Exatamente há quarenta anos (09/10), o tropicalista Gilberto Gil tomava um cafezinho num pé-sujo qualquer do Rio ou São Paulo, não lembro exatamente, quando a notícia do rádio arremesou-lhe no peito a tragédia inesperada: Ernesto El Che Guevara fora capturado e morto pelo exército boliviano. Surgia ali, naquele pé-sujo sabe-lá-onde, um dos clássicos da MPB e do ideário musical da esquerda brasileira, a célebre Soy loco por ti América.
Anos se passaram até que a América Latina fosse redemocratizada. Nessa procissão de dias e dores, o Che se tornou mito universal entre jovens contestadores políticos desde o terceiro mundo até as tribos descoladas do primeiro, tornando-se mercadoria cultural que nem o seu maior inspirador, Karl Marx, pode antes prever em sua teoria sobre a mercadoria e os mercados.
Entretanto, ironia maior - ah, a dolorosa comédia humana que nos amesquinha - viria muitos anos depois. Tal qual noticiado na revista Piauí, e confirmado hoje pelos cubanos, o assassino do Che vive miseravelmente na Bolívia como biscateiro suburbano, alimentando-se com uma pensão governamental miserável, em pânico inconfesso com a chegada ao poder do índio Evo Moralles.
Mas, ironia das ironias, quem matou o revolucionário esquálido, matrapilho e asmático, que, algemado, olho no olho, do alto da certeza de seu romantico destino manifesto, se pos de pé para receber a rajada curta de metralhadora que o executou, aquele assassino esteve praticamente cego nos últimos anos, um vô indigente sem dinheiro e o respeito dos seus capi, condição que lhe permitissem proteção contra as agruras da senilidade e honrassem a folha de serviços que prestara às ditaduras abaixo e acima do Equador.
Contudo, para confirmar a conclusão de Gitta Sereny, registrado no interessante e mal traduzido O Trauma Alemão, ao contrário dos canalhas, heróis e mártires não são produzidos pela forja das circunstâncias, antes impoem-se tenazes frente a história sem que revelem o mistério existencial que os levam a arriscar a própria vida por um ideal coletivo e histórico, não poucas vezes em condição anônima. Agora o assassino estatal do Che vê todas as cores que outrora negara a um prisioneiro de guerra, executado de modo frio porque o presidente de seu país decidira agradar ao governo norte-americano. Aliás, cores da vida que lhe foram recentemente devolvidas por intermpedio dos médicos cubanos, mandados à Bolívia por Fidel Castro para garantir saúde ao povo boliviano sempre e sempre mais miserável e deserdado de um futuro digno. Segundo a mulher do carrasco de Guevara, os cubanos fizeram um excelente serviço, quando o operaram de catarata.
Anos se passaram até que a América Latina fosse redemocratizada. Nessa procissão de dias e dores, o Che se tornou mito universal entre jovens contestadores políticos desde o terceiro mundo até as tribos descoladas do primeiro, tornando-se mercadoria cultural que nem o seu maior inspirador, Karl Marx, pode antes prever em sua teoria sobre a mercadoria e os mercados.
Entretanto, ironia maior - ah, a dolorosa comédia humana que nos amesquinha - viria muitos anos depois. Tal qual noticiado na revista Piauí, e confirmado hoje pelos cubanos, o assassino do Che vive miseravelmente na Bolívia como biscateiro suburbano, alimentando-se com uma pensão governamental miserável, em pânico inconfesso com a chegada ao poder do índio Evo Moralles.
Mas, ironia das ironias, quem matou o revolucionário esquálido, matrapilho e asmático, que, algemado, olho no olho, do alto da certeza de seu romantico destino manifesto, se pos de pé para receber a rajada curta de metralhadora que o executou, aquele assassino esteve praticamente cego nos últimos anos, um vô indigente sem dinheiro e o respeito dos seus capi, condição que lhe permitissem proteção contra as agruras da senilidade e honrassem a folha de serviços que prestara às ditaduras abaixo e acima do Equador.
Contudo, para confirmar a conclusão de Gitta Sereny, registrado no interessante e mal traduzido O Trauma Alemão, ao contrário dos canalhas, heróis e mártires não são produzidos pela forja das circunstâncias, antes impoem-se tenazes frente a história sem que revelem o mistério existencial que os levam a arriscar a própria vida por um ideal coletivo e histórico, não poucas vezes em condição anônima. Agora o assassino estatal do Che vê todas as cores que outrora negara a um prisioneiro de guerra, executado de modo frio porque o presidente de seu país decidira agradar ao governo norte-americano. Aliás, cores da vida que lhe foram recentemente devolvidas por intermpedio dos médicos cubanos, mandados à Bolívia por Fidel Castro para garantir saúde ao povo boliviano sempre e sempre mais miserável e deserdado de um futuro digno. Segundo a mulher do carrasco de Guevara, os cubanos fizeram um excelente serviço, quando o operaram de catarata.
5 comentários:
Meu caro Oliver,
O poster "Nós que nunca fomos tão felizes", me remete a algumas lembranças ao contrário, sobre os muitos carrascos da Humanidade que em sua maioria não pagaram pelos seus crimes.
Dos últimos cem ano, de longe em maldades, temos os carrascos nazistas, que após a guerra, tiveram todas as faciliadades para viver no bem-bom, como se nada tivessem feito, acobertados pela Cia, igreja católica e alguns Ditadores Latino Americanos, especialmente PERON na Argentina, Pinochet no Chile e Getúlio Vargas no Brasil. No Chile, em fato mais grave, foram usados seus conhecimentos e vasta experiência para engendrar as mais diversas formas de tortura aos presos políticos.
Nesta lista da impunidade mundial,a lista é extensa e cansativa, mas vale lembrar o quanto fomos infelizes: as matanças na antiga Iugoslavia(Bósnia), a morte de milhares de palestinos (campos de Shabra e Shatilha), Vietnan, Laos, Camboja (KMER VERMELHO), japoneses na Manchuria chinesa, a constante violação de direitos no Continente Africano e por aí vai...
E a pergunta que não quer calar! A tortura pelos Norte Americanos dos presos no Iraque em que são diferentes dos métodos Nazistas ?
...
Em verdade, sobre esse asunto, nós nunca fomos felizes.
ACM
Boa tarde, Oliver e ACM.
Precisamos de oftamologistas no mundo !E como !
De nada.
Oliver, estou colocando um L em oftalmologista, sim ?
Consertando erros, mesmo que tardio !
Beijinhos.
Bom domingo.
Boa tarde, Oliver.
"...ah, a dolorosa comédia humana que nos amesquinha - viria muitos anos depois. Tal qual noticiado na revista Piauí..."
Você já comprou a revista de outubro?
Gostei muito do texto sobre a Rosa Feérica. Interessante. E os problemas na família, já foram resolvidos? Você deve ter ficado triste com o incêndio no centro, não é mesmo? Olhe, o bondinho vai funcionar sexta-feira, vamos lá fazer o registro? Estive no Arquivo Público...vou fazer uma entrevista "poderosa" quinta-feira com um historiador e museólogo sobre uma questão pra lá de interessante(supresa). Passei em frente ao "Grêmio Literário Português" e adivinhe, lembrei-me de você!
Beijos.
Cris.
Dê uma olhada na caixinha de comentários do post "E por falar em saudades..." do Francisco.
Bjs
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