quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Funerais

Enquanto algumas ditaduras latino-americanas ficaram personalizadas pelo tempo que permaneceram no poder seus líderes (Pinochet, Vidella, Stroesner, Fidel Castro, por exemplo), a nossa diluiu-se pelos generais que se sucederam no cargo, num arremedo de democracia à brasileira.
Quem terá sido o "nosso" ditador mais importante.?
Obs: vale para todos os níveis de governo.

3 comentários:

Itajaí disse...

Vou começar...
Para o pódio nacional: disparado em primeiríssimo lugar Getúlio Vargas por inaugurar um modelo de ditadura "moderna" no Brasil, conjugando truculência política com reforma do Estado.
Em segundo lugar o General Médici, pelo papel de divisor de águas nos governos da ditadura militar de 64. Foi o líder maior dos chamados anos de chumbo.
E duas menções honrosas, ambas locais: Passarinho, pela contribuição sincera no Golpe de 64, coaptando lideranças civis e estudantis em Belém, e depois, na reforma universitária, AI5 e Decreto 477, e Magalhães Barata.
E também ainda no Pará, criaria uma categoria mirim, por serem ditadores de menor autonomia, mas inegavelmente tão violentos quanto os demais citados: Coronel José Júlio de Andrade, que escravizava indefesos seringueiros ao modo que Araña fazia com os índios huitotos, no Perú.

Yúdice Andrade disse...

Não me atrevendo a votar no ditador mais ditador, penso apenas que, pelo visto, as celebridades dos governos brasileiros estão tão aquém de seus congenêneres estrangeiros que, até para serem ruins, são ruins. O modelo de ditadura adotado no Brasil foi mais frágil que em outros países, embora nem por isso menos criminoso e irracional. Será que somos mesmo tão incompetentes?

Itajaí disse...

Não sei, Yúdice, se eles foram tão pouco efetivos assim. Penso que no limite foram um case de sucesso. Afinal asseguraram o poder por vinte anos num país de 8 milhões de quilômetros quadrados, com uma população em expansão para a casa dos cem milhões.
A experiência brasileira foi fundamental para a instalação das chamadas ditaduras do Cone Sul. Todo o processo de instabilização do governo de Allende é idêntico ao conduzido contra João Goulart.
Está certo que em número de mortes a ditadura de 64 é brincadeira perto do que houve no Chile.
Tivemos tão bom know how em golpes que um militar afirmou com orgulho que tínhamos a receita do bolo e a aplicávamos com sucesso onde fosse necessário.
Um aspecto com respeito aos números da violência: diz o Cel. Passarinho, no caso do Chile, que não se pode dizer com certeza o número de vítimas de Pinochet.
Está certo. Nenhum desses regimes teve a coragem de oficializar uma lista de nomes de torturados e assassinados. Esse tipo de ofício requer a confidencialidade dos cínicos.