A biblioteca de Leonardo
Folha de S. Paulo - 23/12/2006 - por Bernardo Carvalho
No sertão de Minas, onde, em vez de jagunços lutando e matando por honra, amor e amizade, há traficantes e adolescentes destruídos pelo crack, um pescador, tentando sobreviver às conseqüências da poluição de um dos maiores e mais emblemáticos rios do país, montou uma biblioteca ambulante na feira de uma cidade sem livrarias. Em 11 meses, Léo do Peixe reuniu 8.000 volumes e cadastrou 348 leitores no seu Clube da Leitura, numa feira livre, em Pirapora, às margens do rio São Francisco. Cinqüenta anos depois da publicação de Grande sertão: veredas, a obra-prima de Guimarães Rosa, o projeto heróico e obstinado do pescador revela, pela exceção, a realidade de um sertão que já não permite nenhum idealismo.
( do site Publishnews)
Nenhum comentário:
Postar um comentário