sexta-feira, 21 de abril de 2006

Reminiscências

Alfredo Oliveira dispensa apresentações, ex-presidente do Conselho Regional de Medicina, médico, sambista, compositor, escritor, é homem de muitas qualidades. E uma de suas principais características é o bom humor. Dizem que nada pode ser mais agradável do que sentar em mesa de bar com ele.
Recentemente, patrocinado pelo Conselho Regional de Medicina, lançou um pequeno e interessante livro intitulado ALÉM DOS DEVERES (Recordações do CRM - PA). Em linguagem totalmente coloquial, Alfredo nos conta os "causos' da época em que exerceu a principal liderança médica no estado, Nos conta, quase que ao pé do ouvido e em clima de mesa de bar, muitas histórias interessantes envolvendo o grupo que participava ativamente do chamado Movimento de Renovação Médica no Pará. Movimento que reconstruiu e reestruturou as chamadas "entidades médicas" (termo criticado de forma bem humorada no livro) no período pós-ditadura. Entre eles, peço permissão para reproduzir o trecho abaixo, que é emblemático de seu espírito seco porém brincalhão.

Nas mesas que agrupavam conselheiros num restaurante, o rateio da despesa era igualitário, Tanta fazia pedir um prato simples ou um sofisticado. Fosse uma canja ou um camarão, no fim a conta era repartida democraticamente entre todos. Portanto, não adiantava protestar contra o "democratismo".
- Mas eu só pedi um espaguete...
A resposta era incisiva:
- Um espaguete e daí? Ninguém te proibiu de nada.
Waldir Mesquita (Médico Ginecologista, paraense, Ex- Presidente do Conselho Federal de Medicina), grande liderança médica, às vezes, era gago. Dizia-se que ele sabia usar a gagueira quando lhe convinha. Na hora de dividir a conta de certo jantar, começou a gaguejar:
- Só comi o cou...cou...cou...
E não saía disso. Queria dizer que só beliscara o couvert. Apesar da admiração dos colegas não escapou da intimação:
- Ô, Mesquitinha, deixa de graça e manda aí a tua parte.

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