terça-feira, 28 de março de 2006

Olha os saudosistas aí!

Deu no R70 hoje:

Golpe

O movimento militar que há 42 anos derrubou o governo João Goulart será comemorado no dia 31, em todos os quartéis brasileiros, com a mesma ordem do dia, informa um site de Brasília. Em todas as capitais, estão sendo convidados líderes empresariais e de organizações de trabalhadores. Há quem aposte que os militares poderão lançar um manifesto de advertência diante de tanto escândalo que desaba sobre o governo. Para quem não sabe, hoje, nas pesquisas nacionais, os militares lideram o ranking de credibilidade no país.


Como é fácil perceber, tem gente que tem saudades da ditadura. E pelo visto, nosso principal jornal diário, parece ter mais ainda.
A incompetência flagrante de um governo, não justifica a volta ao cerceamento das liberdades individuais, à tortura, a má gestão e também a roubalheira daquela época.
Trata-se de um sofisma, que muitos, "supostamente insatisfeitos" com o atual governo (entre os quais muitos que nunca o apoiaram desde o início) , utilizam para mobilizar a opinião pública em favor de seus interesses. Entre os quais, mais roubalheira.
Veja-se o exemplo da ditadura Argentina, onde a junta militar supostamente preservando o país dos "comunistas", roubou descaradamente como viemos a saber muitos anos depois.
Tomara que a população perceba esta armadilha bem montada, que os americanos não recriem a doutrina de segurança nacional (agora alegando o perigo terrorista em lugar do comunista), e que os próximos a assumir o governo, percebam que a população está mais alerta para seus sofismas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Há pouco tempo atrás, ano e meio no máximo, creio, as Nações Unidas financiaram pesquisa na América Latina destinada a avaliar a percepção da democracia pela população do continente.
O resultado foi muito preocupante. Um expressivo contingente de respostas demonstrou desapego aos valores democráticos, com os latinos dispostos a apoiar governos de exceção se fossem para combater a corrupção de seus dirigentes civis e reduzir o nível de pobreza em seus países.
Não poderia ser diferente, se considerarmos esse continente com a história fortemente marcada por regimes de exceção; coronelismo; banditismo social (cangaço e pistolagem; analfabetismo; baixos níveis de participação popular; elites econômicas externamente subservientes e internamente predatórias e, last but not least, pela dificuldade das esquerdas em se construir como projeto viável que enfrente de forma responsável as armadilhas históricas que aprisionam essa sociedade.
No caso do Brasil, por exemplo, em pouco mais de cento e quinze anos de República, vivemos 28 anos sob ditadura (Estado Novo e Golpe Militar de 64), sem contar os períodos de estado de sítio da República Velha.
Esse "modo conservador de governar" das elites brasileiras era tão corriqueiro que o filósofo-sambista Noel Rosa cantou: "O samba, prontidão e outras bossas/ São nossas coisas, são coisas nossas".
Daí se o cachimbo além da boca torta deixa a saudade do costume, quem sabe venha mesmo o tal manifesto (outra bossa nossa - manifesto do tenentes, dos coronéis, dos marinheiros...), boato surgido desde o último 7 de setembro, e alimentado pelo estado de insatisfação orçamentária e salarial da tropa; no fato dos militares até hoje não haverem encontrado uma liderança civil que lhes agradasse (andaram em 2002 de "paquera" com Ciro Gomes, mas desistiram),e, sobretudo, pela tremenda conspiração com que a frente pefelista-tucana-filistéia-carola,busca derrotar o Presidente Lula nas próximas eleições, considerando mais uma vez que são os senhores do Brasil e o povo a tudo assiste bestificado as pantominas que engendram.

Unknown disse...

O Seventy dá uma de vivandeira,Carlos,expressão que caiu em desuso após os anos de chumbo.Mas, sempre malino,dá o título de "Golpe" para a nota.
Este Seventy...

Carlos Barretto  disse...

Para informação de nossos leitores, aqui vão alguns comentários sobre o termo "vivandeiras", lugar comum no noticiário político da época do regime militar.
Para quem não sabe, foi cunhado em uma frase dita pelo Marechal Castelo Branco, primeiro presidente da ditadura, que acossado por generais reformados de linha dura para que endurecesse mais ainda o regime (o que acabou acontecendo com o AI-5 e outros descalabros cometidos em nome de "combate à subversão"), defendeu-se denominando os chamados "generais de pijama" de "vivandeiras alvoroçadas a rondar os bivaques em que habitam os granadeiros".
A palavra, apesar de já ter mais de 40 anos, é útil para mostrar que as vivandeiras de fato existem e em todos os setores da sociedade. Em especial entre aquelas que tem interesses contrariados.
Estamos contudo atento à elas e a outros bichinhos esquisitos que ainda vão inventar.
Ah! Vão sim.