Sobre a série "Fatos e História - HPSM, o leitor Aristóteles Guilliod manda importante contribuição que pelo valor e detalhamento, publicamos abaixo. Mais uma vez, obrigado Dr. Aristóteles.
O prédio do PSM da 14 foi cedido para o então SESP em 29 de janeiro de 1943. O diretor do Programa da Amazônia, Dr. Kenneth Chamberlain Waddel, juntamente com o prefeito Abelardo Conduru e o Secretário Geral da Prefeitura, Dr. Loris Olimpio Correia de Araujo, assinaram um termo de entrega e recebimento do edifício de propriedade da Prefeitura, à travessa 14 de março, construido em terreno da Santa Casa, e que estava destinado ao funcionamento do Pavilhao de Alimentação. No prédio seria instalado um centro de estudos de moléstias tropicais. O edificio, ainda nao terminado , foi cedido pelo prazo de nove anos, até 1º de fevereiro de 1952, mediante o pagamento de Cr$ 260.000,00 (duzentos e sessenta mil cruzeiros), que seria devolvido na construcao de uma nova maternidade, em terreno também da Santa Casa.
O edifício foi todo remodelado e adaptado para as novas funções. No andar térreo havia um amplo "hall" de entrada, duas salas para atendimento de pacientes externos, farmácia, laboratório ,sala de conferencias, reuniões de estudo e classes de aula, refeitório, cozinha
e lavanderia. No andar superior, duas enfermarias para 40 leitos, dois quartos para doentes particulares, sala de cirurgia, sala de preparação e vestiário para medicos, raios X e boblioteca com cerca de 3.000 volumes. Toda a aparelhagem do hospital foi adquirida nos Estados
Unidos. Em 10 de novembro de 1943, o Hoispital foi oficialmente inaugurado com o nome de Hospital Evandro Chagas, operando somente o ambulatório e o laboratório, continuando os casos de internamento sendo atendidos na enf. São João, na Santa Casa. Somente em 15 de dezembro seria oficialmente aberto, com a enfermaria S.João sendo devolvida para a S.Casa.
O hospital era considerado o mais moderno de Belém. E antes do final do prazo de devolução, já em fins de 1946, o Dr. Chermont fez uma solicitação formal ao SESP, no sentido de devolvê-lo antes da data, a fim de transferir para o local o Hospital de Pronto Socorro da cidade, que estava em precarias condições.
Como o custo de manutenção do hospital era alto, cerca de 5% do orçamento do programa, em torno de 50 a 70 mil dólares, e a necessidade de reformas, o acarretaria mais despesas, o SESP com a concordancia da Missão Técnica do IAIA, resolveu fechar o hospital e devolver o prédio
para a Prefeitura.
Em 31 de dezembro de 1948, expirado o Acordo do DNI e a CCAW, o hospital reverteu ao SESP e em 27 de janeiro de 1949 foi dado início ao seu fechamento sendo o prédio devolvido com todas as melhorias e grande parte dos equipamentos para serem usados no Hospital de Pronto
Socorro de Belém.
Os programas de treinamento foram transferidos para o Hospital de Santarém e o restantedo Material distribuido com os Postos de Higiene ou Hospitais do SESP.
O resto da história você já conhece.
Fonte: "SESP-FSESP 1942- 1991 Evolução Histórica. Dr. N.C. de BRito Bastos, editado em 1993.
2 comentários:
O Dr. Aristóteles traz-nos uma questão interessante que tangencia a história do antigo Mario Pinotti e ilumina com força maior o que se refere ao esforço do Estado brasileiro e dos Estados Unidos da América de elaborarem, implementarem e consolidar um plano de desenvolvimento para a Amazônia em todas as suas dimensões, inclusive aquela da saúde, à luz de acordos bilaterais.
O Hospital, conforme dito, estava destinado a diagnose e ao tratamento de doenças infecciosas, recebendo por essa razão o nome do insigne cientista Evandro Chagas. A tipologia do nosocômio refletia a preocupação da época quanto ao que seria considerado estratégico para a solução dos problemas de saúde da região, fato este que remete à ação saneadora de Oswaldo Cruz, no início do século XX, desde Belém até as corredeiras do Rio Madeira a montante, em direção a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
Pela qualidade destes comentários, estou quase certo de quem seja meu leitor "anônimo". Mas manterei sua privacidade para que de fato continue contribuindo.
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