domingo, 26 de maio de 2013

Kibutz científico


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André Nunes

Acho que todo mundo já pensou um dia em ganhar na loteria. Houve um tempo que isso para mim era um sonho constante. E, como sou megalomaníaco incorrigível, só conseguia pensar em mega-sena acumulada pelo menos duas vezes. Não era sonho besta de Carimbó da Sorte, Poupa-Ganha, ou mesmo uma fezinha no jogo do bicho. Tinha que ser muito mesmo. Essa uma de dois bilhões de dólares que correu há poucos dias nos Estados Unidos, talvez já desse para começar.
Sonhar é uma prerrogativa do animal homem (e mulher, para ser politicamente correto). Assim, como disse, sempre sonhei ganhar na loteria. Mesmo consciente que não teria nem aquela chance infinitesimal matemática que todo apostador possui, porque, simplesmente não jogo! Nem loteria nem bingo, cassino, bicho ou porrinha. Mas para o sonhador isso é irrelevante.
Digamos que mesmo assim eu ganhasse.
O busílis era o que fazer com essa dinheirama toda. Las Vegas, Monte Carlo e quejandos, como já se viu, estariam descartados. Amante argentina que, dizem, tem um talento especial para gastar, não está mais nos meus planos. O intuito era sempre mais nobre e justo. Pelo menos na minha ótica socialista. E essa ideia nem é original, em idos de mil, novecentos e sessenta e dois, ou três, dois jovens sonhadores (no tempo em que a juventude sonhava), Carlos Lyra e Francisco de Assis compuseram a Canção do trilhãozinho. Coisas do velho CPC da UNE. Onde eles diziam: ... “se eu tivesse um trilhãozinho meu país mais bonitinho ia ser, tão bom...” Não posso atinar o que eles fariam com esse trilhão, mas com certeza não seria nenhum PAC. Eu, pelo menos sempre tive outros planos.
Pela ordem de prioridade dos investimentos sonhados: Primeiramente pensei em financiar campanhas políticas. Pode ter coisa mais doida de que sair por aí distribuindo dinheiro a rodo para candidato a prefeito, vereador e deputado, em troca de um compromisso passado em cartório, de que eles não iriam roubar nem votar contra os interesses do povo? Pois é, como não achei a fórmula correta de fazer cumprir esse pacto de fidelidade, tive que abandonar o projeto. Depois veio a Lei de Financiamento de Campanhas Eleitorais e foi a pá de cal na doidice. Pensei também em creches para filhos de mães solteiras, cooperativas de artesãos, até escolas técnicas voltadas para as diversas regiões do Estado. Campo, várzea, floresta de terra firme etc.
De certa maneira esse nariz-de-cera em forma de blague foi para apresentar um sonho sonhado e que tenho certeza não conseguiria com um ou muitos trilhõezinhos:
Eu apenas queria que em cada estado brasileiro houvesse um Jornal Pessoal e a história desta vilipendiada Nação seria diferente. Mais republicana e menos cleptocrata. Simples assim. Simples?
Ah! Ia me esquecendo, a proposta do Lúcio Flávio Pinto de kibutz científico, não deixa de ser uma boa ideia.

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2 comentários:

Edyr Augusto Proença disse...

Sabia que eu ganhei na loteria esportiva? Na década de 70. Apostei dois cruzeiros, um duplo e ganhei. Infelizmente, muitos outros também ganharam. Bem, o prêmio não foi de jogar fora. Comprei um Passat, na época um super carro e ainda ficou um dinheirinho na Caixa. De repente..

Marise Rocha Morbach disse...

Legal, volta e meia faço uma aposta: quem sabe?