quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Fortes emoções

Fonte: Pagina|12


Dias de fortes emoções aqui na Argentina ultimamente. Diria melhor: um pouco mais fortes que o tradicional.

Da "folclórica" internação simultânea de arqui-inimigos no mesmo hospital - leiam-se a presidenta Cristina Kirchner e o jornalista Jorge Lanata - dias antes das eleições parlamentares no país (ocorrida neste domingo, 27) ao julgamento da Lei de Meios - aprovada na noite de ontem (29), depois de quatro anos e muita pressão contrária do Grupo Clarín - até a celebração dos 30 anos de democracia argentina, comemorada hoje (30), muita agitação se viu entre os "hermanos". Haja coração!

A presidenta, coincidentemente ou não, mas muito convenientemente, foi internada para uma cirurgia e precisa completar 30 dias de repouso. Para um país dividido em opiniões sobre o governo K., com alguma tendência para imagem negativa de Cristina, nada mal sua saída de cena, enquanto os candidatos da Frente para a Vitória buscavam garantir a prevalência governista no Parlamento. E sem Lanata a "toca o terror" pelo Grupo Clarín, melhor ainda a esta linha de peronistas. O jornalista, que já mudou de emissoras e linha editorial, precisou de urgente internação para cirurgia e segue por ali, quietinho. Sim, peronistas seguem em maioria. Eles são muitos, em diferentes frentes, ou listas - já que aqui já não se vota mais em partido ou político, como no Brasil, mas sim em lista.

Peronistas de diferentes linhagens lograram maioria nas mais recentes eleições, ainda que Buenos Aires siga a votar nos mais conservadores. Alguns deles comparáveis a bolsonaros da vida. Carrió, por exemplo, esteve ausente em algumas das principais votações, como a do voto jovem; proteção de terras; regulamentação do trabalho doméstico; identidade de gênero; e matrimônio igualitário, por exemplo. Pino segue mais ou menos a mesma perspectiva e, em alguns cartazes na rua, chegaram a comparar o voto nele ao voto em favor do Irãn.

Com um nível de organização e criatividade maior do que as que temos visto em Belém, a campanha na cidade de Buenos Aires seguiu seu curso tranquilamente, mas sem menos intensidade. Na sexta-feira anterior às eleições, por exemplo, não se encontrou casas de câmbio abertas, nem os famosos "arbolitos" na turística Florida (são chamadas assim as pessoas que ficam paradinhas, feito árvore, nos seus pontos ao longo da rua, repetindo, como robôs, que fazem câmbio de tais e tais moedas).

Pronto, daí foi partir novamente pra já acalorada discussão sobre a Lei de Meios, que estava em vigor pela metade há 4 anos. Sim, porque o Grupo Clarín, com mais de 200 concessões no país, pelejou tanto que conseguiu segurar dois artigos da lei. Mas só até ontem, quando a Corte Suprema declarou a total constitucionalidade da lei. Não, o grupo não está disposto a acatar a lei ainda.

A resistência do grupo Clarín fará parte das cenas dos próximos capítulos. Por ora, a torcida pela democratização dos meios de comunicação está em polvorosa. A porta do tribunal estava lotada durante o dia de ontem, com gente a entoar “gritos de guerra” e levantar bandeiras. Programas de televisão e jornais desde ontem não falam de muito mais coisa que isto. Ainda que hoje, dia 30, esteja também sendo celebrada a chega de Alfonsín ao poder, dando fim aos sete anos de ditadura na Argentina e início a governos democráticos. Pois é, este tema não figura entre as manchetes, ainda que esteja por ali por perto.

domingo, 27 de outubro de 2013

A conquista maior do poeta

Para afugentar mosquito e tédio
certo médico, num destes sertões
pôs-se a se imaginar escritor

E para espantar, talvez a própria dor
tratou de aviar receitas poéticas
no desejo vão de encontrar a cura...

Dor alheia torna-se desasossego, tortura
quando o paciente mostra nos olhos
que a esperança toda se lhe esvai

Um verso bem tecido: ei, levantai
a fronte, o rosto, não te deixa abater
pois deves seguir adiante, em frente

Isso mesmo: siga firme, avante, enfrente
todos os teus males, mesmo os ocultos
pois não há doença que não prenuncie cura

Liberta-te dos laços do desengano, da amargura,
viva uma aventura, rompa os laços da tristeza
e lança-te ao mar, ainda que tempestuoso

Somente quem enfrenta das ondas o ímpeto furioso
merece a palma da vitória, o prêmio da alegria
o voltar para casa, triunfante, depois de toda luta

Antes a poeira nos olhos, na terra dura e bruta
do que o naufrágio em meio ao ressentimento
do que deixar-te afundar inerme na amargura

Lava vigorosamente o rosto da alma, enxagua
livra os teus olhos desta fuligem, deste azedume
cuida de reavivar em teu peito todo o vigor

Isso, respira, expira, lança fora todo o horror
das noites de insônia, de todo mal que reténs
e deixa que uma vida nova se instale no peito

Chore, sim! isto é nobre, é vazão, não é defeito
encontrarás novamente, de volta à tua casa,
àquela que se é tormento, é também confeito

É mimo, é feito gengibre, é fruta amarga, azeda
volta, acolha, deixa o peito sangrar de amor
e verás que é melhor que sejas tu o poeta
mesmo que o teu canto esteja mesclado
de insônia, inquietação, de dor...

Aliviado, enfim, depois deste aviamento
o médico sentiu-se mais leve, descansado

...

O tal paciente, voltou, meses depois
com frango, tucumã, macaxeira
e lhe sapecou sem meias palavras
o convite aberto feito flecha certeira:
 - te convido, doutor, que sejas meu compadre
pois o menino, dando pontapés, se prenuncia
não deve demorar!
 talvez umas horas, um dia...

Foi assim que o médico, agora um completo poeta
conquistou muitos amigos pelas bandas do Envira
amizade - não há maior conquista que se adquira.

Abel Sidney -  educador / escritor 
Programa de Incentivo à Leitura e Produção Textual Livro-Carta-Mural
facebook: www.facebook.com/livrocartamuralAbel Sidney -  educador / escritor 

sábado, 26 de outubro de 2013

Shows that we ain't gonna stand shit

Glória da Cidade Natal

Eu estive andando o mesmo caminho que sempre andei
Sentindo falta das fendas no pavimento
E quebrando o meu salto e machucando meus pés
"Há alguma coisa que eu possa fazer por você, querida?
Há alguém para quem eu possa ligar?"
"Não e obrigada, por favor, madame
Não estou perdida, só vagando"

Ao redor da minha cidade natal
Memórias são frescas
Ao redor da minha cidade natal
Ooh, as pessoas que conheci
São as maravilhas do meu mundo
São as maravilhas do meu mundo
São as maravilhas deste mundo
São as maravilhas agora

Eu gosto da cidade
Quando o ar é tão espesso e opaco
Eu amo ver todo mundo em saias curtas
Shorts e sombras
Eu gosto da cidade quando dois mundos colidem
Você vê as pessoas e o governo
Todo mundo tomando lados diferentes

Mostra que não vamos aguentar coisas ruins
Mostra que somos unidos
Mostra que não vamos tolerar isso
Mostra que não vamos aguentar coisas ruins
Mostra que somos unidos

Ao redor da minha cidade natal
Memórias são frescas
Ao redor da minha cidade natal
Oh, as pessoas que conheci

São as maravilhas do meu mundo
São as maravilhas do meu mundo
São as maravilhas deste mundo
São as maravilhas do meu mundo

sábado, 19 de outubro de 2013

A flor e a poesia nos Flanders Fields




No meio dos horrores da Grande Guerra nos Flanders Fields (1914-1918), a natureza resistia entre as trincheiras. As flores da foto -  Papaver rhoeas, comumente conhecidas como poppy, corn rose, field poppy, Flanders poppy, rood poppy, red weed, coquelicot, ou em português papoulas silvestres -  acabaram se transformando num dos mais poderes símbolos anti-guerra. Espécie endêmica nessa parte da Europa, que nasce um pouco como as maria-sem-vergonhas , as papoulas também se imortalizaram no mais famoso poema contra a I Guerra Mundial, In Flanders Fields, do major médico canadese e poeta John McCrae  (30 november 1872 – 28 januari 1918):
In Flanders fields
In Flanders fields the poppies blow
Between the crosses, row on row, 
That mark our place; and in the sky
The larks, still bravely singing, fly
Scarce heard amid the guns below. 

We are the Dead. Short days ago 
We lived, felt dawn, saw sunset glow,
Loved and were loved, and now we lie 
In Flanders fields.

Take up our quarrel with the foe: 
To you from failing hands we throw
The torch; be yours to hold it high.
If ye break faith with us who die 
We shall not sleep, though poppies grow
In Flanders fields.

Nos Campos de Flandres
John McCrae 
(Tradução de Gustavo Gouveia)

Nos campos de Flandres as papoulas floram
Entre filas e filas de cruzes que formam
Nosso lugar derradeiro; alto no céu poente 
Voam as cotovias entoando bravamente
O canto que os canhões abaixo silenciavam.

Nós somos os mortos. Há poucos dias vivíamos,
O amanhecer sentíamos, o brilho do por do sol víamos,
Amávamos e éramos amados, e agora fomos deixados
Nos campos de Flandres.

Continuem as nossas lutas renhidas:
Pois passamos das nossas mãos feridas
A tocha; Erga-a ao alto em seus postos.
Se deres as costas a nós que estamos mortos
Jamais dormiremos, apesar das papoulas floridas
Nos campos de Flandres.

A Grande Guerra, a mãe do todas as guerras

Viver na Europa Ocidental, e especialmente na Bélgica, é ser confrontando com as marcas da Grande Guerra,  a I Guerra Mundial. Aqui estamos nos Flanders Fields, o principal campo de batalha da mais vergonhosa  carnificina que a bestialidade humana pôde executar: 9 milhões de pessoas foram mortas. Em tudo a Grande Guerra impressiona: 70 milhões de soldados mobilizados, dos quais 10 milhões vieram de fora do continente europeu.  Foi a primeira guerra industrial, pois foi a première do uso de novas armas tecnológicas,como  aviões, tanques e produtos químicos, especialmente  gases. E assim é compreensível que  o 11 de Novembro, dia do Armistício de 1918,  é um feriado importante com solenidades e tudo mais -  assim como na França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Áustria, Hungria e outros tantos países.
Para nós brasileiros, a I Guerra é uma página, literalmente, nos livros de História Geral, mesmo com a participação do Brasil, que pouca gente sabe. Sim, o Brasil declarou guerra aos chamados Impérios Centrais, liderados pela Alemanha.
Boa parte da província onde moramos, Flandres Ocidental, abriga pontos turísticos que atraem algumas centenas de  milhares de turistas por ano. Mas, sem dúvida, os cemitérios dos Flanders Fields são os que mais provocam impacto. Aqui, algumas fotos das peregrinações que que fizemos, nos antecipando à onda de visitantes ano que vem, quando começam 4 anos de  dos 100 anos da Grande Guerra. Estas são imagens do Tyne Cot, o maior cemitério militar britânico fora das ilhas britânicas. São exatamente 11.954 sepulturas das quais 8.367 de soldados desconhecidos.













sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Sobre justiças e algo mais

Sim, a Argentina está muito à frente do Brasil no que se refere a “memória, verdade e justiça”. Poderia elencar uma centena de indicativos dessa certeza. Mas prefiro destacar um aspecto que é exceção. Aquele que vai justo de encontro a esse fato, mas que não o macula, apenas sugere que sempre há muito a ser feito sobre o tema das repressões políticas.

Me senti motivada a falar disso a partir da matéria que li, no jornal Pagina12, confiante na fonte da informação, o Cels. Lembro do recente tumulto, ainda vigor, que se motiva pela contrariedade à proposta democratização da justiça oferecida pela Presidência. Mais uma vez desejei que a proposta se concretize aqui, como a democratização da comunicação, que ainda em peleja - e que, no Brasil, foi nem aventada pelos dois governos Lula, que entregou a pasta das comunicações ao PMDB, tampouco pelo de Dilma, que entregou ao PT. A peleja a que me refiro aqui na Argentina já se restringe mais especificamente à oligarquia clarinesca. Os demais grupos aderiram a Ley de Medios. Como desejei também que se concretizem ambas no Brasil. Isso sim seria um passo lindo para o desenvolvimento includente e responsável.

Não, não sou simpatizante da forma pública da presidenta Cristina. Muito pelo contrário. Ela me causa aversão. Também há sim do que se queixar quanto a decisões políticas, como a que se refere aos povos indígenas. Ainda assim, o atual governo tem sido motor de decisões cruciais para o país dos hermanos, que enfrenta um rescaldo danado de hostil de governos neoliberais.

Adelante!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Jeunet de volta


Ele voltou! O melhor cineasta de fábulas do cinema mundial: Jean-Pierre Jeunet. O diretor de clássicos Delicatesse (1991) e Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain  (2001), lança um novo filme: L'Extravagant Voyage du Jeune et Prodigieux T. S. Spivet (ou The Young and Prodigious T.S. Spivet). Veja aqui em cima o trailer.
Jeunet conta a estória do gênio, de 12 anos de idade, que deixa o rancho da família num fim de mundo em Montana, EUA, para receber um prêmio do prestigado  Smithsonian Institute,em Washington D.C.
Desta vez, o diretor francês se valeu de efeitos em 3D para dar imagem aos inventos do pequeno T.S. Numa entrevista a um jornal inglês, Jeunet conta que o filme se passa nos Estados Unidos, mas foi filmado quase inteiramente no Canadá. Não é uma produção americana. É um filme essencialmente franco-canadense, baseado num livro do escritor americano Reif Larsen. Durante anos, o autor do livro cogitou ceder os direitos de filmagem a diretores de peso como Alfonso Cuarón (Y tu mamá también), Wes Anderson (The Darjeeling Limited), Guillermo del Toro (El Laberinto del Fauno), e Tim Burton ( Alice in Wonderland, Edward Scissorhands). 
Talves, Larsen  fez a melhor escolha:  Jeunet tem a capacidade de contar uma fábula com menos efeitos especiais que os seus colegas que estavam na disputa.   E entre eles, tem um senso de direção de atores bem mais aguçado. Estou curioso para ver o resultado.

 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

F1 2013



Para os malucos por Fórmula 1 e/ou games, chegou o surreal F1 2013, que, além do campeonato do corrente ano, contará com carros, pilotos e pistas dos anos 80 e 90.
A riqueza de detalhes do trailer só aumenta a vontade de comprar e acelerar ainda hoje.
Luz verde!!!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

No tempo da delicadeza


Eu acredito em tudo, mas aí acreditei mais ainda quando li nuns lugares que era verdade que o tempo estava passando mais rápido. Ele anda mais rápido que ele mesmo, não dá nem mais pra ver passar, nem mais pra conversar. Tão rápido que colou no começo, virou uma coisa só, quase devagar de novo.

Viro a ampulheta pra testar e a areia ainda cai mais rápido, mas acho que vai passar.
Tudo virando ao avesso, os dias meio de ré, as noites meio claras, sem entender nada.
Acabavam assim os rompantes generalizados de energia e otimismo das populações todas, espalhadas pelos pedaços de terra.

Alguma coisa parecida com um inferno já tinha impregnado tudo.
A fachada era engomadinha, recatada, com ares de justiça e bom-mocismo.
Mas isso de imaginar um futuro, não digo nem bom, mas só um futuro, não acontecia há uns anos.

E, de repente, a cobra mordeu o próprio rabo.
Acabou-se a agonia, acabou-se o mundo, acabou-se o tempo.
Foi meio difícil de acompanhar a novidade, mas, se tem uma coisa que acontece mesmo, é a tal da velocidade no aprendizado, quando a gente precisa dela.
Estou crendo nisso também, veja bem...
E, no fim das contas, já vivíamos de outro jeito e ninguém tinha avisado antes.
Só deu certo então pra quem nasceu depois dessa transformação e às vezes nem assim. Sinto informar.
Só sei que a serpente comeu a cauda dela mesma de verdade e acabou-se tudo.

Agora, sem pressa nenhuma, a gente aproveita e vai fazer um pote de ouro e correr pro fim do arco-íris, pra ficar rico, escutar o barulho das moedinhas caindo dentro, primeiro agudinhas, de pote vazio, depois gravezinhas, de pote cheio.
Mas não vai adiantar, porque não precisa mais ficar rico, é bom pensar nisso.

Claro que já tem gente nervosa, porque já correu demais atrás do pote e anda revoltada, porque daqui pra frente não se corre mais, porque não precisa, então, descobre que correu em vão, tentou enriquecer em vão.
Em vão porque, primeiro: nem enriqueceu, segundo: porque, se acaso tivesse enriquecido, isso não teria mais valor. Essa referência não vingaria mais.
Chama-se mesquinhez.
Sim, ainda existe isso, o que acabou foi o tempo.
Mas acabou à vera mesmo, não no sentido de se ter pressa, de não se ter tempo pra nada. Mas no sentido de não precisar ter pressa, porque não existe mais "O" tempo, "O Senhor Tempo", o da música de Caetano Veloso.
A primeira lembrança da vida já colou com a última e acho que nem faz mais sentido pensar em primeira ou última. Não é hora de ordem.
A minha última memória é uma muito forte, que parece demais com a primeira que tive.  Ali, colada mesmo.

Talvez seja só o caminho em direção à morte, esse que dizem que termina com um filminho da vida passando rápido, antes do último segundo. Sabe isso?
Pois é, talvez esse cineminha particular seja o fim colando no começo.

Não é saudosismo, não é uma coisa ruim, nem boa, é só uma coisa, um tipo novo de movimento das pessoas e dos pensamentos que tem dentro e do planeta que tem fora. Tudo colado, grudado, maciço, encaixado.

O que eu não entendi é se acabou o mundo ou não. Tá repetindo um pouco a ordem das coisas e ao mesmo tempo tudo é novo. Uma impaciência aguda abate quase todos, justamente pela velocidade, mas deve ser o efeito da tontura que dá quando o corpo para de rodar.

Acho que parou mesmo de vez.
Agora, é ver como faz pra rodar de novo, porque já deu saudade das agonias antigas. Meio estranho esse lugar aqui, sem tempo.
Mas talvez acostume, com o tempo.


Karina Buhr é cantora e compositora e passa o tempo todo de uma cidade para outra. Twitter: @KARINABUHR

Eu admiro o trabalho da Karina Buhr. Desde quando a conheci pelo grupo "Cumadre Florzinha". A pernambucana segue carreira solo há algum tempo e segue me encantando. O primeiro e único show que vi dela foi aqui em Buenos Aires. Performática. Não à toa tem um pé no teatro. Contagiante. Tanto que tive de tirar uma lasquinha das pernas que ela botou pro lado de fora do palco.

Ela também desenha. Não fazem muito meu estilo, mas lhe garantem uma definição justa de multiartista. Como autora, já era de se esperar que também enveredasse por textos graciosos como este que compartilho no Flanar, raptado do face dela, com postagem original na Revista da Cultura. Gosto de uma leitura coloquial. Escrever quase como se fala, como se estivesse batendo um papo. E ela faz isso, ainda que dialogando consigo mesma e seus botões, numa viagem existencialista e muito condizente com seu, com nosso tempo.

Espero que desfrutem!

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Cortázar: duas horas de puro deleite, em 1977

Júlio Cortázar está sempre por perto. É uma espécie de iminência parda por aqui, em Buenos Aires. Houve uma série de iniciativas em comemoração pelos 50 anos de uma de sua obras clássicas, Rayuela.

A praça de entrada da Biblioteca Nacional é dedicada à obra e ao escritor. Com desenho da amarelinha e tudo no chão, a representação de rayuela.

A cidade é engravidada de Cortázar, que há muito é cidadão do mundo.

A entrevista que ele concedeu em 1977 foi marcante pra mim. Cerca de duas horas de um bate-papo entre ele e o apresentador. Em preto e branco. Com direito a fumar no estúdio. Um estilo e um tempo que há muito já não se permite nas grades tradicionais das televisões brasileiras.

O entrevistador inicia narrando a jornada, literalmente jornada, para alcançar o autor, e depois convencê-lo a conceder a bela entrevista. Ele transita de sua infância; às suas andanças com a família, que lhe regalaram um sotaque tão mesclado quanto quase indecodificável; aos bastidores da indústria editorial; à sua relação familiar; obviamente suas obras; e suas travessuras pelo jazz.

A entrevista é imperdível. Cerca de duas horas de puro deleite, distribuídos em seus precisos 1,93 cm de altura.

Pensei em decupar a entrevista. Iniciei a labuta desdita. Mas vou oferecer o vídeo completinho, sem decupagem pra ajudar aos mais apressados.

Eu já vi e revi. Depois segui para a entrevista de Vargas Llosa. Foi duro reconhecer que o conservador tem um "rapó" incrivelmente sedutor. Mas esse comentário foi só pra dizer que, quem desejar, pode seguir em busca das demais entrevistas do programa A Fondo.

Espero que aproveitem. Tem assunto pra todo mundo: gente que curte psicanálise; indústria da literatura; produção de programas de tv; etc etc etc

 
Entrevista a Julio Cortazar en el programa A Fondo de TVE 1977 from Ivan Wenger on Vimeo.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Som de Senna



A Honda, antecipando a sua volta à Fórmula 1 em 2015 (como fornecedora de motores), inciou uma campanha publicitária baseada na história "volta mágica" de Ayrton Senna no GP do Japão de 1989, em Suzuka.
E não tem como deixar de se arrepiar ao som da cavalaria nipônica do McLaren-Honda MP 4/5, conduzido pelo maestro Senna.
E para quem quiser mais, a volta foi recriada em 3-D aqui.
Haja coração!

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Gravidade



O ano de 2013 está bom para os aficionados por sci-fi. e melhorando!
Filmes excelentes, como Oblivion, Star Trek - Into Darkness e o televisivo Battlestar Galactica - Blood & Chrome, ganharão em breve (11/10) a companhia de Gravidade, película que tenta ressuscitar a laureada Sandra Bullock como protagonista.
Somente o eletrizante trailer acima  já libera muitos neurotransmissores e nos causa anseios por pisar em terra firme.
A conferir.