Poema exige, assim, ritual de deglutição lento e sem pressa,
para que após o prazer da mastigação permaneça
algum sustento para a jornada
algum sustento para a jornada
Abel Sidney, poeta.
Hoje Labareda faz um voo curto em seu enfraseamento e se aninha na poesia de Abel Sidney. Aconselho a lê-la como se tivesse bebendo caldo de cana tirado direto da moagem e depois sair pelas soleiras ouvindo Vinicius de Moraes num fone de ouvido estereofônico usando óculos escuros, fingindo ser rapper e sem pressa de chegar.
TERAPIA
A poesia, veículo e recipiente,
púlpito, espelho, travesseiro
serve para isso: terapia.
Não, não é analgésico!
Não suprime sintomas, efeitos.
É mais um buril que lavra,
insculpe, lapida, desbasta.
Nosso rosto fica mais nítido,
pois os arranjos das palavras
criam fundo, suporte, cenário
para o ato sagrado e solitário
de nos desvendarmos...
Lemos poemas alheios apenas para
criarmos nossos próprios unguentos!
Aprendemos a versejar
para que as palavras,
com o seu poder,
ganhem leveza,
força e graça.
Assim, vamos falando dos nós
a destravar dentro de nós...
Falamos da dor da timidez
que não nos deixa cometer
deslizes, atos de insensatez
para que a vergonha não
nos torture e mate...
Falamos do medo de errar,
mesmo de tentar buscar
novos rumos, por não
desejarmos nos revelar
frágeis como somos.
Falamos dos receios de
encontrar o grande amor
e ter que se arriscar a sair
para a grande aventura de
nos agasalhar um ao outro...
Falamos para nos vermos,
para nos ouvirmos, para sermos
instante e infinito.
A poesia, veículo e recipiente,
púlpito, espelho, travesseiro
serve para isso: terapia.
Não, não é analgésico!
Não suprime sintomas, efeitos.
É mais um buril que lavra,
insculpe, lapida, desbasta.
Nosso rosto fica mais nítido,
pois os arranjos das palavras
criam fundo, suporte, cenário
para o ato sagrado e solitário
de nos desvendarmos...
Lemos poemas alheios apenas para
criarmos nossos próprios unguentos!
Aprendemos a versejar
para que as palavras,
com o seu poder,
ganhem leveza,
força e graça.
Assim, vamos falando dos nós
a destravar dentro de nós...
Falamos da dor da timidez
que não nos deixa cometer
deslizes, atos de insensatez
para que a vergonha não
nos torture e mate...
Falamos do medo de errar,
mesmo de tentar buscar
novos rumos, por não
desejarmos nos revelar
frágeis como somos.
Falamos dos receios de
encontrar o grande amor
e ter que se arriscar a sair
para a grande aventura de
nos agasalhar um ao outro...
Falamos para nos vermos,
para nos ouvirmos, para sermos
instante e infinito.
2 comentários:
Bastante profundo....queria ter coragem para fazer poesia das minhas dores, dos meus desesperos, das minhas mágoas, dos fins de todos os amores que tive....mas nao tenho coragem de dar à luz esses fantasmas que me consomem...nao sei fazer poesia!
MADMARIA-2011, eu também concordo com você. Só o Abel é capaz de nos dizer, com toda essa verve literária, o quanto precisamos desses agentes codificadores da poesia. Ele é fantástico, mesmo. Desde menininho, pelas ruas de Ji-Paraná, brincava com as palavras e ainda defendia pênaltis.
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