É incrível como a questão dos ambulantes em Belém, continua arrastando-se anos a fio, sem que uma medida sequer seja tomada em favor dos cidadãos e seu direito de ir e vir. Se continuarmos a ouvir os mesmos argumentos de 30 anos atrás, muito em breve, Belém será o maior camelódromo do mundo.
E a argumentação não muda, desde a época em que "havia emprego formal" (???). Vem sempre com um certo tom de ameaça ao cidadão, que frequentemente, deixa de ser apenas um tom para materializar-se grotescamente. Como foi o caso da barreira humana que os ambulantes fizeram para impedir quem quisesse adentrar um shopping da cidade.
E a SECOM ainda abranda sua ação legítima, quase que pedindo desculpas.
É o seguinte: não roubar, além de obrigação prevista em lei, é um dos 10 mandamentos de Deus na igreja católica. Algo bem antigo mesmo. O fato de não roubar, não justifica a permissividade da atividade econômica dita informal.
Em outras palavras, não pode roubar e nem instalar comércio informal em qualquer lugar que der na telha. Este é claramente meu voto e meu desejo.
Aos poucos, pela absoluta passividade dos titulares que se sucedem na gestão pública, uma questão a princípio de cunho social passa para a esfera policial. Simplesmente pelo fato de não haver nenhuma ação eficaz que garanta ao cidadão o direito de ver sua cidade e caminhar pela calçada pública. Com a omissão e passividade dos gestores, garante-se e amplia-se apenas o direito dos ambulantes.
Já fui mais tolerante a esta questão. Hoje, confesso-me inteiramente indignado com os abusos, arrogâncias e passividade de muitos. Além da sucessão de maus exemplos, vindos de cidadãos pouco interessados na moralidade pública. Será que atingimos a tal roda viva ou círculo vicioso, do qual não sairemos nunca mais?
3 comentários:
Barretto, normalmente sou um sujeito tolerante, nos limites do possível. Também já fui mais tolerante com os camelôs, pois acreditava que o que os empurrava para a informalidade era tão somente a necessidade de trabalhar, o desejo de não roubar, a pretensão de uma vida digna, que todos nós almejamos.
Mas hoje, não mais. Enumero uma lista de fatos, ou simples perguntas não respondidas (mas cujas respostas todos sabemos) que me fizeram mudar radicalmente de idéia:
a) a atividade não gera impostos, concorrendo deslealmente com o mercado formal - essa, a mais antiga das críticas;
b) os ambulantes, em 99,9% dos casos, vendem produtos ilícitos: sem regulamentação dos órgãos de controle de segurança, pesos e medidas ou patentes de produtos (IMEP, INMETRO, INPI, etc.), sem controle da saúde pública, contrabandeados e piratas;
c) o escárnio e o desrespeito pelo Estado de Direito, pelas autoridades e pelo direito de ir e vir dos demais cidadãos;
d) a gravíssima violência perpetrada ao meio-ambiente urbano, sob todas as formas possíveis de poluição;
e) finalmente, a formação de verdadeiros grupos econômicos mafiosos, no sentido técnico do termo, concebidos e fomentados por gente que deixou, há muito tempo, de querer somente "ganhar seu dinheirinho de maneira honesta".
Não há nada que justifique (embora haja o que explique) a leniência deste e de todos os governos municipais para com os ambulantes. A coisa realmente passou a ser caso de polícia - para todos, administradores públicos e camelôs.
Nobre Francisco.
Vc como sempre, dando show de bola.
Conseguiu com este texto, amparar minhas idéias e clarear meus pensamentos.
Obrigado pela sua colaboração.
Eu lembro de reportagem que lí tempos atrás n'O Liberal. A matéria apontava que parte desses camelôs são extensões oficiosas de lojas legalmente constituídas. Um caixa dois, portanto. A reportagem de inspiração investigativa não deu provocou nenhum resultado no ânimo das autoridades competentes.
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