Numa passada de olhos sobre o que já se denominou #macrismo, na Argentina, para se referir às políticas do recém eleito presidente Maurício Macri, podemos chegar a algumas suposições que não são improváveis, ainda que sejam suposições. De cara, sua posição dilacerante sobre o Parlamento – para se ter uma leve idéia, já foram emitidos mais decretos que os dois governos de Cristina Kirchner. Não menos autoritária e atávica é sua presença sobre tudo o que diz respeito aos meios de comunicação, tema que se encaminhava para o aprofundamento da democratização há cerca de 20 anos, até alcançar a comemorada Lei de Meios. O cerceamento tem sido cada vez mais explícito e duro, o que volta a dar fôlego aos grandes monopólios midiáticos. E uma terceira linha que vem se demonstrando também prioritária ao #macrismo é o esfacelamento das organizações populares, forte característica do país do “panelaço”, politizado, sim, e muito!
É uma cena de caos e barbárie? Eu diria que é. Mas como de um limão é possível se fazer uma boa limonada, voltam com mais vigor até mesmo organizações que haviam arrefecido, dadas as conquistas que ajudaram a construir.
É simplesmente impossível não se contagiar com o clima político da Argentina. Tudo pulsa forte demais. Podem ser focadas as pelejas: uma passagem no metrô subiu de 5 pesos para 10 pesos, em dois meses, para as pessoas que não usam o cartão específico do serviço. No caixa do supermercado, uma senhora pergunta ao atendente a razão de um aumento de 300% no valor de um produto. Aposentados perdem seus subsídios e milhares de trabalhadores são demitidos, com nítido indício de perseguição ideológica. Ué, e as promessas de campanha, que garantiam um país da alegria? Esse está estampado só nas capas de jornal, claro.
Depois de manifestações multitudinárias que já aconteceram desde dezembro e da agenda que segue farta para protestar contra as decisões #macristas , está na agulha a greve nacional de funcionários do Estado, dia 24. Dia 3 de março chega o grande encontro e marcha da Coalização para uma Comunicação Democrática (CCD).
Que venham mais boas novas! Mas atenção: elas não chegarão pelos tradicionais veículos de massa. Não chegarão! E os veículos populares sofrem perseguição pungente dia após dia. Temos todos a ver com isso. Lembremos sempre que muitos países latino-americanos foram cúmplices em golpes de estado e que determinações estrangeiras incontáveis vezes foram responsáveis por nos deixar de joelhos no chão e cabelos em pé.
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