quinta-feira, 12 de abril de 2007

Outra visão de Mosqueiro


Ilha de Mosqueiro, próxima a capital do estado do Pará.

Na pontinha da praia do Farol...

...está o Hotel Farol e a "Ilha do Amor".

Hotel farol visto do jardim...

... e dos recifes em frente, chamados de "Ilha do Amor".

No prédio original, amplos e ventilados corredores...

...ainda com o piso rigorosamente encerado e bem conservado.

Das varandas, uma bela visão da praia do Farol.

Ondas fortes em março.

O bem cuidado jardim com vista para a baía.

A "bay window"...

...e o restaurante com o piso original.

Em meados do mês de março (justamente quando o blog completava um ano), no momento em que nossa casa estava em reforma, aproveitamos para realizar um velho sonho. Ficamos um dia no Hotel Farol, (sítio internete ainda em construção) localizado bem na pontinha da praia de mesmo nome, na ilha de Mosqueiro.
Era tempo de marés altas, e as ondas açoitavam com violência a amurada de seu famoso jardim.
Construído há mais de oitenta anos, os filhos da primeira e única proprietária (ainda viva e morando em casa ao lado) deram seguimento a um projeto de vida de um casal apaixonado. Seus jardins estão extraordinariamente bem cuidados e o imóvel - apesar do tempo que ceifou-lhe alguns detalhes preciosos - continua limpo e bem conservado. Ao prédio original, no local onde funcionava um bar que dava apoio ao hotel originalmente, foi construído um moderno anexo, com apartamentos avarandados, com ar condicionado e frigobar. Não há televisão nos quartos. Mas para que? Com tantas atrações visuais a serem observadas daquele ponto privilegiado, seria até uma bobagem ficar dentro do quarto vendo televisão. Mas para quem insiste, o hotel dispõe de uma modesta sala de estar com a tal televisão coletiva.
Tem um restaurante de comida caseira, modesta e cumpridora, onde não faltam o peixe, a fritada de camarão (recomendados) e pratos de carne bem simples. Com vista para uma "bay window" famosa dando para o maravilhoso jardim. Adjacente ao restaurante, um fantástico salão de estar com móveis antigos e piso de madeira corrida com motivos geométricos, conserva o brilho de outrora.
Pela localização, o hotel tem ventos fortes e quase constantes, sendo mesmo desnecessário o ar condicionado. A atmosfera é inegavelmente romântica e o apelo de bom programa de fim-de-semana à dois é muito forte.
O hotel tem apreciadores antigos que sempre lotam suas dependencias em todos os dias do ano, principalmente em julho, janeiro, dezembro e feriados. A reserva é recomendável.
Quem não concorda, que arrisque comentar.

Latitude: 1° 8'2.80"S
Longitude: 48°28'1.24"W

21 comentários:

Unknown disse...

Começei a frequentar este lugar ainda no colo de minha mãe, Flanar.
Conheci o velho Mártires e a mãe da Dona Adelaide, a proprietária ainda viva do hotel.
O post é irretocável e o lugar é dos mais lindos do Pará.
Costumo me hospedar no anexo,mais ventilado.
Belo programa.

Anônimo disse...

Que coisa linda! Fiquei emocionado só de ver as fotos. Mosqueiro deserto, como um cenário intocado, somente para os olhos levarem até o coração nossa imensa saudade da infância e adolescência, brincadeiras, primeiros amores, dias de sol, noites de lua..
Edyr

Yúdice Andrade disse...

Barretto, há tempos ando com vontade de passar um dia em Mosqueiro. Faz tempo que não vou lá, talvez por ser muito longe... Teu post me provocou saudade e reforçou o meu desejo. Nunca entrei no Hotel Farol e agora quero conhecê-lo, também.
As fotos estão maravilhosas. Parabéns.

Unknown disse...

Como o Edyr, também fiquei emocionada só de ver as fotos. Mosqueirense desde criancinha, só lamento não poder estar mais tempo lá. Ah, vontade de deitar na rede e apreciar essa paisagem! Parabéns, Flanar. E viva Mosqueiro.

Carlos Barretto  disse...

Juca, Edyr e Yúdice. Seus comentários sempre me honram muito.
Minha infância também foi no Mosqueiro, Edyr. Dela, as maiores e melhores lembranças são de lá. Onde na época íamos de balsa e enfrentávamos longas filas na travessia. Nas filas, para passar o tempo, andávamos entre os carros e encontrávamos as pessoas que iríamos conviver no período de estadia na ilha. Havia verdadeiros lanches dentro dos carros para garantir a alimentação da gurizada na espera da hora de embarcar na balsa. Quando a maré estava cheia, a fila andava mais rápido e quando estava vazia, demorava muito porque a balsa era obrigada a contornar um grande banco de areia que até hoje ainda é visível da ponte.
Me lembro ainda de ter ido uma vez no navio Presidente Vargas, que aportava no trapiche da Vila. De lá, alugávamos a única condução da ilha, dirigida pelo Ceci, que depois virou dono do posto de gasolina na Vila. Tinha uma barriga protusa, com a camisa sempre desabotoada (quando a usava), era bem vermelho e careca e no seu posto, vendia latas de querosene Jacaré, que usávamos para alimentar nossa geladeira movida a querosene. Sim. Na época não havia luz elétrica sendo as casas da ilha iluminadas por candeeiros ou os mais "modernos" Petromax (ainda tenho em casa um velho Petromax que meu pai usava. A ausencia de luz elétrica era antes de ser um contratempo, nos garantia noites estreladas como há tempos não vejo. Me perdia deitado naquelas dunas do Murubira (que hoje não mais existem) olhando para todo aquele mundão de estrelas e divagando sobre a possibilidade de vida além da terra. Tinha também os mosquiteiros e o "sentinela" que minha mãe comprava para afastar os karapanãs. E a água era fornecida pelos poços e em algum momneto tinham que ser bombeadas manualmente. Meu pai pagava um nativo musculoso que todos os dias pela manhã, bem cedinho, bombeava 1 hora inteira para encher a caixa d'água e podermos fazer a higiene matinal. Em seguida veio a bomba elétrica e o "caçamba" ficou desempregado e teve que diversificar seus serviços.
A estrada do murubira ainda era de terra batida, como ainda era a praia do Paraíso há bem pouco tempo atrás. O ônibus que trazia as pessoas de Belém, era o "Coronado".
Enfim, as lembranças são muitas e parecem vivas como se fosse ontem. Tempos fantásticos na história da ilha.
Vocês certamente devem se lembrar de muitas coisas que não pude citar.
Yúdice, não perca seu tempo. Marque logo para a semana que vem, este passeio que simplesmente DEVE ser feito.
Abs e obrigado pela visita dos 3.

Carlos Barretto  disse...

Um detalhe: para quem for reservar apartamento, recomendamos enfaticamente que reservem um dos 2 únicos apartamentos de frente pro mar, no terceiro andar do anexo. Ou então nos 2 únicos do segundo andar.
Vale a pena!

Carlos Barretto  disse...

Correção: óbvio que não é de frente "pro mar". O correto seria de frente para a Baía do Marajó. Mas afinal, quem lhe nega o codinome de "rio-mar"?

Anônimo disse...

Flanar, o post é realmente maravilhoso. Evoca lembranças da minha infância e adolescência também.
Não sou do tempo do "ferryboat"; minha época é mais próxima. Mas me lembro muito das excursões que fazia, com uma turma de bicicleta, por toda a ilha. Conhecia Mosqueiro como a palma da mão, e como era bom...
O lugar é um dos mais lindos do nosso Estado. Meu carinho é tão grande pela ilha que consegui incuti-lo na minha mulher, "salinense" convicta. Hoje, ela se convenceu que não existe nada igual a Mosqueiro para um passeio a dois.

Carlos Barretto  disse...

Sim, Francisco.
Concordo com vc plenamente. Como levo uma vida muito angustiante, fico impressionado com a capacidade que aquela singela ilha tem, de agir como um bálsamo da alma.
O "algoritmo" da salvação é o seguinte:
Uma cervejinha gelada de manhã, acompanhada do camarãozinho, o almoço com peixe por volta de 15 h e, em seguida aquela sesta até por volta de 17:30, quando vamos para a porta de casa, botar as cadeiras na porta e apreciar o vento constante de setembro, outubro e principalmente novembro, ainda com o corpo quente saído da cama.
Por volta de 18:30 h, após o sol se por (com sorte bem de frente pra vc), vamos a Vila comer tapioquinha e comprar aquelas traquitanas para agradar as crianças.
À noite, iniciamos um jantarzinho baseado em saladas bem leves. Após as 22 h, abrimos um champagne (um Salton Demi-sec vai bem) para inaugurar uma sequência de vinhos tintos, geralmente Sta Helena, e na melhor das hipóteses, um Bordeaux. Tudo acompanhado de algum tira-gosto leve. Vai-se nesta conversa até 2 da madrugada, quando então os vinhos começam a ser demais e as pessoas começam a "babar" nas cadeiras. :-)
Daí em diante, é curtir a melhor noite de sono de sua vida, até acordar por volta de 10 da manhã.
Daí em diante, iniciar o "processo" de retorno ao inferno, de preferência bem lentamente. Com aquela sensação de saudade apertando no peito. Sempre abro a janela do carro e digo:
- Até mais, Mosqueiro!
A renovação do espírito é total. E como faz falta quando não fazemos isso.
E cumprimos esta rotina desde que casamos há 15 anos atrás.
Não troco nada deste mundo por estes valiosos momentos.
Quem sabe um dia, ainda não convido algum de vcs para irem lá com a gente.
Abs

Carlos Barretto  disse...

Valeu, Lilia!
Me emociono em saber que não estou só nesta maré.
Bjs

Itajaí disse...

O Hotel é um dos nossos orgulhos sem dúvida. Quando aí morava, e tendo casa na Ilha, sempre ia vê-lo. Da lembrança trazia meus fantasmas e comprazia-me em dar a eles, naqueles salões, a vida que se esgotara. Não poucas vezes, de frente para o rio-grande, o mar de Flanar, cerpinha por companhia, emocionava-me. Lembrava especialmente de meu pai, que gostava de ali se hospedar quando eu era menino.
Alegro-me em ver que tudo está bem conservado, como provam as fotos publicadas. Reparo, porém, que o teto antes branco, agora está invernizado. Detalhe que não compromete, se não tivermos a exigência aborrecida dos historiadores da arquitetura.
Um luxo do passado é esse piso de acapú e pau amarelo, hoje, politicamente incorreto.
E as cores puras e contrastantes das paredes e janelas - brancas e verde bandeira? São o Pará dos subúrdios, dos sítios de minha infância!

Fotos do Paulo disse...

Que saudade do meu Pai Abelardo Gomes "Bebé" um dos maiores entusiastas dessa maravilha - Hotel Farol. Estas fotos me lembram os belos diasque juntos passavamos em cia dos Drs. Lourival Barbalho, Terezo, Caetano, Pedreira, dos irmãos Márcio e Hugo filhos da queridissima Dona Adelaide.
Que coisa bela!
Paulo Gomes

Carlos Barretto  disse...

Obrigado, Paulo. Bom o seu depoimento sobre este mágico lugar.
Obrigado pela visita.

Anônimo disse...

Certa fiquei hospedada nesse hotel. A vista era maravilhosa tanto quanto a fotografia. Belo!

Mari

Anônimo disse...

Também sou mosqueirense de carteirinha. Quase nasci lá, pois depois de um longo dia de viola e cerpinha, meu pai Evaristo Terezo, estava impossibilitado de trazer a minha mãe Mariza ao Hospital Belém. Mas seu antigo fuscão azul já sabia o caminho de có e não virei nativo em vias de fato. Ao ler o comentário do Paulo Gomes, lembrei de "Bebé", de meu padrinho Pedreira e da Anarcísa, esposa do Hugo Mártyres. Foram muitos dias de Mosqueiro. Meu sonho até então era morar em Mosqueiro, mas por circunstâncias da carreira profissional vim para na Ilha de Santa Catarina, também bela, mas não tão exôtica como nossa Mosqueiro. Sonho parcialmente realizado, agora penso em um dia poder dar a meus filhos um fim de semana no Hotel Farol, com direito a passeio de barco com o Cesar Martyres e seus cachorros. Peixe frito com banana e colher pedras em baixo do Farol na maré seca.

Carlos Barretto  disse...

Seu comentário é valioso, anônimo.
Em nome de todos os que comentaram este post, agradeço.
Abs e obrigado pela visita.

morenocris disse...

Já fiquei hospedada neste hotel tb. Eles servem o melhor ovo de gema molhe do mundo, no café da manhã.
O piso, como disse o Oliver, bem como as janelas, lembram as casas da Cidade Velha. Aliás, todo ele é a Cidade Velha. Cerveja gelada, peixe frito, vento, sombra, ou noite cheia de estrelas...silêncio... músicas agradáveis. Caminhar na praia. Maravilhoso demais.

Beijos.

morenocris disse...

"gema mole"...não gema molhada...

Beijos.

Carlos Barretto  disse...

Mas como é que se faz esta sua "gema molhada"?

morenocris disse...

Coloque bastante salame, de preferência dentro do ouvido!

:)

Carlos Barretto  disse...

??????