecosistema e com o próprio homem. Só não tentei publicar no Journal of Cryptozoology. Vai que o Oren pensa que sou maluco; até pensei em mandar um emeio para ele, mas...
Rss.
Eu mandaria, Roger.
Reconsidere e pode até vir a se surpreender com a resposta dele.
Posso ser laureado,não? Vai que os suecos acreditem, hein!
Oxalá Spielberg não abicore por essas bandas. Aí eu fico bem na fita, ou melhor, todos os direito são reservados ao Flanar.
Eu topo!!!
Rss.
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