sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Restaure-se a ordem!

Sobre o post Ultrapassando todos os limites, Francisco Rocha Júnior, comentarista do Flanar manifesta-se com clareza a respeito dos abusos cometidos há décadas pelo comércio informal em Belém, ampliado pela absoluta inércia dos gestores. Pelo texto primoroso e pela análise meticulosa do problema, reproduzo na íntegra abaixo.

Barretto, normalmente sou um sujeito tolerante, nos limites do possível. Também já fui mais tolerante com os camelôs, pois acreditava que o que os empurrava para a informalidade era tão somente a necessidade de trabalhar, o desejo de não roubar, a pretensão de uma vida digna, que todos nós almejamos.Mas hoje, não mais. Enumero uma lista de fatos, ou simples perguntas não respondidas (mas cujas respostas todos sabemos) que me fizeram mudar radicalmente de idéia:

a) a atividade não gera impostos, concorrendo deslealmente com o mercado formal - essa, a mais antiga das críticas;
b) os ambulantes, em 99,9% dos casos, vendem produtos ilícitos: sem regulamentação dos órgãos de controle de segurança, pesos e medidas ou patentes de produtos (IMEP, INMETRO, INPI, etc.), sem controle da saúde pública, contrabandeados e piratas;
c) o escárnio e o desrespeito pelo Estado de Direito, pelas autoridades e pelo direito de ir e vir dos demais cidadãos;
d) a gravíssima violência perpetrada ao meio-ambiente urbano, sob todas as formas possíveis de poluição;
e) finalmente, a formação de verdadeiros grupos econômicos mafiosos, no sentido técnico do termo, concebidos e fomentados por gente que deixou, há muito tempo, de querer somente "ganhar seu dinheirinho de maneira honesta".

Não há nada que justifique (embora haja o que explique) a leniência deste e de todos os governos municipais para com os ambulantes. A coisa realmente passou a ser caso de polícia - para todos, administradores públicos e camelôs.

8 comentários:

Yúdice Andrade disse...

É, meus caros, certa vez presenciei a seguinte cena: cidadão parou junto a uma barraca na Padre Eutíquio, na esquina da loja Braz Braz, e perguntou ao vendedor quanto ele queria para vender aquele ponto. O rapaz respondeu que a banca não era sua; ele apenas tomava conta. O dono era outro, que tinha algumas barracas no comércio. Ou seja, o cara é um pequeno comerciante, talvez maior do que uns tantos lojistas instalados regulamente, mas não paga impostos e os subempregos que gera não repercutem nem nos mais básicos direitos trabalhistas.
Sem meias palavras: isso tem que acabar.

morenocris disse...

Parabéns, Francisco.

Beijos.

Anônimo disse...

Barretto, sinto-me honrado pela 'ribalta' (thank's, Juvêncio) concedida no teu prestigiado blog. Obrigado pelo elogio, também, ao meu comentário, fruto certo e filho somente da tua gentileza - o mesmo digo à Cris.
Yúdice, é isto mesmo: quando falei em máfia, é porque não só muitos dos ambulantes atuais são empregados de comerciantes informais, que constituem redes de barracas, com estrutura semelhante à de empresas (com gerentes, vendedores, fiscais, etc.), quanto outros são a extensão ilegal de comerciantes legalmente estabelecidos - como, aliás, destacou muito bem o Oliver, em comentário ao post anterior. Atuam na marginalidade, com conhecimento e anuência das autoridades públicas.
Suspeito, inclusive, que alguns servidores públicos que deveriam elidir esta prática constam da "folha de pagamento" de tais comerciantes. A penetração de seus tentáculos na Administração Pública é que caracteriza a face mafiosa da atividade.
Hoje, ademais, o aspecto verdadeiramente vil deste comércio informal é a qualidade e origem dos produtos vendidos. Não se vende mais artesanato, frutas da estação, "inocentes" produtos do Paraguai. Não há mais sacolagem. Há, isto sim, a distribuição de produtos chineses, de Taiwan e de outros países asiáticos (alguns deles exploradores de mão-de-obra infantil ou quase escrava), promovida por grandes contrabandistas, de logística sofisticada e cujo faturamento alcança bilhões de reais. BILHÕES de reais, eu disse; sem incidência de imposto, previdência social, direitos trabalhistas, royalties, nada. Crime organizado, em suma, praticado por gente perigosa.
É ou não é um caso de polícia?

Carlos Barretto  disse...

Francisco
A honra é toda minha. Sua enorme cultura e capacidade de elaborar e analisar a conjuntura são elogiáveis.
Tanto que gostaria sinceramente, de convidá-lo publicamente a ser colaborador do Flanar. Ganharíamos assim, nosso sexto articulista.
Como de praxe, comprometemo-nos a não cobrá-lo por regularidade dos posts, atitude que assumimos com nossos demais articulistas.
Pense com calma e depois me responda para que eu possa, em caso de aceite, ajudá-lo no processo de inscrição e demais suportes necessários a publicação de posts.
A propósito de seu comentário, o problema assim exposto, possivelmente não só é caso de polícia bem como da tropa de choque da PM.
Abs

Anônimo disse...

Puxa, Barretto, taí um convite de dar orgulho a qualquer um! Na real, ganhei minha sexta-feira!
Vindo de um blog como o Flanar, é praticamente irrecusável: é como começar a carreira de jogador de futebol no Barcelona, no Milan ou no Manchester United.
Prometo pensar no assunto. Com muito carinho mesmo.
E mais uma vez, obrigado pelas suas palavras gentis.

Carlos Barretto  disse...

Pense com calma e depois me informe de sua decisão. O primeiro ato, se vc aceitar, será trocarmos e-mail para que eu possa iniciar o suporte admissional ao blogger.
Abs e obrigado por considerar com carinho o convite, que muito nos honraria.

Unknown disse...

Este blog está se tornando um cartel...rs
Dos melhores, por certo.
Abs aos seis.

Carlos Barretto  disse...

Com muita boa vontade, na verdade ainda somos 2. And ainda não se animou. Kat fez seu paroxismo no início da semana mas, promete voltar em breve. Gui anda atarefado.
Mesmo assim, Oliver e eu vamos tocando a carruagem. Com muito prazer de tê-lo por aqui de vez em quando.
Abs